segunda-feira, 26 de abril de 2010

MEU AMOR POR VOCÊ

MEU AMOR POR VOCÊ
Nilton Bustamante

Coração dos tempos, longa estrada sem-fim. Dirijo, meu automóvel é somente um retrovisor. Vejo nós dois no banco de trás, se encontrando nas fotos; vejo você deitar-se nua no sofá vermelho, o torcicolo. Encontrar-se sem paredes, cada dia possuir três luas, três noites. Cada beijo, melodia, segredo desvirginado, a confiança dos olhos fechados. Abraços regados por suores, lágrimas e o muito da emoção.

Amor dos tempos, ouvindo nossas vozes em sussurros suplicando e jurando o amor, cantando a mesma canção. Ouvindo nossos sons, o soar do último gozo, último instante, o desejo; último suspiro até chegar o início das manhãs você e eu nos comendo e o telefone sádico a nós dois pelas contas, sem distinção, sem piedade, sem entender o amor, sem entender tanta paixão. Como pode impregnar esse amor pelas paredes das peles, perfumes vindo suaves pelos ares, tapetes pra nos enrolarem e pelas pontas dos dedos nos roçarem? Como pode tanto carinho, tantos desejos bipolares, entregar-se ao sim em mil e uma forma em tantos e tantos altares?

Casarão dos tempos, teu sorriso de menina me assanha, busco o que pode ser façanhas contidas nas manhas da mulher, volto sempre, pelo presente e pelo sempre ‘hoje’ do retrovisor. Passo em frente, pela calçada. Disfarço que sou um qualquer, que sou mais um pedestre. Estico coração e todos os sentidos pelo olhar, busco tua janela do Sião. Mergulho em águas profundas, a tona vai subindo aos céus, vou ao fundo. Não sei nadar. Quem sabe a tua mão venha dizer mais um adeus, ou venham os teus dedos aos meus entrelaçar?

Quem sabe, quem sabe, o que nos espera? A nossa história não terminou, não terminou...

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