quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

ABRAÇO



Free Hugs Campaign - Official Page (music by Sick Puppies.net )
http://www.youtube.com/watch?v=vr3x_RRJdd4&





ABRAÇO
  Nilton Bustamante

Eu sei
Os braços estão enferrujados
Não conseguem se abrir
Muito tempo a posição da negação
Muito tempo a posição do medo
Muito tempo... o esquecimento

Eu sei
O que deveria ser coisa simples
Tornou-se até pesadelo
Pouco tempo pra se entregar
Pouco tempo pra se libertar
Pouco tempo... o entendimento

O que levamos no peito podemos dividir
O que levamos de receio pode fragmentar, diminuir

Vem, me dê um abraço... Encosta teu coração ao meu, 
Vamos nos ouvir!


.’.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

MI BUENOS AIRES QUERIDO (liberdade poética)


MI BUENOS AIRES QUERIDO
Nilton Bustamante

Mi Buenos Aires querido
O que eu te digo agora
Se já não posso mais ouvir Gardel sem chorar?

Mi Buenos Aires querido
O que eu te digo agora
Se minha lembrança sempre está "por una cabeza" fugindo dos generais?

Ah, Argentina, feminina terra minha com tuas flores do ceibo
Vermelho-carmim, color del corazón, meu coração
De tantos segredos, de tantas esperas e alguns desesperos
Não pude mais cuidar de teus jardins

Ah, mi Buenos Aires já te reclamei,
Já te enterrei e coloquei minha cruz,
Eu que jurei não mais pisar em tuas sombras,
Hoje já não posso mais viver sem ti...

Eu sei o que se passava com Exupéry
Já voei nas asas de um aviador, que não tinha medo das alturas
Talvez do amor, de tanto que tentou, aprendeu...
Eu sei, eu sei o que vivi, o que passei.


Poesia, diz, pode dizer quantas vezes fui do bandoneon, delicado solo.
Mas, se rio, se mar, se voo estrelas em noite longa, quem sabe é meu silêncio.
Se canto, se danço quem sabe é Piazzolla do meu pranto
Em noites quase vazias.

Ah, eu que já fui Dolores hoje sou Buenos Aires
Ah, Argentina, minha querida pátria amada, tu és minha, tão minha, tão minha...
Que agora, minha alma jovem e senhora, se veste com tuas cores,
La Reina del Plata, terra de meus amores,
Estou vivendo para sempre necessitando de ti

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N.A.: homenagem à uma querida amiga, que deixou Buenos Aires, nos tempos dos generais, com seu amado, aviador, viver em outras terras verdes e amarelas.

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Por Una Cabeza
http://www.youtube.com/watch?v=Gcxv7i02lXc



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domingo, 19 de dezembro de 2010

PADRE VIEIRA



PADRE VIEIRA
autor: Nilton Bustamante

Quando o padre Antônio Vieira (1608 - 1697) escreveu “O TEMPO E O AMOR”, na essência demonstra o tempo como um agente modificador nos sólidos e nos sentimentos; se construções vultosas foram, com o decorrer do tempo, corroídas, no amor então não se deve por em dúvida que o tempo o destroça, só deixando recordações e não mais uma constante, transforma-o:
o amor que era cego, agora vê;
o coração que era ferido, agora já não sente;
o amor que era tão feroz, amansou;
o amor que antes de tudo era sonho, acordou...

Com todo o meu respeito ao Reverendíssimo Senhor Padre Vieira, fervoroso orador, ou esteve ele em flagrante desgosto quando escreveu esse texto “O Tempo e o Amor”, ou eu sou irremediável crente e sonhador, pois, a meu ver, o tempo poderá corroer as Colunas dos Templos, poderá levar a pó os corpos dos seres vivos, ou ainda levar a lucidez das idéias e das lembranças para o mundo da amnésia. Contudo, o amor não se extingue como não se extingue a Luz; o amor de tão sagrado é lacrado e impermeabilizado de tal maneira que jamais as ações dos relógios poderão danificá-lo. Sofre sim, com o tempo, no homem, o egoísmo, a vaidade, o orgulho, comodismo e outros interesses, que não passam de fantasias, que, erroneamente, intitularam de ‘amor’ - como quem dá um nome qualquer para alguma coisa, roupagem ou alguém nos bailes de carnaval. Nada mais que isso -.

O amor fará parte daqueles que se elevaram a tal sentimento, eternamente. Será a Luz íntima. O amor abre o “terceiro olho”, abre as celas das realidades antes não alcançadas.

O Amor” será Amor mesmo quando os corpos serem outros, depois de virarem pó.
O Amor será Amor mesmo quando as colunas que edificarem, serem outras depois que o mármore também ser pó.
O Amor será Amor mesmo quando não mais o tempo, depois de todos os relógios dos tempos e das horas.

O Amor será Amor mesmo quando desencontrarmo-nos dele.


