sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

ENCONTROS DE AMOR

ENCONTROS DE AMOR
Autor: Nilton Bustamante

Um suspirar
doce e alongado,
vem por dentro, por todos os lados,
tudo que se olhe
tudo por onde se queira ir, chegar...

Ai, esse aperto no peito,
deixando sem jeito esse macio tirar de ar
coisa dos amantes,
dessas gentes que simplesmente acreditam
deixam-se ir na primeira brisa para o voo
por onde chegam os que suspiraram de amor...

Eu sei, eu sinto,
é mesmo assim
toda vez que você vem nesses sorrisos pela vida,
nessas luzes
deixa tudo mais bonito,
quando os corações cantam as mais lindas canções...

Eu sei, eu sinto,
esse seu jeito
ao meu lado fazendo presença mesmo quando não se está
mesmo quando você é Sherazade
e eu redenção feito abismado rei
ouvindo histórias que se quer, que necessita acreditar

Eu sei
esse gosto, esse gostoso abraço chegando aos poucos,
apertando cada vez mais macio,
deixando a felicidade entrar
devagar, devagar, devagar...
essas coisas para nos deixar a dúvida,
se está acordado ou pensando voar pelo espaço vazio
voos que se vão ao longe
e nos largam e não mais nos mostram como voltar...

É um desejar
o abraço entrando um dentro do outro
até não mais ninguém nos ver
até sumirmos...

Onde você e eu somos apenas mais um sonho
estrelas errantes riscando de luz as noites escuras,
que se vão pelo espaço pra onde ninguém mais verá
ninguém mais saberá

Mas, antes que se arranque os pedaços,
antes que se morda o pescoço
onde os dentes alcançarem,
antes que se sugue todos os venenos,
conversaremos, conversaremos muito,
muito tempo deslizando no silêncio
um dentro do outro,
conhecer o universo
por onde essas estrelas errantes terão que se arriscar
os muitos vazios
que queremos experimentar...

Eu sei, eu sinto,
um suspirar, doce e alongado que vem por dentro,
quase um desesperado sussurrar

É que eu amo, amo tanto,
nem mesmo sei
que farei.. quando acordar



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A Song For You (Simply Red)
http://www.youtube.com/watch?v=5IUbBb362uY
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terça-feira, 23 de dezembro de 2014

ROSA DOS TEMPOS


ROSA DOS TEMPOS
Autor: Nilton Bustamante

Romper tudo de negativo que às vezes apresenta-se escancaradamente feito cachoeira, ou às vezes disfarçadamente de quem tem vontade própria e não percebe a imaturidade, é a busca do ser humano em si mesmo em conhecer-se e aprumar-se para um objetivo maior. Nem sempre fácil, nem sempre deseja-se fazer faxina, nem sempre a tal necessidade se apresenta na tela-consciência do microcosmo de cada um... apenas nuvem escura, tempo ruim que espera-se que uma hora dessas passe e outra manhã se apresente.

Somos igualmente desiguais, somos Arte, somos esboços que se repetem, que procura chegar à tal perfeição sob invisível e divina mão.. Em nós, alguma vez é plenitude, satisfação; outra é decepção, cansaço em pensar, recomeçar. Somos intervalos, hiatos, esperando encaixar dias melhores em nosso calendário do tempo, na busca da felicidade.

Mas, oh, indizível felicidade, oh indizível oportunidade em forma de abertura em naves universais em nós, que nos levam a viagens que estão longe de acabarem. A cada composição em forma de pessoa, mente e coração, é uma visita planetária que aportamos, peregrinação ímpar, incomparável, desejável ou não no primeiro momento, mas necessária, pertinente para quem precisa do outro para se encontrar, e assim seguir, e assim partir, e assim chegar parecendo ser lugar diferente, parecendo ser o mesmo local de partida, mas não, nunca é igual, nunca o mesmo lugar, nunca o mesmo sentir, nunca o mesmo pensar, nunca mais a mesma mente e o mesmo coração, a cada respirar em movimento cósmico, contração e expansão, nunca mais igual como não são as ondas que recuam e avançam em jornadas das incansáveis marés...

