DIA DOS PAIS
autor: Nilton Bustamante
Olá!
Ontem a professora me pediu que falasse no hoje aqui pra
vocês sobre o Dia dos Pais, que é também o dia do meu papai, é o dia do papai
de cada um, do papai de todos. Minha mamãe um dia disse pra mim que todo mundo
tem um pai e que ele pode até ter viajado, se ausentado, se assustado, sido trocado,
mas sempre há um pai. Pai-homem, pai-mãe, pai-amigo, pai-carrancudo,
pai-mimado, pai-fujão, pai-encarcerado, pai-imaginado... Não importa, toda
figura de pai é sempre amada, é sempre esperada.
Como vocês deve saber, eu sou ainda uma menininha. Cada
pessoa adulta pode ver as coisas de maneira diferente, quem sabe? Já ouvi
alguém dizer que a vantagem de ser
criança é ter a infância por companhia. A imaginação fica à solta. E eu tenho tantaaa
imaginação, tenho sim.
Ontem mesmo comecei a pensar o que falaria sobre o dia do
papai. Adormeci com essa preocupação. E não é que logo comecei a sonhar, mas
tudo era tão nítido, tão clarinho, que fico em dúvida se foi sonho mesmo. Ah, neste
sonho, um anjinho veio falar comigo. Gozado, esse anjinho não tinha asas. Era
uma criança igual a mim. Só que ele voava sem capa de super-homem ou super-qualquer-coisa.
– Oi, amiguinha –
disse o anjinho –, eu estava vendo daqui de cima sua preocupação em querer
saber mais sobre o dia do papai. Bem, para começar, você sabe, sua mamãe já lhe
disse, todo mundo tem um pai.
– Todo mundo? –
perguntei, pra ter certeza.
– Sim, todo mundo –
confirmou, ele. O pai de todos os papais é o papai de tooodo mundo: é DEUS. Por
isso ninguém deve se sentir órfão, ou sozinho, ou abandonado...
– E onde fica Deus? –
quis logo saber, sabe como é, né?
– A morada de Deus é
todo o universo, é céu inteiro e muito mais; a morada de Deus é em todas as
coisas e seres que Ele criou.
– Puxa! Como ele é
graaande! – respondi rapidinho.
– É verdade. Mas Deus
é grande não de tamanho, mas de bondade, amor, princípio. Sim, Princípio, a
origem de todas as coisas boas e que vieram existir para ser bem legal pra todo
mundo, rege a tudo e a todos de maneira boa, evolutiva... Mas isto é para outra
conversa nossa. (logo pensei: Ainda bem, eu já estava ficando confusa com essas
coisas! Desculpa, viu anjinho!).
E o anjinho continuou falando, com alegria:
– Você sabe que Deus
construiu muitas escolas?
– Como assim? – quero saber tudinho.
– Cada planeta é uma escola. Mesmo os planetas que os olhos
dos homens não alcançam. Mas são escolas, ah, são, sim – o anjinho falou
olhando pro céu.
– Chiiii!!!! Esse
papai do céu não podia criar quintais pra gente brincar em vez de escola? As
escolas são até legais, mas os quintais... São muitoooo maissss!
(O anjinho riu muito do que eu disse sobre os quintais).
– Mas afinal, vamos
falar ou não, sobre o dia do papai? – eu e o anjinho perguntamos um ao outro,
ao mesmo tempo.
– Você não vai à
escola aprender as lições? Conhecer novos amiguinhos? Fazer sua turminha. Socializar-se?
(Xiii!!! Esse anjinho fala cada palavra difícil). E ele continuou: – Tem até lanchinho, não é mesmo? Então, é por
isso que Deus, o papai do céu, fez os planetinhas. Para todos nós seus filhos,
irmos aprender novas lições, conhecer novos amigos, ou reencontrar os amigos
dos outros anos, para aprendermos a conviver uns com os outros e com todo
mundo...