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MEIOFIO


MEIO-FIO
autor: Nilton Bustamante

Frio.
Pessoas olhando para baixo. Arriscando curto olhar, o suficiente para não se trombarem. O peso da introspecção. Mais frio.
Ser humano deitado, ou jogado, ou vencido, na calçada, sem cerimônia, sem consciência, sem prece, calçado apenas pela miséria de todo tipo. Berço nada esplêndido da degradação, torpor das drogas, calçada nua, dura, cama meio-fio da vida. Abandono.
Botão encolhido, adormecido, estado indigente, tristeza das gentes que não querem carregar um grama sequer do peso alheio, nem o peso da solidão e do silêncio do ser invisível social.

Frio.
Pessoas com pressa. Reflete-se no homem largado na calçada o morrer muito para viver pouco. Sem forças pra se levantar. Impregna-se a sujeira do egoísmo, do orgulho, da irresponsabilidade, do descaso, dele próprio e de todos nós.
Abandonaram-se as nobres atitudes. Uns procuram seus meios para ajudarem aos seus "próximos", outros para ajudarem a si próprios, nada mais. Estágios da consciência.

O lema “cada um com seu cada um” é de se entristecer.
Tornar pequena demais a instituição humana.

Um dia, a consciência individual e coletiva não suportarão ao se depararem com o irmão tombado; a semente dormente será adubada pela decomposição das mazelas semi-humanas, ou pela compaixão. A germinação em direção ao Pai Celestial. Consolo, consolação. O valor da vida interior surgirá em direção ao Sol.

Nós da Humanidade possuímos o livre arbítrio, a vontade própria, até mesmo para tombar no lodo, no meio-fio da vida, na calçada do auto-abandono, mas isso não nos exime ao socorro, à solidariedade; a consciência universal que desperta aos poucos em nós, será a força invisível incentivando nossos atos em zelar, amparar, aconselhar, orar aos desvalidos. Não poderemos viver em sociedade aceitando em nossos corações, como algo natural a vida roubada, as desordens das relações entre seres vivos – mineral, orgânico, animal e hominal –, palavras e ações vibrando transtornos não devem ficar no descuido eterno.

O que está doente perecerá; a vida, que nunca se desfaz, expressará somente o AMOR, eis a divina sina!

Ah, o tempo!
Quanto mais, ainda?
Quanto mais ainda as mentiras, roubos da confiança depositada, vícios, vidas roubadas, empobrecimento dos sentimentos?
Quanto mais ainda em se passar de largo de um corpo infantil, semimorto, ao relento, com um saco de cola prendendo algum sonho bom?

Deus-Pai, olhai por nós, intui-nos, instruí-nos melhores pensamentos e sentimentos, pois precisamos aprender que para o amadurecimento chegar tudo depende de nós, que ainda insistimos no meio-fio ou fingimos nada ver.

...

PSICOLOGIA DE DEUS


PSICOLOGIA DE DEUS
Nilton Bustamante

Há um sem-fim de conceitos, leis, tratados, práticas e estudos pautados nas diversas escolas da psicologia, metafísica, filosofias outras, quês de Luz. Versam sobre os mecanismos do consciente, inconsciente, subconsciente, do perceptível e da delicadeza do “invisível”.

Conhecer os movimentos e funções das estruturas humanas, espirituais, orgânicas... Suas relações e conseqüências, observar a linguagem do Universo é grande avanço ao conhecimento humano. No entanto, é imperioso que o interlocutor ao ministrar esses cursos pedagógicos nos dias de hoje sobre essas Orientações que passaram desde Sócrates, Platão e tantos outros, evite - com todas as forças – o personalismo tecnocrata que é levado pelo receio de aproximar-se da seara “religiosa” que – pensam - poderá conflitar com a identidade mercantil e de interesses escusos. Ainda que demonstre de forma inequívoca o regimento das leis e de todas as coisas existentes e suas formas, não se pode prender somente na clareza “técnica” e esquecer de associar a existência do “universo criador”, pois o ser pode conhecer todos os esquemas e funcionamentos do pensamento, da mente, do organismo, e de todas as outras coisas dentro e fora do planeta Terra, mas se nele não houver a chama viva do amor e de seus desmembramentos na busca e respeito à fonte “Criadora Universal”, vislumbrando a Grande Organização e Inteligência, todas as ciências serão infrutíferas.

Aqueles que pautam a pesquisa, o cientificismo em tudo, precisam também associarem-se aos profetas, sábios, Iluminados de todos os tempos, culminando na expressão máxima de Jesus, que deixaram para todas as gerações que o amor abre fronteiras, portais simultâneos ao íntimo e ao exterior; o homem dotado dessa ‘chave’ chamado ‘Amor”, conhecerá a tudo e a todos, conhecerá a si mesmo, conhecerá, finalmente, a Psicologia de Deus.