Ah, meu irmão, minha irmã, venham nessa dança, nesses movimentos com liberdade, com felicidade sermos ondas que se retraem que se expandem, que fazem os movimentos das marés da vida, e a cada ser que visitarmos aprendermos com tudo e com todos, o quanto a vida nos posiciona, nos ensina com generosidade, que tudo vale a pena, ainda mais quando a consciência avança para a irresistível evolução, para o centro de tudo, rompendo o que for negativo que às vezes apresenta-se escancaradamente feito cachoeira, ou às vezes disfarçadamente de quem tem vontade própria e não percebe a imaturidade; pois as nuvens escuras são produtos que a nossa imaginação transforma em dificuldades, transformamos em algo medonho o que são pingos de luz para seguirmos e, pelo próprio esforço e mérito apreendermos ensinamentos e lições presentes de um Amor Maior.

Saiba, meu irmão, minha irmã, estamos planetários neste instante, estamos sendo puxados, contraídos por uma força imponderável, inconcebível, estamos sendo levados pelas marés cósmicas para o centro do Antes, do Agora, e do Depois, o Centro Divino, fluxo e refluxo cósmicos, para aprendermos a ser contraídos na forma humana e expandirmos deuses feito ondas gigantes, Rosa dos Tempos por toda a Criação concebida pela Divina Inteligência de Deus!



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Pink Floyd
https://www.youtube.com/watch?v=ZAydj4OJnwQ
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domingo, 21 de dezembro de 2014

CULEX PIPIENS


CULEX PIPIENS
Autor: Nilton Bustamante
Culex pipiens, eis o nome científico do “violonista noturno”, o pernilongo!
Agora, falando quase chorando, isso não se faz, senhor Culex, não me deixar em paz dentro do meu próprio lar, e não só isso, dentro do meu sagrado quarto, no berço esplêndido do meu sono. Esse zumbido, esse zigue-zague, esse violino desafinado de quem está aprendendo a tocar e nunca consegue soltar uma nota, uma mísera nota afinada e faz todo mundo a começar a odiar qualquer tipo de melodia, ou música.
Eu juro que tento não lhe dar atenção, imaginar-me estátua distante, no profundo das geleiras, no alto das montanhas petrificadas de frio, onde nenhum violinista exista. Chego a delirar. Mas, é um quadro insólito, quando um ser humano no máximo da alucinação de prolongada tortura, perde o senso, perde a razão, e começa a perambular pelo quarto feito fantasma envolto no lençol, com um calor insuportável, deixando descobertos somente as duas narinas para não sufocar de vez, e um dos olhos para mirar e em cada mão o chinelo e revista para acertar esses músicos de terrível sinfonia e acabar de vez com o sofrimento, com essa exaustão.
Soube outro dia, que esse zumbido, essa esdrúxula sinfonia, vêm da alta frequência do bater de suas asas, mais de mil vezes por segundo, e com tanta capacidade motora, por que querer exibir-se bem diante do meu rosto, nos meus ouvidos? Ah, por favor, um pouco mais de humildade, um pouco mais “simancol” e vá desfilar feito esquadrilha da fumaça pros seus negos, mas perto de mim não, francamente não, e outra vez NÃO!!!
Ah, cabe aqui uma reparação: não é “o” violinista, é “a” violinista, pois quem pica é a fêmea, precisa de sangue antes de reproduzir-se. Ah, Dona Culex, vamos fazer uma trégua, vá fazer suas farras romanas em outras paragens, que tal Roma?, ou se preferir siga os exemplos de seus pares machos que vivem principalmente de néctar ou seivas vegetais... E por falar em Roma, dona Culex, não queira, a exemplo dos centuriões, cada qual vir com seus cem...
Dona Culex, avise as suas amigas “centuriões” que não venham hoje à noite e nem apareçam no meu quarto, pois preciso dormir, preciso de descanso, estou um caco, estou exausto, preciso assistir meus sonhos como outrora, senão terei que colocar uma placa na porta do local que já foi sagrado: Aqui jaz um sono em paz (21/dezembro/2014)!


