segunda-feira, 24 de março de 2014

SEGREDOS


SEGREDOS
Autor: Nilton Bustamante

Certa vez a vida fez que fez
que acreditei
nas quentes brisas que logo depois das esquinas
me levariam pro voo;
não era nem das alturas
nem perto do chão,
era algo do sentir, algo que acontece em outros céus
desses em que o coração se entrega, sem lutar,
redenção...

Fizeram meus olhos ver além, muito além de mim
algo que sempre quis:
o sorriso vindo livre, verdade rasgada
dessas que da alma a magia
hipnotiza quem chega distraído pela frente,
encanto de quem tem a maçã, a serpente
e antigas cantigas,
palavras em versos que se renovam
a cada estação...

Dessas dos casais
que dançam pela sala
sem pressa, podendo esperar
que o mundo gire cada vez mais devagar
e que nada mais apareça na teve além dos sussurrados
beijos da escuridão feitos canção de amor...

Enquanto a lua nova dança a mesma valsa
abraçando mares e navios que se arriscam,
que desejam antes ventos bravios que presos
no cais
sem caminho algum...

Antes os desejos sejam estradas que arranham o peito
e o sonho do sonhador
mesmo correndo os riscos
em ser transformado em fotografias, folhas perdidas
em secas páginas de um livro qualquer
sem mais lágrima alguma para chorar...

Antes ser dia e noite, sol e chuva
ir para a mesma festa
se encontrar,
assistir o mesmo filme
algo vivo com a crescente vontade de viver.
ser a própria roda da fortuna em vez de esperar
que a sorte um dia venha se apresentar...

Antes amanhecer sem dormir,
enquanto a cidade apaga suas luzes,
seguir com os ventos os segredos de quem quer viver o amor
e nada mais...







 

_____________
Yann Tiersen
http://www.youtube.com/watch?v=nVp0NVtbYdM



.



.

quinta-feira, 20 de março de 2014

ESSA TAL FELICIDADE





ESSA TAL FELICIDADE
autor: Nilton Bustamante

O sino toca no cinza do céu, quase um claro, tímida manhã fazendo abrir as janelas, deixando o frescor do novo ar abraçar o que está quente, abafado, fechado pela noite...

Um pássaro, sozinho, pula pela rua, ninguém vê. Um moço sentado na calçada toca seu violão, parece que já estava lá, é alguém que vem, alguém que é apenas chegada...

A torneira despreocupada pinga, pinga, pinga paciência gota a gota, como alguém em ponta de pé ao chegar sem querer se anunciar... O menino corre de graveto à mão, passando pelos portões, fazendo de sua infância o seu som, rir felicidade como se o mundo fosse somente isso, brincadeira pelos quintais, ruas, beiradas e tais...

O alto-falante da praça toca a música do moço que toca na calçada, é magia, não tem o porque explicar. A mulher coloca fogo para esquentar a água, e da água o milagre do café, esse perfume pelo ar, esse gosto das manhãs de todas as ruas, de todas as esquinas...  Os varais estão sem roupas algumas, finos fios apenas com o frio da madrugada. Haverá outro dia assim para ser feliz, desejar o que sempre se quis? Tomar da chuva os abraços das gotas caindo a mil, deslizando de imaginários tobogãs, um lugar que o sol virá depois, pois tudo é melhor quando se é par, tudo é melhor quando se pode ter alguém para falar, testemunhar, dividir, repartir essa emoção, essa alegria de viver, passar essa vontade na boca, no pescoço, se lambuzar e gritar “lá vem chegando o meu bem, lá bem chegando o meu amor!”.

Hoje vou pegar em suas mãos, abaixar os arames farpados para você passar, não se machucar. Este é meu posto, minha vocação, cuidar de você...

Hoje vou sorrir quando o sol brilhar, dançar, pular corda de raios de luz, virar álbum de fotografias que se movimentam e entram na dança, para a gente se emocionar toda vez que esse filme passar mais uma vez, outra vez, e outra vez mais...

A felicidade pode ser um lugar, pode ser o que se sente, pode ser ao ver alguém que se ama passar, chover e se molhar, poder ser aquele cheirinho de café com gosto do tempo bom preparado só para si, só para dois, andar de mãos dadas com alguém, dançar com quem está a milhões de distância, e mesmo assim sorrir por viver um dia assim... por desejar o que sempre se quis: enfeitar o coração com o amor dos casais e ser feliz cada vez mais e mais a cada manhã.

...                      

Não se vá - Thiago Pethit
http://www.youtube.com/watch?v=8869fvX0HpA


.....................................................................................

quarta-feira, 12 de março de 2014

"MISTY"


“MISTY”
Autor: Nilton Bustamante

Agora a pouco me deixei levar por algo que a madrugada oferece, mas não mostra, não deixa nas prateleiras, nem nas gavetas... Mas, preciso de um trago, e o meu trago é música, Sarah Vaughan deslizando “Misty” pelos meus cantos.