“O amor é a força mais curativa que existe. Nada toca mais profundo do que o amor: ele cura não apenas o corpo, não apenas a mente, ele cura também a alma” (Osho).


.’.

NATAL



NATAL
Autor: Nilton Bustamante

Menino Jesus, ao menos hoje não precisa tornar-se Cristo...
Ensina-nos humanos em Deus somente suas brincadeiras infantis.
Pegue as sobras de madeira de seu pai e monte um brinquedo que lembre inocência.
- Os homens só sabem fazer cruzes e brincar de matar.

Menino Jesus, ensina-nos o valor da vida, a Boa Nova do sentido mais puro em voltarmos a ser crianças.
Vamos brincar nos quintais dos Templos. Alimente nossas esperanças.
Pelo menos hoje não receie,
Reis magos virão dormir no cômodo sem móveis, virão saber da Luz,
Hoje é Natal, precisamos todos renascer juntos com você, Jesus.

Jesus, criança repleta de vida.
Cristo, homem repleto de amor.
Menino e homem, eternos em nós habitantes germinados na Terra.
Homem-Amor, não se esqueça de nos acordar desses pesadelos que insistem em nos manter na longa noite.

Menino Jesus chame outros meninos judeus, os meninos árabes e outros mais
Vamos todos brincar nas colinas, vamos todos brincar de esperança, a esperança da paz.

Menino Jesus, hoje é Natal!
Hoje não queremos chorar, queremos sorrir, queremos dançar, brincar e orar.
Há uma estrela anunciando Nova Era, nova era além das religiões e profetas,
A Nova Era do Amor!

Ensina-nos, ó, menino Jesus, a rirmos livres e felizes, rirmos de verdade
Pois hoje até mesmo o palhaço chora atrás das pinturas e máscaras

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http://www.youtube.com/watch?v=_A9_FufVnKU&feature=endscreen&NR=1


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sábado, 18 de dezembro de 2010

ETERNIDADE



ETERNIDADE
     Nilton Bustamante

O que é eternidade a não ser a continuidade no ‘outro’.

LENTES & FOTOGRAFIAS


LENTES & FOTOGRAFIAS
    Nilton Bustamante

Se os olhos são "as janelas da alma", 
as lentes de um fotógrafo são a alma de um "voyeur",  
procura assistir sem ser visto.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

DREAMING


DREAMING
autor: Nilton Bustamante

Calça jeans, tênis elástico, tênis mola, um pulo, outro pulo
E mais outro sem demora
Sigo aos saltos, sigo pulando lajotas, nas ruas os jogos,
“Amarelinhas”  feitas de giz, são minhas, são minhas, todas minhas.
Sigo aos saltos, sigo teimando seguir aonde quero. Conheço de cor esse céu
Que eu fiz, quero me perder, mas não consigo.
Logo as mesmas lajotas, o mesmo quintal, o mesmo par de cordas, as mesmas
Notícias em todos os jornais,
Subo velha, desço menina. No meu palco tirei as cortinas.

Sou o que sou.
Se dizem que sou, nego.
Se dizem que não sou, brigo.
Sou escorregador...

Meus dedos tocam o azul, queimam-se no sol.
Fico no centro da Terra, sou jardins, queimo bonecas, solto os cabelos,
Me derreto,
Me esqueço doce em morenos rios arlequins...
Meus pés me levam para aonde querem, sou apenas um sonho,
Um sonho de alguém que tenho que acordar... Mas não quero.
Sou escorregador...

Gosto de brincar.

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La Veillée – Yann Tiersen
http://www.youtube.com/watch?v=lnVIM7UIdZo&





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PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI... DAS ÁGUAS E DAS FLORES



PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI... DAS ÁGUAS E DAS FLORES
Autor: Nilton Bustamante

Águas carregaram de tudo um pouco
Cada qual sua direção
Feito hino da Natureza
Cada qual seu papel
Deixando por onde passasse algo da vida

E os homens nas águas lançaram suas misérias
Cada qual sem direção
Onde colocou sua mão virou seca, virou deserto
E seu hino foi a miséria, foi algo da  morte

O homem lança fogo e os animais fogem sem saber
O homem lança veneno, colhe doença
Ainda não descobriu que iate, castelo e avião não se come, não

O tempo está a galope, o grande sopro
Vem deixar a cobiça humana sem sorte

As sete pragas estão acordando
Por isso precisamos de preces, muitas preces de amor
Cuidar dos pensamentos,
Cuidar dos homens que se tornaram caminhos caídos
Nosso lar, o planeta,
Nossa família, a humanidade que sofre, 
Faltam cuidados, falta piedade, falta o sentimento de coletivo, falta o plural...

As sete pragas estão acordando
Precisamos abraçar árvores, cuidar da terra e urgentemente da água
Precisamos abraçar nossos filhos, nossos pais, nossos iguais,
E mais ainda nossos desiguais
Brotar na alma o maior valor, conseguir ouvir o despertar de uma nova flor...
 – o abrir de cada flor é um abraçar do divino homenageando a vida.