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sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

MY VALENTINE


MY VALENTINE
Autor: Nilton Bustamante
Porque quando se chega assim
Querendo não ser notada, se escondendo com tanta meiguice
Tanta vergonha no olhar
Com essa voz arranhada
Falando baixinho, quase miando, quase pedindo colo, pedindo pra dançar
Ouvindo música a dois, olhando por dentro até aonde se é possível chegar
Se largar toda, como quando se abraça o mar
Quando abraça estrela que chega madrugada e vai pela manhã
Essas suas mãos mexendo com minha vida
Deixando tudo tão doce, tão delicado, macio
E meu corpo pedindo
Deixando livres os seus segredos
Que não posso dizer pra ninguém
Não é fácil aguentar, não é fácil continuar a respirar
Um sonho mais...
Porque quando se chega assim
Abraçando em volta do pescoço
Dando rumo, dando prumo, porto seguro
Ensaiando o beijo que vem querendo sentir
O gosto de encostar cílios e gemidos, sendo último suspirar
De vida, sorrindo como quem sorri achando graça de tudo
Apenas um beijo,
Encostar de mundos que se entregam
Que se lançam
Num canto imaginário, incendiário, fazer nas noites algum tipo de fogueira
Que nos torna jovens que acreditam simplesmente
Sem mais nada do que saber,
Sem mais o que perguntar...
Esses dias noites
Andar abraçados
A cada momento, dia dos namorados
Toda vez se desmanchando de amor
Chamar pelos nomes que inventamos, que desejamos
Que fossem flores
Que fossem todas de um amor diferente, desses que a gente não encontra mais...
Sentar no meio da sala, brilharmos luzes feito velas prateadas que escorrem
Desejos e lágrimas que queimam quando tocam
Corações apaixonados
A mesma emoção,
Assim feito alguém que não tem pressa em esperar a felicidade chegar...
Olhar no profundo dos olhos
Fazer cerimônia para receber o que vem do lado mais sentido
Da alma, viajante de todas as Eras,
Para florir no sol do Amor
My Valentine,
Dê-me sua mão, vamos caminhar...
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Alice Fredenham singing 'My Funny Valentine'
https://www.youtube.com/watch?v=IChJ6eO3k48
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ONDAS DE AMOR

ONDAS DE AMOR
Nilton Bustamante

Sim, já fomos chuvas, ventanias,
Fomos medo
O medo de deixar de existir pra ser outro alguém
Mas, não se preocupe meu amor

Estamos aprendendo
Sermos noites, sermos dias
− O que desejam os jovens −

Somos o que os invernos unem
E cedem
Em rodamoinhos indo ao fundo de nós dois
Cada vez mais lentos
Cada vez mais sedentos apreciando alegres e tristes
A paisagem que vem em nossos filmes ou que fica pra depois

Somos ponteiros do tempo
Que se encontram
Nos lugares marcados pelo mundo

− Em cada ponto, em cada recado
A vida faz teatro, novela de amor −

Que se pede, que se cobra,
Ri, chora,
Que se deita no ombro do ser amado, adormece, vira sonho

Se entrega nas mãos dadas
De desconhecido destino que se vai longe, longe
Que se vai nave sem rumo sem querer chegar
Apenas imensidão... apenas algum lugar

− Hoje temos que nos ver −

Saber um pouco mais desse silêncio
Que carregamos e insistimos em não dizer

− Hoje vamos nos amar −

Mexer nas sobrancelhas que protegem
Em arcos as frágeis janelas
E saber dos brilhos que vêm de longe, longe
Do fundo, fundo... da alma

Que insiste em navegar feito chuva
Subindo nas alturas e despencando em ondas de amor


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Simply Red - A Song For You
https://www.youtube.com/watch?v=5IUbBb362uY


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eternidade



eternidade
autor: nilton bustamante

pois nessas horas, dessa forma, desse jeito
tudo é mesmo abraço,
tudo vem com a alegria de viver,
vem, imensamente, a vontade de amar a vida
querer ficar juntos nessa caminhada
olhando de lado, sorrindo por toda alma,
pelos cantos dos olhares
o brilho de quem está em transe de felicidade
ouvir o coração que brinca em saltos de amor


ser azul, ser infinito
subir a torre feito rei, feito king kong
pegar aviões com as mãos
só pra ficar perto de quem se ama nas alturas
ir além, muito além de quem sempre procurou
a eternidade
para ser o momento
ser o mergulho
sem medo, sem receio, sem tempo a perder


pois não é sempre que se tem outra vez
a eternidade para amar
respirar esses ares gelados
abraçando o quente dos pulmões







.Mon Ame Bohémienne
https://www.youtube.com/watch?v=a2-zwe6bFbk
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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

O UNIVERSO, ESCOLA INFINDÁVEL




O UNIVERSO, ESCOLA INFINDÁVEL
por Nilton Bustamante (em desdobramento da alma)

O domingo já havia passado e o sono veio-me rápido, sem o perceber.