– Ah! Mas sempre tem
“um” que é chato ou que é chata, e eu me chateio mesmo – falei emburrada.
O anjinho sorriu e falou com jeitinho: – Pense bem, da mesma forma que você acha isso de alguém, outra pessoa também poderá ter o mesmo juízo, ou seja, pensar o mesmo de você. Poderá achá-la uma chata.
(Pensei bem. E não é que ele tem razão?).
E o meu novo amigo continuou: – Por isso o papai do céu fez as escolas da vida. Para aprendermos coisas que são do espírito, da consciência, de tudo que pensamos e sentimentos... Veja bem, seu papai e mamãe aqui neste planetinha chamado Terra, não trabalham em teatro?
– Sim, respondi.
– Eles atuam em peças
de teatro. Cada um conta uma historinha. Conforme o que está escrito nos papéis
que eles têm que decorar (eles chamam de roteiro), eles podem ser marido e
mulher; podem ser mãe e filho; podem ser irmãos; podem ser primos; podem ser
patrão e empregada; podem ser vizinhos; podem ser desconhecidos um de outro;
pode um ser branco, outro negro, ou japonês, chinês, francês, português... Podem
ser um rico, outro pobre... Tantas coisas, não é mesmo? Tudo conforme o texto
do teatro. É uma ciranda em que se vai trocando de papéis de tempos em tempos,
peça após peça – falou pausadamente o anjinho.
– Sim, sim, tudo é
teatro. De faz-de-conta. É só pra realizar uma história que o autor criou –
disse eu, com certeza –, pois desde “mais” criancinha eu já ia ver meus pais lá
no teatro. Eu até ajudei uma vez: Na saída das pessoas ao final do espetáculo,
os atores passam o “chapéu” para conseguir dinheirinho para pagar as contas daquela
peça de teatro. Adivinha quem segurou um dos chapéus? Eu, né?!
– Isto mesmo. Você já
está entendendo – o anjinho falou em voz alta, contente. – Então pense que todos
os que habitam neste planetinha chamado Terra, estão, de uma forma ou outra,
desempenhando o seu papel, conforme o roteiro, conforme as histórias. Como os
artistas do teatro, mesmo os mais bem ensaiados, também podem errar, ou fazer
tudo diferente. Tem que prestar muita atenção.
– Ah! Mas é Deus quem escreve esses roteiros, as
historinhas? – quis saber do anjinho.
– Não. Deus prepara
os cenários, mas os roteiros, as historinhas, são escritos pelos próprios
atores, ou seja, cada um escreve o “seu papel” a desempenhar; e as histórias
coletivas, em conjunto, cada um dá uma ou outra opinião. Por exemplo, se uma
pessoa perseguiu e fez mal aos pobres numa vida anterior, aqui na Terra,
provavelmente ele virá pobre, em novo papel, numa próxima vida, para saber como
é ruim ser perseguido e maltratado; se uma pessoa numa vida anterior, no
roteiro da peça da vida passada, ele era rico fazendeiro e enterrou ou tocou
fogo na plantação só para ganhar mais dinheiro, em próxima vida, em novo papel,
provavelmente vai querer comer alimentos iguais e não conseguirá. Tudo isso
para aprender que quando se faz o mal, na troca de papéis irá lidar com o mesmo
mal que praticou um dia contra as pessoas. E pode ser diferente também, por
exemplo: Quem colocou fogo nas florestas, bosques, fez queimar bichinhos,
árvores e flores, poderá em nova existência, em novo papel, querer ser
bombeiro, com aquela farda bonita para combater o fogo e ajudar as pessoas. O
aprendizado será diferente, mas necessário para se aprender uma lição bem
bonita.
– Puxaaa! Eu fiquei surpresa, com essa explicação.
– É claro, vamos à
escola para fazer o bem, estar com as pessoas que amamos. Por isso pode-se vir
papai e mamãe para receber uma filhinha boazinha e bonita igual a você.
(Psiuuu! Não fui eu quem disse isso de mim. Foi o
anjinhooo...)
