quarta-feira, 24 de agosto de 2016

CONVITE PARA VER – E OUVIR – ESTRELAS


CONVITE PARA VER – E OUVIR – ESTRELAS
Autor: Nilton Bustamante

Quanto tempo faz que não se olha para as estrelas?

Não, não é somente erguer os olhos e saber se elas estão lá ao alto. Não é apenas olhar despercebido, de relance, fortuitamente; é algo mais muito mais que isso. É decidir-se convocar a própria alma para o sublime encontro, superior, mergulhando pro alto, como se fosse o atendimento ao chamado do universo sem dimensão.

As luzes das cidades estão em todas as nossas esquinas nos tirando o melhor propósito da atenção. Muitas iscas, muitas armadilhas, muita distração. Ou quem sabe, apenas as marcas de um tempo que insistimos ocupar nas periferias das essências esquecidas?

Mas, oh, felicidade, ouvir no profundo de si o emblemático silêncio feito hino de instrumentos desconhecidos, a generosa companhia que empresta-nos asas e despertares para erguermos os pés do chão!

Ficarmos mais leves que a racionalidade do impossível!

Mas, oh, felicidade, tocar as estrelas com a prudência do respeito, veneração, seguir os brilhos nas noites repletas de ensinamentos e vidas!

Ficarmos mais leves e não mais a possibilidade do chão!

Abarcar outros meios, transcender, tomar-se de coragem e ânimo, sopro de vida, hálito divino, para chorarmos de emoção com os cantos dos pássaros noturnos, dos esquecidos grilos, cânticos em orações das rãs e dos sapos.

Eis o convite para ver – e ouvir – estrelas, não para sermos poetas; é algo mais muito mais que isso. É decidir-se convocar a própria alma para o sublime encontro, superior, mergulhando pro alto, como se fosse o atendimento ao chamado do universo sem dimensão. Sermos, enfim, poesias!

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

EM REVISTA!


EM REVISTA!
autor: Nilton Bustamante

Meus sentimentos em  posição de sentido,
passo em revista.
Repasso para marcar presença,
qual é a ausência?

Sinto falta do orgasmo  — não um qualquer — o libertário.

Qual é a culpa da liberdade?
Qual é a liberdade sem culpa?
Quando se está preso sempre sonha com a fuga.

—  A vida não é só gozo, é também desgosto, insistem uns.
— A conformidade teatral é a boa política, insistem outros.

Mas grito que não quero, que não aguento a solidão!
A solidão de um beijo distraído, gemido morto!

Abram-se as janelas, as portas!
Destelhem-se o que nos protegem!
Vamos gritar de cio, nus e sem máscaras!

Dê-me seus seios agridoces, estou com fome!
Para que poupar tanta energia?
Quero tratá-la com indecência agora e um pouco mais além.
Jogá-la às feras que são minhas crias, no circo a impiedade —  sem normas, sem horas.

Não me venha agora mostrar-me o roteiro dos seus deveres.

Para que esconder?
Tire o lenço do pescoço, afinal você não é francesa.
Vão rir de suas marcas pelas ruas e chorar em suas casas, os coitados.
Então sorria largo e desfile...

De uma forma ou outra sempre estamos em revista, então?
E se você gostar.
E se eu não aguentar?

 — Peitos para fora, cabeça erguida, em posição! Vamos nós outra vez...



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Mon Ame Bohémienne
https://www.youtube.com/watch?v=a2-zwe6bFbk