Fui convocado pela Espiritualidade para fazer parte de uma ação socorrista, percebi que havia outros que eram almas de encarnados nessa reunião.

Em fração menor que a de um segundo, plasmaram quem deveríamos socorrer. Mostraram-nos a queda vertiginosa de um paraquedista em lugar ignorado e muito distante, era outra parte do planeta de onde nos encontrávamos.

Partimos em velocidade espantosa. Percebi que haviam pelo menos três almas de encarnados, tal como a minha, tentando chegar. Representou-me um derby de corrida de cavalos cabeça-à-cabeça (e em mim a vontade egoísta e vaidosa de querer chegar primeiro, coisa que me incomodou em seguida. Fiquei com vergonha de mim mesmo).

Tivemos dificuldade em localizar o acidentado, tarefa que foi-nos resolvida pela ação de um Irmão Celestial, com a nítida postura de comando, e de elevada moral.

Encontramos vários fios. Começamos a manuseá-los. Pareciam ser os fios do paraquedas − mas não tenho convicção disso −. Mas e o corpo onde estaria? Ficamos com a incômoda interrogação. Até que encontramos o que seria apenas os sinais delineados de um corpo no afundamento do solo. Só que não havia corpo algum.

Resolvi fazer uma verificação mais atenta naqueles contornos, quando reparei uma estrutura molecular de “outra dimensão” desconhecida por mim (se é que eu poderia chamar dessa forma).

Havia somente o que deveria ser um pedaço, um seccionamento de coluna humana que liga-se à cabeça, interrompida na altura do meio dorso. Uma voz imperativa fez soar dentro de mim que eu deveria recolher o que havia encontrado, imediatamente. Mas o surpreendente foi que ao tentar fazer isso, toda aquela “estrutura”, aquela massa, coube na primeira pate do meu dedo indicador. Um Irmão da Espiritualidade levou o que seria do acidentado. Saiu a uma velocidade imponderável, indizível, à direita, em ângulo aproximado de 50º graus.

Não sei como, eu já estava em outro lugar, e um Irmão Orientador, veio com a postura de um professor para complementar a aula e disse-me mentalmente:

Aquilo que foi encontrado era fragmento danificado da massa do períspirito do irmão acidentado, não poderia ficar naquela circunstância de jeito algum. E a dificuldade que você teve em localizar o lugar certo do acidente é que você ainda precisa aprender essa fórmula – nisso ele plasmou em uma lousa imaginária duas expressões matemáticas (algébricas) –, essas expressões são as mesmas usadas no GPS, no entanto muito mais elaboradas, mais evoluídas...”  – completou o solícito Irmão.

Não sei se o fato de eu ter que ter aulas de Matemática, ou por já ter terminado o convite para minha presença naquela experiência além-corpo em companhia de benévolos Irmãos, despertei no mesmo momento.


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More Brendel: Schubert Op. 90/3



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sábado, 29 de novembro de 2014

TRÊS MARIAS



TRÊS MARIAS
Autor: Nilton Bustamante

Você sabe porque dessa insensatez
Entre a coragem e a timidez
Você sabe porque é preciso cantar por dentro
Andar por aí sem som, sem instrumento,
Sem ao menos disfarçar?

E nem perceber o telefone decorar o outro de alguém,
Registrando tudo,
Querendo saber de muito mais,
As medidas
Das asas voando como quem ama a vida
E não tem medo das alturas
Nem das vertigens...
Indo longe, longe, longe,
Passando pelas poeiras do tempo
Pelas praias onde moraram os primeiros sonhos,
Pelas terras sem estradas
Cheirando os matos e as matas de agora
Num eterno retorno ao ventre da Mãe Natureza, senhora de todos nós

Você sabe porque pulsar o nome de alguém
Para as Três Marias
Três vezes o sagrado número
Três buquês com os perfumes dos laranjais e jasmins,
Alinhando seu nome ao nome de outro alguém?