Pra não dizer que não falei... das águas nem das flores
As sete pragas estão acordando, acordando...
Na orquestra da Natureza
Despertar os seres vivos para cada qual saber seu papel
Qual, homem, o seu? Qual?


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Muito importante assistir a esse vídeo:
“carta del 2070, fin del agua”
http://www.youtube.com/watch?v=v4pOZ6f6MCA&



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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

OUVINDO GLENN MILLER



OUVINDO GLENN MILLER
Autor: Nilton Bustamante

Um homem sem sonhos é árido, aproveita o corpo mas não conversa com a alma.

Quando o amor é comprado pelos mármores, ouro... a sensação momentânea do possuir, logo esfria. Quando o amor é levado pelo amor, poderá abraçar árvores, colher estrelas, andar sobre as águas, escorregar pelas montanhas, navegar todos os mares, e mesmo que possuindo mármores, ouro e a sensação do possuir, fechará os olhos e sentir-se-á verdadeiramente enriquecido, amado.

Quando se deparar com o tempo, o relógio mostrará que o possuir foi realmente uma sensação, que chegou a passagem e tudo se foi. Os castelos serão para outros que virão com seus relógios do tempo... Quando se deparar com o tempo e se conseguiu sonhar, será sinal que a alma evoluiu para além dos tijolos, evoluiu para a glória do sentir o que o coração sublimou.

Sentar-se à farta mesa, em cenário deslumbrante e aconchegar os sentidos é ótimo. Mas é ainda melhor, quando, com amor, a alma não sente falta de nada do que já conquistou e o amor edificou.

Ah, como penso agora nos saudosos Dona Lodi e Seu Paschoal.

Ela uma senhora negra, linda, educadíssima, suave, sempre sorrindo, daquelas mulheres para 400 talheres; ele, corpo pequeno, branco, carregando todo seu italianismo e sotaque indisfarçável, honestíssimo e um tremendo pé de valsa. Decidiram morar juntos, sofrendo todo tipo de preconceitos de uma época, e muito da própria família dele. Não fizeram por menos, não deixaram de se amar. Nesse início a mesa da “casa” era um caixote de tomates, vazio. E por ironia da vida, foram cozinheiros em hospitais de São Paulo por longos anos, até se aposentarem. Com o amor tiveram uma filha lindíssima. Lodi e Paschoal, quando eu os visitava, colocavam os discos de Glenn Miller e contavam suas histórias de amor, os bailes do Trianon (atual MASP), e, claro, eu me deliciava não querendo mais ter fim.

Olhando para eles em minhas lembranças, sei, que Lodi e Paschoal viveram um caso de amor, um lindo amor onde abraçaram árvores, colheram estrelas, andaram sobre as águas, escorregaram pelas montanhas, navegaram todos os mares, e que tudo continuou quando fecharam os olhos para outra viagem maior...

O amor é mesmo assim, os olhos da alma brilham, brilham, brilham sem fim.



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DULCINEA


DULCINEA
autor: Nilton Bustamante

Hoje estou assim, todo madrugada.

Dom Quixote querendo sua Dulcinea abrindo o coração, o sorriso e o que mais desejar.
Mostra o caminho longe de moinhos e dragões.

Afinal, é madrugada, e as madrugadas são para se amar, se desejar. Seja hoje Dulcinea, ah, não importa o nome, não importa a hora, não importa a forma, se a noite é longa como tuas pernas. Ah, eu sei, eu lhe cobicei, eu lhe medi. Seja donzela trêmula não de medo, mas de desejos. Desejos do momento da entrega, porque nada é melhor que a batalha da entrega, festejando a paz, desejando o amor.

Ah, Dulcinea, este sereno da madrugada empina teus bicos, estes bicos de briosa linhagem, aquecidos com meu hálito de sorte; sou homem com fome de mulher amada, vim dos campos longínquos mas não quero dormir, não quero, ah, não quero, não quero... Como dormir, se há tanto por se fazer?

Mostra-me teu ninho, me aconchegue nos teus pelos tão bem cuidados, porque nesta madrugada, nesta noite fará jus a todas as amantes da história, será nosso segredo, será Dulcinea. Mas somente tua alma será na minha, toda doce como indica teu nome, dominadora e voluntariosa como indicam teus olhos, e eu, arrepiado como teus seios, sendo eu brinquedo, teu cavalo.

É madrugada... segue meus rastros.



.'.

.'.

