quinta-feira, 2 de outubro de 2014

CAVERNA ESCURA



CAVERNA ESCURA
por Nilton Bustamante

Seguimos pelos dias às vezes sem perguntar nada ao nosso coração, pois temos receio de ficar sem resposta, medo do silêncio que poderá vir depois das questões.

Seguimos sem saber do nosso tamanho, do nosso significado, e imaginamo-nos formigas dando trombadas umas às outras nas calçadas diante dos imensos arranha-céus.

Muitos foram os “não” pelo longo do caminho, muitas foram as falas que nos desencorajaram aos nossos melhores planos de jornada, muitos “isso não é possível” entraram em nossos ouvidos, como se fossem soldados marchando, disciplinados, em dias patrióticos.

Nos acostumamos tanto com a ideia do “não sermos capazes” ou “isso vai ser sempre assim” que nossos pés se prenderam no chão, chumbados pelo materialismo do não, que as possibilidades da alma, do espírito, da energia vital, pesaram e ficaram esquecidas nas gavetas do nosso íntimo prendendo nossos sonhos de vida melhor.

Mas, é dado ao homem a SEMELHANÇA DO CRIADOR, e o universo e muito mais está em cada um de nós. Sem ufanismos, ou vaidade que nos pesaria e nos penderia à fatalidade da queda, no entanto, com serenidade da consciência da existência dos instrumentos das possibilidades que possuímos podemos realizar obras extraordinárias aos olhos dos homens, e que são apenas a condução da divindade aos olhos pousados nas esferas maiores, superiores, mais elevadas... nada que abale a simplicidade dos mecanismos da divina engenharia que conduz a vida.

Um exemplo disso, expressão em forma de acontecimento, na prática, para entendermos melhor, é quando somos chamados por uma força, uma vontade de orar em nosso favor e em favor do mundo, e logo vem aqueles ecos do “não” que tentam nos habitar e nos paralisar com a pergunta:
“o que uma simples oração em favor do mundo poderá resultar, o que modificará de melhor em tudo que já está acontecendo nesse mundo desajustado? “

− outra vez, a ideia da formiga diante dos arranha-céus −.

E, para nossa felicidade, alguém nos assopra que um dia Jesus Cristo disse: “Vós são deuses” – e ainda − “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas...”

E a mesma voz, em socorro, complementa:
Havia uma caverna, com um negrume, escuridão absoluta em seu interior, há mais de 200 mil anos, o imutável permanecia imperando. Depois desse tempo todo, um homem, um desses que havia passado da época em que acreditava que era uma formiguinha, decidiu adentrar nessa caverna e orou em favor dela. Aquela prece, aquela vibração, faísca saindo do íntimo do seu coração, foi um acontecimento, imenso e triunfal acontecimento. A caverna não se iluminou por completo, longe disso, mas já não era mais a mesma. Antes era uma caverna com a escuridão absoluta de 200 mil anos, depois desse marco, desse ato do coração ampliado ao discernimento do bem tornou-se, feito mágica, uma caverna com a escuridão em companhia de uma fagulha de luz. E isso tornava-lhe completamente diferente. Outra coisa. Tornou-se assim nesse momento histórico, o antes e o depois. Passou a haver uma vibração de luz e bem-querer se manifestando no íntimo daquela estrutura milenar, ainda que faísca, fagulha que fosse.

E assim acontece quando imaginamos a humanidade como uma grande caverna escura, em uma gigante treva, e mesmo sem sabermos do tamanho dessa escuridão, mesmo sem conseguirmos medir o tamanho dessa noite escura, ao orarmos com confiança, com um sentimento bom, com o sentimento de algo melhor, transformador, ao nos dirigirmos à humanidade nossa prece sincera, algo acontece de extraordinária beleza: a humanidade, apesar da situação em que se encontra, não será mais a mesma, terá agora a companhia de uma expressão de luz, de amor.

Quando a escuridão se apresenta, por falta de uma melhor visão, achamos que ela é imensa; mas, pode ser muito menos, muito menor com a companhia de um ato de paz e de amor!


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Rick Wakeman - Journey to the Centre of the Earth
https://www.youtube.com/watch?v=T9lKYyytc_I

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