segunda-feira, 19 de julho de 2010

PERGUNTARAM AO POETA

                                            estátua:      Amantes de La Peña (Andalucia)

PERGUNTARAM AO POETA
autor:  Nilton Bustamante

E veio a pergunta:
"O desamor produz mais poesia do que o amor, por quê?

O poeta, penso eu, ao vislumbrar o amor, essa viagem desconhecida com tantas possibilidades de transpor intensamente fronteiras da alma, mente, corpo e salivas, realmente se angustia ao sentir-se  'solo' ao querer voar. Se angustia tantas outras vezes em não ter com quem falar dessa aventura, possuir segredos e não ter com quem combinar o silêncio; é ter os lábios sedentos e não encontrar outros com amphora lucis para jorrar à alma... É saber que o ser amado está a uma linha das possibilidades e mesmo assim, o abismo separando... Por isso, o sofrimento, da vasta escrita, da enorme produção de tantas e tantas lamentações que atravessam os tempos.

E quando o poeta voa duplo, corpos e almas se confundem em sorrisos por dentro das flores, entre cachoeiras geladas em chamas que não se apagam, quando o poeta é arara voando com seu par em companhia, com a cumplicidade do simples, são tantas e tantas coisas a fazer, a conhecer e saborear dos universos dos corpos, dos olhares, cílios fazendo cócegas nas almas apaixonadas em tolas brincadeiras, da incompreensível maneira em achar graça em tudo e de todos, que simplesmente o tempo deixa de existir, e a ocupação com a felicidade é tanta e tanta, que o poeta não quer parar pra nada, nem escrever...


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