Ah, a idade nada tem a ver com a vontade, a necessidade
De amar,
Feliz é quem levita e vê o mundo mais ao alto, mais bonito
Mesmo que outros olhos de pedra, outros corações sem sorrisos
Tentarem você acreditar que nada mais vale a pena,
Voe mesmo assim, e lembre-se,
Mesmo atravessando as jornadas das distâncias e do não-tempo
Os raios do sol chegam sempre ao amanhecer

A alma é grande, grande, abraça o mundo quando quer,
Quando acredita
Que algo dentro de si é riscado a fogo divino

Ah, lança teu hálito de vida
Ressuscita o que se perdeu no tempo do medo
No tempo dos descuidos,
Do esquecimento,
E cante o canto por dentro
Andando por aí sem som, sem instrumento,
Sem ao menos disfarçar que se está feliz


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PISCAR DE SONHO


PISCAR DE SONHO
Autor: Nilton Bustamante

Levantar voo
Lançar-se no espaço, no além muito além de si mesmo,
Ser meteorito
Arenito desmanchando-se, desfazendo-se pelo caminho

Levantar voo
Como se fosse possível tirar os pés do chão
Dar um grito de basta
Um desabafo
Para a arrancada ser forte, importante
Sem medo de saber o que virá depois
Sem tempo de vestir as meias, colocar os sapatos
Ir para o encontro sideral

Ser planetário
Ser totalitário no próprio peito
Deixando o coração sem o peso da gravidade
Sem o aperto da saudade

Apenas a liberdade
Ir além
Muito além
Das luzes acedendo, se apagando

Ser totalmente espaço
300 mil quilômetros por segundo
Corpo sem corpo
Luz em projeção, piscar de sonho,
Em tão rápida vontade de ser, sentir expandir felicidade

Ser capaz no próprio ventre, mais um universo
Gerar e parir mais um planeta, de amor!








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Beatles – Because
https://www.youtube.com/watch?v=Fgq2tLvBhZ4
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terça-feira, 25 de novembro de 2014

QUANDO CAEM ESPADAS DOS CÉUS


QUANDO CAEM ESPADAS DOS CÉUS
por Nilton Bustamante

Quando dos trabalhos espirituais de desobsessão na casa de orações, quarta-feira, em 19 de novembro de 2014, com os nossos olhos cerrados, algo muito real mostrou-se diante de nossas mentes; porém mais que uma tela de cinema, plasmada, era como se fôssemos levados, sem ao menos percebermos, para um ambiente campal, rústico, de outras épocas, de outros costumes, em longínquo continente. Apresentaram-se muitos homens que, um a um, se agrupavam sobre seus cavalos com grande destreza, tinham roupas e aparência que nos sugeria serem da Mongólia ou regiões vizinhas...

Quem comandava o grande grupo de cavalarianos, era um homem que se destoava pela energia do comando, pelo olhar frio e penetrante, daqueles que impõem nos outros um sentimento diferente de respeito, impõem o medo ameaçador. Esse comandante possuía a fama que lhe antecedia em quaisquer paragens em que chegava: a de fazer os seus inimigos “sorrirem” para ele, sempre. E esse “sorrir” era abrir a faca e a espada os cantos da boca, de orelha a orelha dos seus oponentes. Terrivelmente, ficavam com o “sorriso do medonho”. Gabava-se, esse rude homem, que não havia inimigo que lhe fazia cara feia em sua frente!

Essa peregrinação de atrocidades alongou-se após os desencarnes de toda essa turba de guerreiros. Mantinha-se os mesmos modos, os mesmos grosseiros costumes, mas que agora, algo muito importante aconteceria. E aparentemente estávamos ali para assistir, apreender, e quem sabe nessa comunhão entre energias do mundo espiritual com o anímico estaríamos para um bom propósito.

