quinta-feira, 20 de março de 2014

ESSA TAL FELICIDADE





ESSA TAL FELICIDADE
autor: Nilton Bustamante

O sino toca no cinza do céu, quase um claro, tímida manhã fazendo abrir as janelas, deixando o frescor do novo ar abraçar o que está quente, abafado, fechado pela noite...

Um pássaro, sozinho, pula pela rua, ninguém vê. Um moço sentado na calçada toca seu violão, parece que já estava lá, é alguém que vem, alguém que é apenas chegada...

A torneira despreocupada pinga, pinga, pinga paciência gota a gota, como alguém em ponta de pé ao chegar sem querer se anunciar... O menino corre de graveto à mão, passando pelos portões, fazendo de sua infância o seu som, rir felicidade como se o mundo fosse somente isso, brincadeira pelos quintais, ruas, beiradas e tais...

O alto-falante da praça toca a música do moço que toca na calçada, é magia, não tem o porque explicar. A mulher coloca fogo para esquentar a água, e da água o milagre do café, esse perfume pelo ar, esse gosto das manhãs de todas as ruas, de todas as esquinas...  Os varais estão sem roupas algumas, finos fios apenas com o frio da madrugada. Haverá outro dia assim para ser feliz, desejar o que sempre se quis? Tomar da chuva os abraços das gotas caindo a mil, deslizando de imaginários tobogãs, um lugar que o sol virá depois, pois tudo é melhor quando se é par, tudo é melhor quando se pode ter alguém para falar, testemunhar, dividir, repartir essa emoção, essa alegria de viver, passar essa vontade na boca, no pescoço, se lambuzar e gritar “lá vem chegando o meu bem, lá bem chegando o meu amor!”.

Hoje vou pegar em suas mãos, abaixar os arames farpados para você passar, não se machucar. Este é meu posto, minha vocação, cuidar de você...

Hoje vou sorrir quando o sol brilhar, dançar, pular corda de raios de luz, virar álbum de fotografias que se movimentam e entram na dança, para a gente se emocionar toda vez que esse filme passar mais uma vez, outra vez, e outra vez mais...

A felicidade pode ser um lugar, pode ser o que se sente, pode ser ao ver alguém que se ama passar, chover e se molhar, poder ser aquele cheirinho de café com gosto do tempo bom preparado só para si, só para dois, andar de mãos dadas com alguém, dançar com quem está a milhões de distância, e mesmo assim sorrir por viver um dia assim... por desejar o que sempre se quis: enfeitar o coração com o amor dos casais e ser feliz cada vez mais e mais a cada manhã.

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Não se vá - Thiago Pethit
http://www.youtube.com/watch?v=8869fvX0HpA


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