MENINA LACRIMOSA CONSTELAÇÃO


MENINA LACRIMOSA CONSTELAÇÃO
autor: Nilton Bustamante
Como esgueirar-me nesta escuridão do desencontro?
Faço filme, faço cena, 
mesmo que não queira, sou mesmo assim.
Mas, não fui feito pra ser ator. Vou esperar, necessito esperar,
oh, menina lacrimosa. Não percebe?
O que está fazendo aqui, dentro de mim?
Será breve visita? Decoração de ti mesma?
Quando fui, você chegou.
Quando voltei, você partiu. Que jogo é este, anjo meu?
Não, não vá dos meus pensamentos...
Não me importo, pode me deixar mais um tormento,
não importa, não importa. A vontade é tanta, tanta...
Quero beijar seus cabelos...
Ninguém consegue ver em meus olhos o que disfarço.
Assim como quem flutua na Lua levantando altares,
louvores ao seu sotaque, abraçando seus sóis e sombras...
Oh, menina lacrimosa,
fica aqui neste meu mundo para não se sentir só!
E nem mesmo eu faria diferente,
eu que tenho nas pontas dos dedos o toque das letras,
criando seu corpo, seus suspiros, tudo que quero,
tudo que desejo e espero,
a boca cada vez mais sedenta, cada vez mais faminta...
de amor.
Peço, não parta!
Não rompa de nossos umbigos o cordão – quero acreditar,
no íntimo, não houve tempo, nem vontade de romper...
Peço, não parta!
Não rompa de nossos corações o amor – quero acreditar,
no íntimo, nem tão pouco houve vontade de partir...
Somos crias de nós mesmos.
Somos história de amor que outros olhares se inspirarão, porque o amor sempre traz algo que desconhecemos,
mas queremos sentir...
Ah, menina lacrimosa,
esses seus olhos que escorrem tanta delicadeza,
tantas incertezas,
como a chuva que ronda em pesadas nuvens,
e se vai ao sopro dos ventos;
essa umidade, esse brilho será de esperança,
será de perigo?
Meus joelhos, trêmulos, terão repouso no conforto dos seus?
O som de dois corações se tocando é tão lindo...
Ah, como é lindo!
Ah, menina lacrimosa, antes correr todos os riscos
que ficar na superfície esquecida de mim.
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...__________________________________...
Comme la pluie
http://www.youtube.com/watch?v=sRjjNd7ksvE
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SOLIDARIEDADE


SOLIDARIEDADE
Nilton Bustamante

Nesta quinta-feira, o frio se fez.

Neste dia respiro a tranqüilidade que ontem não conheci.

A apreensão de outras horas que me escravizaram, pelo menos hoje, pelo menos agora, me deixou.

Levantei os olhos para fora de mim.

Lembrei-me das pessoas que quero bem.

Lembrei-me de você e sua luta.

Das vezes que não atendi o meu coração, sofri.

E obediente ouço sua mensagem e retransmito para você: Tenha coragem!

Com a coragem vem a força.

Com a força vem a disposição.

Com a disposição vem a realização, a concretização.

Sempre haverá momentos difíceis a transpor. Tantas variáveis: cotação cambial, o mercado, o fator humano, a pressão da vida, dramas particulares e coletivos...

É verdade, também, que haverá sempre momentos de completo entendimento e favorecimento para a boa obra.

Ser feliz no final das contas é o que se espera.

Quais as ondas que queremos orbitar?

As ondas que aprisionam os mesmos medos e traumas?

Ou ondas eletrificadas por hinos de felicidade e agradecimento ao Universo em suas forças produtivas, perfeitas, que auxiliam a todos?

Os raios solares insistentes, agora mesmo, neste jardim, atravessam a névoa.

Sobressaem-se vários tons e formas ao redor...

Olhar por alguns minutos para estes presentes de Deus nos dá um descanso, uma folga, uma trégua, nesta luta dura que travamos dia a dia. Lembrar que a natureza existe e observá-la é um bálsamo.

E assim é.

A prece de esperança faz as vezes dos raios solares. Mostram outros contornos que não víamos, mas que estão por aqui, por ali, por acolá, o tempo todo. Mostram-nos que nem tudo era cinza e feio, como as crises e suas dificuldades. Há sempre um outro lado. Há sempre algo de bom ao nosso redor nos apoiando. Outras portas, outras saídas...

Com confiança, mais uma vez, vamos acreditar, reconhecer, como é boa e generosa a vida.

Os elementos da natureza ajudam a compor nossas vestes, nossa comida, nossos produtos.

A força da inteligência vem dar sua colaboração, também.

Vamos acreditar neste milagre da vida que se personifica em nossas vestes, nossa comida, nosso trabalho, nossos amigos, nossas realizações...

Vamos cuidar e fazer prevalecer os campos vibratórios positivos que estão ligados à Alta Espiritualidade.

Vamos arregaçar as mangas, arar a Terra, arar nossos sentimentos e lutar contra as almas perversas, oferecendo às mesmas nossas preces, nossa crença, nossa boa luta, algo que Jesus nos ensinou. Lembrando que a "perversidade" do mundo, infalivelmente, quase sempre, está em nós mesmos.

A felicidade que agora pousa em minhas mãos, planto-a em seu jardim.

