NOSSO
ENCONTRO EM PARIS
autor:
Nilton Bustamante
Abraça,
mas abraça devagar
A
roda é gigante, a vista é distante
E
eu preciso te olhar, fotografar o momento
Que
a melhor fotografia é a do pensamento
Guardado
no coração.
Outra
hora, certeza, poderemos – e devemos – ser selvagens e nos canibalizar,
Mas,
não agora, agora não...
Encosta
tua mão na minha,
Deixar
filete de ar entre nossas faces
Pra
sentir antes nossas almas se encostarem.
O
melhor carinho, o fundo do fundo
Do
olhar sem móveis, sem paredes. Apenas a entrega, confiar, confiar...
Sim,
a entrega, um beijo longo
Mexendo
nos cabelos, nas orelhas...
Astronautas
na lua, sem peso, sem gravidade,
Talvez
saudades da Terra, da semente
O
verde do pinheiro vencendo a pálida neve devagar, devagar, devagar...
Abraça,
coloca teus braços
Atrás
do meu pescoço, que eu estou
Em
tua cintura feito cinto, feito louco.
Vem
me trazer vertigem que teus lábios exigem,
Meu
disfarce é não ter medo de altura, nem do amor.
Já
rodamos o mundo, ruas, calçadas.
Fomos
longe, longe, sem sair do lugar.
O
que faz um beijo teu, um abraço, um olhar
O
que mais pode nos esperar assim?
Já
lemos nossas mãos tantas e tantas vezes.
Hoje
quero que se entregue feito quem confia a própria vida à morte.
Deitar
em meu peito, adormecer, e eu, com sorte, sonhar e em ti amanhecer...
Hoje
eu quero teu nu, mas, não quero teu corpo.
Outra
hora, certeza, poderemos – e devemos – ser selvagens e nos canibalizar,
Mas,
não agora, agora não...