– Ah, você quer ver
como nasce alguém, como nascem os bebês? – convidou-me o anjinho.
– Legal, quero sim! –
respondi.
O anjinho já foi mostrando e falando ao mesmo tempo:
– Tá vendo aquele
casal. Estão bem apaixonados, né? Viu como eles estão juntinhos? – apontou com o dedo em direção deles. – Então,
algumas horas atrás eles se deram abraços, beijos, fizeram carinhos um no
outro. Eles namoraram... Assim, humm... Como homem e mulher... Hummm... Como
posso dizer?
– Assim como fazem os artistas nas novelas, né? – falei
rapidinho.
O anjinho ficou com uma cara de alívio e disse: – Simmm! Isso mesmo! Você é bem espertinha,
hein?!
(foi o anjinho quem falou...).
– Vamos entrar no
corpo da mulher e ver o que está acontecendo? Venhaaa! – saiu voando o anjinho.
– Mas, anjinho, como
poderei entrar em uma pessoa? Você ficou maluco? – esse anjinho tem cada uma...
– Você esqueceu que
estamos em sonho? Vamos logo! Tá vendo aqueles milhões de bichinhos
microscópicos, bem pequenininhos e engraçadinhos? São chamados espermatozóides.
É o homem, quando namora a mulher, quem os produz. Correm, correm, melhor
dizendo, nadam, nadam, tão rápido em direção ao óvulo. Não tá vendo o óvulo? É
aquele negocinho redondinho aí dentro da barriga da mulher. Muitos acham que os
espermatozóides são concorrentes entre si. Chega ao final o mais forte. É nada!
Todos os espermatozóides fazem a corrida de revezamento, ou seja, cada um corre
bastante até não mais aguentar facilitando ando ânimo para os outros irem
avante. É uma corrida de equipe. Mas somente um chega e entra no óvulo. Neste
óvulo fecundado podemos dizer que eclodirá, germinará a vida. Uma nova pessoa
nascerá. Formará, assim, o corpinho do nenê. Lembra quando nasce o pintinho
dentro do ovo? Então...
– Foi assim que eu
fui feita? Pelo papai e a mamãe? – perguntei ao anjinho.
– É claro. Foi assim
mesmo. Com todo mundo é assim neste planetinha Terra.
O anjinho sorriu e perguntou-me:
– Então, tá gostando
de saber sobre o dia do papai?
– Puxa! Quanta
coisa!... Quer dizer que eu, papai e a mamãe quando estávamos no céu,
combinamos que viríamos neste planetinha Terra para aprender muitas coisas
juntos, numa mesma família?
– Bingo! Isto mesmo!
– festejou, o anjinho voando em círculos sobre minha cabeça.
E o anjinho todo alegrinho, continuou:
– Por isso o papai do
céu, que é chamado Deus, por uns, Jeová, por outros (são tantos nomes), permite
aos homens serem pais. Aprenderão e ensinarão sobre amar, educar, orientar e
encaminhar suas crianças para um futuro sempre melhor. Aprenderão sobre o amor.
Ah, e os filhos também acabam ensinando muitas coisas aos pais. Sem ao menos
perceberem os filhos faz brotar dentro dos corações dos pais bons sentimentos,
responsabilidades e forças que eles nem pensavam um dia possuírem.
E o anjinho sem asas, ficou bem pertinho do meu ouvido e
disse:
– Assim como faz Deus
com todos nós, dá muito amor, todas as possibilidades de crescimento com
aprendizados de todos os tipos. Deus criou todos os caminhos para cada tipo de
passo, para cada tipo de caminhada, para cada um de seus filhinhos, que somos todos
nós e muuuito mais...
– Puxa, gostei tanto
desse dia dos pais... – falei ao anjinho, quando de repente ouvimos uma voz bem
fortona, parecia um trovão vindo lá do céu:
– EU TAMBÉM!
EU TAMBÉM!...
...
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