sábado, 22 de janeiro de 2011

É TEMPO DE SE APAIXONAR


É TEMPO DE SE APAIXONAR
Nilton Bustamante

Onde se quer chegar?

Olha-se compenetrado janela afora, bate-se contra a vidraça transparente.

Da mesma forma olho para o céu chuvoso convidativo para um passeio de amor; trombo contra a realidade transparente, mas que está rígida impondo limites.

Uma volta, um vôo, uma pequena fuga repleta de excitação. É uma ida sem tempo, sem memória, um encontro com a paixão.

Um alô ao “Pequeno Príncipe” que está em seu planetinha. Preciso aprender algo mais sobre “jibóias e elefantes”; algo mais beleza dos sentimentos – não se precisa aprender o francês, o bom príncipe é universal.

Dê-me logo seu pescoço para chupar-lhe os desejos. Não tenha medo. Não sou vampiro, não tenho capa, nem caninos acentuados - sou apenas um homem. Quero sua jugular, do veneno do seu receio, de suas dúvidas, das suas contradições ao dizer não e sim ao mesmo tempo.

Ao fechar os olhos vejo nós dois voando pela noite romântica, entre sorrisos cúmplices, e ao amanhecer fazendo o desjejum num hotel dos Jardins.

Onde chegar?

Qual a dosagem, qual a coragem?

Somos totalmente livres, ou nossa liberdade é vigiada?

Precisamos de céu aberto na noite escura para encher os peitos e suspirar; refletir em nossos olhares o brilho da sedução.

A atração é um clássico – atravessa as épocas sem sair de moda.

Bem que você poderia colocar uma rosa entre os dentes e dançar para mim. Tomar uma chuva de poesias...pés descalços, areia quente, pensamentos indecentes.

Não comece tocha acesa tocando fogo em tudo. Não tenha pressa, se puder queime aos poucos, pois temos ainda outros vôos ao pequenino planeta de um menino de cabelos de anjo, que compreende os amantes.

Em qualquer lugar, em qualquer época podemos nos encontrar e viajar. Uma paixão que pode ser rompedora, como um navio abrindo ao meio o iceberg – ao contrário do filme.

Estamos apenas nos conhecendo: eu a mim e você a si mesma.

Podemos nos perguntar: até que ponto podemos nos atrever? Há a vidraça transparente da realidade – não pode ser quebrada, cuidado!

Será um caminho para mostrar o que nos falta? Ou certificar-se de vez que tudo está certo em nossas vidas e que somos até felizes?

Eu sei, não somos mais crianças; só os jovens arriscam-se em sonhar. Só os loucos engolem-se nos estacionamentos de carros e pessoas circulantes; somente os repletos de eternidade oferecem a jugular na praia escura deitados e nus, querendo conversar com um pequeno príncipe estelar que desde 31 de julho de 1944 ganhou para sempre a companhia de Antoine de Saint-Éxupéry após levantar vôo de reconhecimento no Mediterrâneo para não mais aterrissar em terras de guerras –quando não estão no minúsculo planeta, estão no deserto conversando.

A paixão é para aqueles que se esqueceram de envelhecer.

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