segunda-feira, 22 de setembro de 2014

AUTOENVENENAMENTO




AUTOENVENENAMENTO
Por Nilton Bustamante (em desdobramento da alma)

Uma mulher desce de um automóvel com ajuda de algumas pessoas. Reclamava o tempo todo. Nota-se, além de sua situação de cadeirante, que ela está em estado de debilitada saúde.

Chego mais perto e a vibração dessa mulher não é boa. Pesa o ambiente em volta. Mesmo sem saber quem ela é, na primeira leitura, fica gritante as suas emanações de rancor, revolta...

Quando essa angustiada senhora está quase dentro de casa, uma grande porta de vidro se fechando, eu impeço o fechamento para falar-lhe... Um chamamento me motivava para dizer-lhe algo para dar-lhe algum alento.

Mentalmente, lhe indago o que ela está sentindo, e em resposta, também mentalmente, se colocando em uma situação de vítima, vem uma saraivada de desculpas e acusações contra a vida, contra as pessoas: que todos são culpados por isso ou por aquilo e por ela encontrar-se dessa forma, sofrendo.

Aguardo ela desabafar tudo que está represado.

Quando a alma dela tomava “fôlego”, inspirado, mentalmente lhe dirigi mais ou menos isso:

Minha boa irmã, há muitas pessoas neste planeta, que, se formos nos ocupar com sincera análise, sem juízo de valor, verificaremos que são verdadeiras usinas de forças negativas ao produzir e lançar ao mundo sentimentos de ódio, rancor, revolta, inveja, ciúmes, ganância desenfreada, remoendo-se em desejos de vingança, de mal querer, martelando o julgamento e as culpas do mundo e das pessoas, e além de desferirem gratuitamente palavras que causam dor, somam angústias que não passam, somente se realimentam desses venenos num ciclo devastador, sem fim... E por falar em angústia − enfatizei em outro tom −, uma parente minha, sofreu com o câncer de mama, tendo, inclusive, que extirpar um dos seios. Sofrimento e mais sofrimento.

− Olhando no fundo dos olhos dela, continuei −

Hoje em dia, a própria medicina, a metafísica e outros segmentos de estudos nos indicam que esses tipos de cânceres são por causa do autoenvenenamento por meio das tristezas e melancolias que o ser humano se impõe muitas vezes sem o perceber. Imaginemos, então, o que acontece no íntimo da alma e do corpo físico para quem vive nesses e em outros distúrbios mentais e da própria moral desequilibrada...

− essa senhora estava quieta, atenta, pela primeira vez ao que se dizia para ela –

Finalizei:

Minha boa irmã, depois do que lhe dissemos, diga-nos do que anda se alimentando o seu íntimo, que lhe diremos qual será o seu remédio!

− ela olhou-me assustada –

E eu despertei em meu corpo carnal...

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