Em menos de um piscar de olhos, vislumbramos uma força vinda dos céus e que tirou as espadas das mãos dos guerreiros, feito a irresistível força de um imenso, imponderável e invisível imã escondido nas alturas. O insólito estava diante dos olhos de todos, principalmente dos assustados e desarmados homens, que esforçavam-se para não caírem de seus, agora, incontroláveis cavalos que arranhavam com as patas o ar e o vazio. Todas as espadas subiram, velozmente, às alturas, apontando os céus; mas até chegarem a certo ponto. Depois disso, ficaram imóveis. Os homens, incrédulos, não conseguiam tirar os olhos das espadas e no que estava acontecendo. E, de repente, muito lentamente, quase que em câmera lenta, as espadas que pareciam espetadas nos céus, começaram a girar e tomar sentido contrário, com as pontas agora em direção daqueles homens. Aí o alvoroço se fez de vez, todos escapuliram sem direção, para onde era possível. Mas, o grande comandante, foi o único que caiu do cavalo. Ficou estendido no solo de terra firme, fixando o olhar nas espadas nos céus. Chuvas de espadas desceram como raios. E ficaram encravadas no chão até na altura das empunhaduras. Muitas e muitas ao redor do aterrorizado comandante, sem no entanto acertar-lhe uma se quer. Depois daquela saraivada de espadas, parecia que tudo havia terminado, porém, no céu ficou somente uma espada. As pupilas do homem petrificado ao chão, sem forças, sem meios para reagir, nem mesmo para a fuga, reconheceu, de alguma forma, que aquela era a sua espada, a espada que rasgou incontáveis bocas, desfigurando as faces de infelizes vítimas. De imediato, a espada veio a mil em sua direção. Quando ele pensou ser seu fim, a ponta da espada parou a décimos de centímetro entre seus olhos. E assim ficou, em ângulo reto, vibrando uma força ameaçadora, a um triz de ferir ao aturdido homem; sendo que o mesmo ficou ali, estagnado, olhando fixamente para a aguda ponta do início do fio da lâmina, como se seu orgulho estivesse dominado por um invisível oponente que lhe impunha uma derrota nunca antes amargada em suas incontáveis lutas.

Um irmão da Espiritualidade Maior se aproxima sem mostrar-se, e nos vibra em onda mental: “esse nosso irmão, terá que ficar dessa forma, preso, inerte diante da ameaça da própria espada; assim foi feito para auxilia-lo em manter o seu pensamento fixado, sem desviar-se para as outras viciosas questões da brutalidade em que estava acostumado. Usou-se a linguagem que ele entende. Ficará sentindo a ação desse salutar momento para suas reflexões, íntimas reflexões, que, no tempo certo, as fará despertar para outras saudáveis formas de pensar, dando-lhe molde para futuras ações que lhe serão úteis para a sua própria evolução.”

Neste exato momento, nossa atenção foi trazida para o ambiente da reunião espírita, para a mecânica própria de outros acontecimentos e afazeres mediúnicos.



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Mozart - Requiem




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domingo, 16 de novembro de 2014

ROSAS ENTRE IRMÃOS


ROSAS ENTRE IRMÃOS
‘autor’: Nilton Bustamante

Moramos em uma rua tranquila. E de fronte à nossa residência, tivemos por anos um casal de vizinhos que sempre se mostrou simpáticos na cordialidade superficial do dia a dia.
Ele, filho de russos, ela, professora. Era o que sabíamos.
Meses atrás esse vizinho faleceu, passou para a pátria celestial. Algo fulminante. Quando soubemos do ocorrido, havia passado alguns dias. Encontramos a viúva na rua, e ela, emocionada, contou-nos os pormenores. E o que nos chamou a atenção era a calma nas palavras, e um certo entendimento da mecânica da vida... Parecia que ela estava lidando bem com essa dolorosa situação. Disse-nos ainda que há pouco tempo estava frequentando uma casa espírita kardecista, a alguns quarteirões de nossa rua. E, ainda, começou a fazer o Evangelho no Lar (leituras e preces, em dia e horário determinados para harmonizar, espiritualmente, o ambiente do lar).
Com esse ocorrido, surgiu nova realidade, e essa nossa vizinha se aproximou bastante de nossa família e procuramos ser-lhe úteis à medida do possível, tal como imprimir alguns documentos, enviar e-mails, etc. Ela toda agradecida, passou a nos mimar com alguns doces, pães, e muitos sinceros sorrisos.
Certo dia, em nosso quintal, brotaram várias rosas vermelhas, da qualidade Príncipe Negro, realmente muito bonitas. E, era exatamente no dia em que a nossa vizinha veio nos visitar por um motivo qualquer. Fui ao quintal e recolhi uma daquelas rosas perfumadas e minha mulher e eu entregamos de coração aberto para ela. Lembro-me de sua felicidade ao receber a flor.
Entre muitas idas e vindas, durante muitas semanas, essa nossa vizinha chega ao nosso portão com duas rosas: branca e amarela. Estava extremamente emocionada. Ao adentrar em nossa casa, ela nos ofereceu as rosas e começou a chorar... Diante da nossa perplexidade, contou-nos, que, ela foi participar de um Evangelho no Lar com um grupo de amigos, na residência de um deles. E que ao final das preces, um dos participantes (que possui leve retardo mental), disse que precisaria falar com ela, em particular. E o seu coração mal pode se aguentar ao que ouviu... Disse-lhe o rapaz: “No final das preces, surgiram dois espíritos, um era um mentor orientador, e outro era o seu finado marido que pediu-me que desse o recado à sua mulher (nossa vizinha), que ele estava bem e era para ela entregar uma rosa branca e outra amarela em retribuição àquele casal que já lhe havia dado uma rosa vermelha...”

