GOSTO ESTRANHO
Autor: Nilton Bustamante
Ah, hoje eu não quero mais, não não quero
Não quero nem mais um pedaço, nem mais um tragoDas poeiras cruzando as estradas
Das cegueiras vagando as noites
Ah, hoje eu não quero mais, não não quero
Essa dor, essa vertigem, essa tristeza escorrendo dos horizontesNão quero ser essa pessoa, essa gente lambendo a fome
De tudo que se ficou esquecido nas gavetas dos armários
Agora eu me tranco, bato os pregos, me fecho
Sem chaves, sem fechaduras
Hoje meu coração está sem ternura, não tem espaço
Está apertado no canto do canto outro canto qualquer
Hoje eu me torço, minhas asas quebrei todas, larguei ao longe
Estou índio sem descoberta, sem mato, sem abrigo, sem coberta
Estou só no mar de mata sem ver o sol
Hoje estou assim, sem lençóis, sem cama, sem céu, sem beijo
É preço alto
Soltar os rios e não poder beijar o mar,
Eu quero é mais, eu quero é mais
Está tudo caos o que deveria ser mais um cais,
O que deveria ser chegada, partida, encontro, Eu queria apenas ser um outro, outro sonho,
Uma outra explicação...
Mas, não posso mais, não posso, não posso,
Hoje tenho que chorar esse gosto estranho“Sabor de vidro e corte”...
...
Milton Nascimento
http://www.youtube.com/watch?v=p5k2Kl510b8
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