Já que estou descalço, quero dançar, no meio da sala, pode ser nas esquinas, pode ser qualquer lugar, no banheiro, no jardim, desde que haja noite, desde que seu rosto encoste ao meu. Ah, estar descalço é estar nu, é entrega, é intervalo, é liberdade, é ser índio, é sentir os sentidos tocando a pele e um pouco mais.

Você e eu, nesse imenso e inconfundível silêncio, essa nebulosidade de tanto a dizer, e não querer falar nada, tocar apenas com os olhos o que se vai por outros esconderijos, por outras miragens, outras vertigens... Você e eu, e nossa maneira de ser, fazer manhas, raspando minha barba por fazer em seus seios que não me deixam, não me deixam em paz...

Esses encontros madrugadas, são para saltar felicidade de altos trampolins, é perigo constante, é frio percorrendo todos os caminhos, e mesmo assim esse gosto de bis, esse gosto de querer mais e um tanto mais, mais e mais, deitar no tapete com os pés no sofá, olhar para o teto, contar carneirinhos, rir à toa, tal é essa coisa, esse modo de tecer momentos e colocar nas paredes, pra ficar grude, pra ficar por perto, e depois lembrar...

Ahã, essa canção... Acho que fiquei assim, zonzo, rodando, vendo você ir e voltar, roda-coração, esse balanço, esse trapézio, esse descuido, essa vontade de beijar baixinho, vendo filmes-cobertores avançando pelas claridades das manhãs, sem os sustos, sem os medos, sem explicações na ponta da língua, sem bater cartão do tudo igual, apenas você no meu colo, mas não quero boneco de ventríloquo, quero sua libertação para você usar sua própria voz, fazer de sua língua o que bem quiser, beijo ou malcriação, tudo o que desejar... A anarquia nesses momentos cabe tão bem, sem saber o que virá do outro, dois desiguais, dois estrangeiros que se encontram e deixam a natureza conduzir a orquestra de nós dois... Você sabe bem o que é isso, não é mesmo, meu bem?

Ah, meu amor, o mundo, o nosso mundo, precisa mesmo desses dias madrugadas, ouvir “Misty” e esperar amanhecer sem pijamas, apenas descalços e bêbados de amor...

...

Sarah Vaughan: “Misty”
http://www.youtube.com/watch?v=yJ-9IBZaydQ

…………………………………………………………………

sábado, 8 de março de 2014

PEDIDO DE AJUDA


PEDIDO DE AJUDA
 “Autor": Nilton Bustamante

Essa madrugada, 22 fevereiro de 2014, a espiritualidade bendita mostrou-me, em desdobramento, da necessidade de um amigo meu, "P.R.F.", desencarnado a poucos meses, receber emanações de luzes através de preces.

Plasmaram cenas desse irmão agindo em favor de outras pessoas, em suas andanças anteriores, e que, agora, em um cenário nada animador, uma espécie de limbo, ele se encontra solitário, sentado, em estreito e profundo poço, a espera de auxílio. 

Inspiraram-me, que ele ("P.R.F."), ainda se sente fraco e incapaz de fazer, per si, a jornada de sair dessa situação, sair desse “buraco”. Em sua consciência, ele acha que é demais, impossível escalada. E a profundidade desse buraco corresponde exatamente a “altura” do prédio em que ele, tempos atrás, alçou voo, de livre vontade, queda abaixo, desmoronando-se e “abrindo” o seu próprio cativeiro espiritual. Na mente dele, ele está sentado, olhando para cima, estendendo a mão − já começa a aceitar ajuda, que alguém o tire de lá.

Uma vibração de um ser da espiritualidade, mostrou-me que, diante dessa atitude mental do irmão "P.R.F.", devemos aproveitar essa grande oportunidade e orar fervorosamente em favor dele, cujas preces serão a “corda” que ele tanto espera. 

O que importa, em todos os momentos de ação de boa vontade em favor de outrem, que seja de profundo amor no coração, pois, com a intervenção dos mensageiros de Jesus, todos nós teremos a chance de pegar cada qual em uma das pontas dessa “corda”, onde, no fundo no fundo no fundo não saberemos, nesse momento, se a “ponta da corda” que estaremos segurando é a de quem está resgatando ou de quem está sendo resgatado.

Por isso, da importância em fazermos sempre o Bem, sem olhar a quem, sem esperar qualquer tipo de recompensa, pois a maior recompensa já é o bem que se faz, silenciosamente. 

Relembrando, que quando começou esse desdobramento, plasmaram a cena desse meu amigo fazendo o bem em outras oportunidades, e isso o torna merecedor de todo auxílio nesse momento e outros que virão. O bem que se faz, é mérito que se adquire!

Oremos em favor de outros tantos irmãos, que nunca foram esquecidos por Deus!

De coração!...