Sucesso, sucesso na Paz de Deus.

E, um dia, ao deixarmos nossa carne, nosso corpo, nosso veículo, ainda que arranhado, com as rugas do tempo e das lutas, verificaremos com maior clareza que todas as preocupações que nos assolaram o tempo todo foram apenas boas companheiras que nos "motivaram" em ir à frente, a ir adiante, em buscar outros caminhos, portas, saídas, forçando-nos ao raciocínio, energias. Adquirimos experiências ao longo da estrada. Só isso; e tudo isso.

Deus está com todos nós.

SEMPRE SEU IRMÃO!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

CORRO, CORRO, CORRO


CORRO, CORRO, CORRO
    autor: Nilton Bustamante

Aumento o passo, outro mais outro, corro
Corro, corro, corro, corro... até não poder mais
Até não saber mais o motivo, aumento o compasso

Engulo os dias, cuspo as noites
Ruas autoramas, os mesmos trilhos
Até não saber mais pra onde

Corro, corro, corro...

Mais café, menos cafuné,
Mais ligações, menos emoção pra eu caber inteiro no relógio
O objetivo é ser objetivo,
Menos substantivo, menos adjetivo, impessoalidade é a dica
Mais número, mais, mais, corro, corro...

Será que transei sábado? Não, esse sábado acho que não...
(preciso me lembrar... a loja de material de construção),
E no outro, e outro, e outro? Não e não...
Quando, então?

Corro qualquer sabor, corro qualquer bebida
Fico em todos os trânsitos, fico em todas as filas
Corro pensamento, suo tormento...

Corro pra dormir, pra manhã chegar mais cedo
Pra correr e chegar primeiro, o prêmio: pro infarto, o desgaste!
Qual é mesmo meu nome?,
Não deu pra ir no compromisso do filho, sinal fechado pra mim...

Corro, corro, corro...
Será que eu morri e não me dei conta?
Quando, então?
Preciso saber, muitas coisas pra se fazer:
Limpar as cacas do cachorro, correr operário...

Corro, corro, corro e não consigo mais ver ninguém
Nem mesmo o espelho, já passei lá correndo e o reflexo se foi...

Acho que já fiquei maluco,
Corro, corro apostando corrida com a ambulância que vem buscar alguém... Será eu?

Quero correr nu pelas avenidas, pelos campos...
Mas não sei não... Até a bunda é pálida!...

.’

Wilhelm Kempff plays Beethoven's Moonlight Sonata mvt. 3
http://www.youtube.com/watch?v=oqSulR9Fymg&

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AMEAÇAS E CULPAS


AMEAÇAS E CULPAS
Nilton Bustamante

Quando o tempo saiu pela janela, foi-se pra não sei onde
Imaginei outro cenário:
Partituras repletas de música que não poderia eu tocar

- Não se pode tocar quem o olhar esqueceu.

Quando não havia mais ninguém olhei pra mim mesmo com temor
Pequenos silêncios, as falas para quem não respondia
O tempo saiu pela janela, foi-se pra não sei onde.

Mas, o que importa agora?
Se não lembro mais o que havia em mim que me levaram
Ou que eu dei...

Cobram-me a pressa para eu ficar menos nos lugares, pra eu ser menos,
A ida pra prisão, a absoluta atenção,
Culpam-me pelo o que eu ofereço e por tudo quanto não consigo mais

Ameaçam tudo em mim, ameaçam deixar comigo a culpa,
Ameaçam secar meu colo, ameaçam, ameaçam...

Só não ameaçam levar o egoísmo, no lugar o amor e me fazer feliz

.’.

Schubert Op. 90/3
http://www.youtube.com/watch?v=GkX4MyDeIqI&

GLÁUCIA


GLÁUCIA
Nilton Bustamante

Pousa suave nuvem
Traz azul, traz mar
Espalmada palma da mão
Recebe a jóia da Lua
Oferece gratidão

Nuvem azul circula anelar
Une-se aos dutos,
Chega-se ao coração

Espalmada palma da mão
Linhas do destino,
Somente uma leva-me até sua alma
A estrada, mesma nuvem
Que veio Levaná

Espalmada palma da mão
Receba meu coração, minha memória, minha história
E minha vida outra vez mais e mais...

.’.

Franz Schubert - Romance
http://www.youtube.com/watch?v=_cd5VHWsu0E

PLANETA SEMENTE


PLANETA SEMENTE
Autor: Nilton Bustamante

Planeta semente
Semeia Homem 
Semeia vida; luz, semente amor
Germina o que a mão do Semeador lançou

Para se ver o que vai dentro da semente
É preciso buscar como tudo começou
A Divina Mente ao semear planetas nos campos universais
Fecundou cada semente pra virar planeta, brotar
O que antes de ser já Amou...