Destacamos que o grupo não conhecia o marido da viúva, e nem nunca soubera qualquer coisa de nós, os vizinhos.
Por isso, bons irmãos, devemos nos manter na fé, na confiança em Deus, que a vida realmente é eterna, que a energia divina é infindável e o amor é o caminho, único caminho a seguir.

Luz, Paz e Amor!
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sexta-feira, 7 de novembro de 2014

CONVERSANDO COMIGO




CONVERSANDO COMIGO
Autor: Nilton Bustamante


Eu falo de mim, porque falo comigo o tempo todo

− Tento me conhecer −

Eu falo do mundo, porque falo com o mundo o tempo todo

Olho raso, olhos fundos e vejo que o mundo tem um olho em todo lugar

Eu acompanho tudo que se move, tudo que para, para aprender,

Saber algo mais, quem sabe alguma escada,

Alguma sacada − ideia ou mirante −, alguma ponte para o lado de lá?



Tenho pressa, mas minha pressa tem todos os tic-tacs do mundo

Uma hora é tempo demais, outras é certeza

Que não se tem nada,

Em algum momento é canção, dessas que a gente quer ouvir pra sempre,

Outra hora é bomba que ameaça explodir nas próprias mãos.



Não tenho mais tempo para aprender a tocar piano, nem pra cantar

Se bem que, em meus sonhos, canto e toco

Música clássica, ópera,

Pelo menos isso, essa outra dimensão, esse supra, esse inconsciente,

Esse sei lá o quê?,

Essas fatias,

Essas composições do solo que formam ao longo da existência todo o ser...



Tenho tempo para aprender o francês, mas a Aliança Francesa quer algo em troca,

E eu só tenho poesias, quem vai querer?

Não tenho medo do escuro, mas continuo ascendendo, acedendo interruptores

Cada vez mais altos

Cada vez mais a um dedo do alcance

Estico-me todo dentro de mim pra amanhecer



E não tenho medo da morte, mas tenho medo de me esquecer de mim

Tanto

Que falo de mim, porque falo comigo o tempo todo

Não sou sábio, nem tonto,

Quero aprender do que são feitas as palavras, esses códigos, esses ícones repletos de sons e sentidos,

Cada um desses portais

Que se abrem, que se oferecem, que se entregam

E eu tento entender pra saber o que há dentro e fora de mim

Se há algo que eu possa aprender, algo a oferecer...



Ah, preciso dizer antes que me esqueça,

Entrar nos olhos dos olhos de todos os olhares

Sem pedir licença, sem bater à porta, sem bater a porta,

Tenho curiosidade com esses brilhos

Tenho fascínio

Tanto pra viajar, visitar os lados intocados da alma,

Tanto pra ficar beira de lago, beira de rio e ficar olhando as águas passarem

E ouvir o que falam, o que tentam murmurarem...



E se um dia não encontrarem as palavras diárias, dos diários do mundo

Que tento escrever, que tento trabalhar

Construir algo

Ajudar algum sentimento se manifestar

É que me encapsulei, virei algum tipo de nave, fui cósmico dentro de cada ser ou não ser diante de um crânio de caveira

Pelo caminho

E fui da borboleta ao casulo, e me transformei em algum tipo de poeta vagamundo...

Porque tenho pressa, mas minha pressa é outra, não é deste mundo...







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Jean-Luc Ponty - Mirage

https://www.youtube.com/watch?v=bKkMvBvyqvE&list=PLA76222610C5A8B0A















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