No vento vai-se a sorte da vida
No vento vai-se a sorte da morte
E a sorte é Engenharia
Que abraça o mundo, gira a Terra,
Gira o choro do nascer e o choro de partir...

Ei! Eu quero erguer meus olhos
Pra entender o que a Natureza
Tem pra me dizer
Quero me libertar do mundo pequeno que me aprisionei

Ei! Vamos juntos erguer os olhos
Ver quantas sementes giram na roda da vida
Lançadas pelo Criador

A maior invenção moderna dos homens-deuses
Não terá o que há por dentro de cada pequena semente
Que o Criador sonhou.
A maior invenção moderna dos deuses-homens
Não terá chegado nem ao menos perto do que Deus criou:
Ainda o desconhecido... Amor

Homens, por que acabar com as águas, bichos, flores e ares...?
Por quê?
Por que se somos todos recomeço
E voltaremos pelas brisas de Deus pra renascer em outro lugar
Feito sementes estelares?...

...


Prelude from Bach´s Cello Suite No. 1
http://www.youtube.com/watch?v=dZn_VBgkPNY


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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A PISCINA E O TUBARÃO


A PISCINA E O TUBARÃO (em desdobramento da alma)
"autor": Nilton Bustamante

Apresento-me jovem. Caminho com grande expectativa. Olho ao redor. Só encontro um espaço aberto e, ao centro, uma piscina.

Silêncio.


Fico em dúvida.

Uma piscina é a única visão. Paro na beirada. Fico hipnotizado, olhando o espelho de água.

Chega-me um senhor, cabelos brancos, e faz uma vibração mental:

“Se pular nestas águas não terá volta”, adverte-me.

Noto que nesta piscina, nestas águas, neste fluído, há um pequeno tubarão ansioso, nadando de um lado ao outro, rapidamente.

Descortina em mim a informação que estas águas são portais, algo secreto, ramificando com o mundo do poder. Tudo que minha ambição deseja até então, poderá ser.

O desafio fica evidente: vitória ou morte!

Sinto-me forte, nada pode me deter, me impedir. Eu quero porque quero. E essa será apenas uma prova, perigosa, mas, serão riscos calculados. Tenho preparo – penso, para me animar –. É só este pequeno animal para eu vencer e dominar o que deve ser dominado. Serei conhecido por esta façanha. Enfim, terei o que o poder pode me oferecer!

Olho, olho, olho para o fundo e pulo bem no centro da figura geométrica.

Do nada, começa ouvir vozes. Chegam aos milhares. Ouço ali, acolá:

– “Ele pulou! Ele pulou!”.

Chego a ver as mil e uma faces apontadas para mim, submerso.

Turvaram-se a água e os meus olhos.

Tenso, procuro de mãos limpas, meu mortal adversário. O tubarão surge do nada, ensaia um ataque. Chego a pegá-lo na parte superior, com força, quase o domino, mas, escorregadio, fusiforme, escapa. Faltou pouco, muito pouco...

Ao mesmo tempo que alegro-me por medir forças, sentindo-me forte e com quase sucesso no primeiro encontro, vem-me desenfreado desespero. Não consigo previr o próximo ataque. Nestes segundos que são eternos, vem em minha direção uma outra investida do animal com a boca arqueada. Leva-me neste rompante um pedaço do meu braço direito. Sangue e pavor. Outra investida, vai-se meu braço esquerdo que tentava me proteger.

Do fundo da piscina, vejo os mesmos rostos em plateia silenciosa.

Pelas minhas costas, outro ataque. E mais outro, outro, outro... Minha caveira, poucas carnes, vai-se ao fundo, de vez.

Eu, já em espírito, em angustia extrema, vejo a carcaça derrotada e pergunto ao ‘nada’:

“Why”? (não sei dizer, porque disse essa palavra em Inglês?!)

E aquele ancião – que depois descubro ser o Irmão Guilherme (‘protetor’ na Língua Inglesa) – aproxima-se, mentalmente me responde:

“Porque esse não é seu habitat”!

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Por fim, ao despertar, sem forças, depois, desse pesadelo, tão real, com a má impressão da desastrosa derrota, me recomponho e oro. Uma íntima mensagem vem ao meu auxílio, e me alenta, para que eu tenha a consciência que a ambição descontrolada que habita o meu ser há muito e que já me levou em vidas passadas a grandes sofrimentos, poderá ainda repetir-se, seja por fim tratada como quem busca a cura de grave chaga.

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JACKIE JUBIE BLUES VIRGULINO DOS INFERNOS


JACKIE JUBIE BLUES VIRGULINO DOS INFERNOS
Nilton Bustamante

No Sul do Norte
Sou Jackie Jubie Blues
Abaixo dos hemisférios
Sou Virgulino, caolho dos infernos

Toquei guitarra
Contra Rambos no Iraque e no Irã
Levantei cartazes contra o Tio Sam
Na Coréia e Vietnã

Toquei sanfona, violão
Contra o esquecimento e a exclusão
Ganhei patadas, cacetadas
E meu corpo sem cabeça, apenas solidão

Nesse blues meio xaxado, meio baião
Bolívar, Zapata, Luther King e Lampião
Resistência está na idéia
Na força da canção

A vigarice e televisão são segredos, são bastidor,
Quem deve ir pro céu, o que deve ir pro ar
Bomba de milhões megatons
Tsunami, vem por baixo, vem por cima, vem pelo mar
Alguém já disse que temos que se tocar...

A minha alma é blues, minha calça é blue
E meu coração sertão é xaxado, é baião
Que vive a cada dia seja como for, seja como for...
Levantando a cada dia, um tapete diferente...

Enquanto ganho patadas, cacetadas
E meu corpo sem cabeça, apenas solidão

.’.

CONFUTATIS


CONFUTATIS
Nilton Bustamante

Confutatis, confutatis, confutatis!...
Abrem-se os céus, anjos espiam meus desencontros.
Esperam, dão-me o tempo do arbítrio, e míope, não percebo.
Contundente, abro caminho, acreditando como companhia a verdade.
Arranhado, banho-me vaidades; inércia na rua sem saída.


O lamento de achar o que não sou. O meu "eu" não cede lugar...
Lamento!
Lamento!
Lamento não me achar no Plano Original.
Dou provas contra mim.


Perdoa-me, Pai, o perdido tempo!
Perdoa-me, Pai, o tempo perdido!


Dê-me licença, preciso orar por mim, por todos que fui e que não me fizeram melhor.


“Confutatis – Mozart”
http://www.youtube.com/watch?v=fRWov2pdJkE&






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CASAL 'TOP IN' FELIZ


CASAL “TOP IN” FELIZ
Nilton Bustamante

É chuva seca
Sol molhado
O eterno segundo disfarçado
Brilho capa de revista
Pra todos verem, todos saberem
O quando se é casal Top In feliz...

O amor acerta
Versos anversos
Nada o que parece mesmo ser
O carinho tapa ardido
Explosão de cada gozo querido... 

Sentam-se à mesa de jantar
Sorrisos, gentilezas e oração
E a certeza de cada um
Faca na mão


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HOMEM, CÁLICE SEM VIDA



HOMEM, CÁLICE SEM VIDA
Nilton Bustamante

É muito mais fácil ladrilhar o canteiro, sumir com as flores?
Flores, seres vivos, dão trabalho?
É muito mais fácil atravessar a rua, sumir dos olhos conhecidos?
Diálogo pode tomar rumo de dar satisfação, quem quer dar?
É muito mais fácil aumentar os muros, sumir com a vista desagradável?
Comunidade, preocupação social, é sempre com o outro “Departamento”?
É muito mais fácil passar a largo do cadáver, fazê-lo imaterial?
Morte é com polícia, médicos e padres; pressa é a saída?
É muito mais fácil ver televisão, que ir ao teatro?
Posicionamentos e pensamentos, cansam?
É muito mais fácil guerrear, que perdoar?
Compartilhar soluções parece fraqueza?
Irmãos, enquanto “for mais fácil”
robotizar,
ser indiferente diante da morte assassina;
possuir jardins ladrilhados de plantas plásticas;
viver de faz-de-conta;
encastelar-se;
blindar-se;
ter animais virtuais;
amores virtuais;
gozos virtuais;
unicidade dos lucros;
miséria globalizada,
a Humanidade estará em perigosa letargia,
será natimorto.
O homem está se transformando em quê?
Em homem plástico de vida ladrilhada?



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DECISÃO


DECISÃO
Nilton Bustamante

Meu bem, diz pra mim
Sair das áreas protegidas
E lançar-se num orgasmo
É tão perturbador assim?

Meu bem, confie em mim
Pra se atirar na emoção
Precipício desse colchão
Não podemos, não devemos
Deixar o tempo nos separar
Nem opção, nem distração

Meu bem, mantenha seus princípios
Mas tire a roupa da primeira comunhão

Meu bem, como estará lá fora?
Será noite, será dia?
O que vai mesmo importar
É você acreditar...

Que seremos virgens
Virgens de tanto nos amar





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ALÉM DO ESPELHO


ALÉM DO ESPELHO
Nilton Bustamante

Quando se pega o espelho da sua própria vida para enxergar alguma coisa acaba precisando colocá-lo diante de outro espelho.

Constata-se que dentro do espelho do espelho do espelho, em celas intermináveis, somente vê refletido a si própria, enclausurada.

A dor é maior em identificar em que cada cela, em cada modelo, em cada papel, em cada buraco, em cada posição, em cada aberração, em cada reação esperada ou inesperada, em cada silêncio, em cada maltrato, em cada estupro, em cada carinho morto, em cada fala distraída, em cada realidade montada que lhe colocaram houve, infelizmente, a sua aceitação.

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