quarta-feira, 27 de junho de 2012


VAI PENSAMENTO, VAI
     Autor: Nilton Bustamante

Vai pensamento,
atravessa o mar, põe seus pés nas areias, sobe a serra,
arranha os céus, veja o que a distante poesia tem pra mim.
Traga em tudo como tal a recebeu, na forma e conteúdo,
tudo aquilo que o coração disse que era meu...

Vai pensamento,
eu sei, eu sinto, que a poesia tem algo pra mim,
vai mágico tapete, me segue pelos céus,
pela terra e se divirta com o vento.
Traga em tudo o que ela tem a desejar e a me dizer,
que eu não aguento mais esta espera, este suave tormento...

Vai pensamento, vai,
não te demores que eu neste instante sou todo longe,
sou todo distante, não receies o que vai pela noite,
sou neste instante todo areia passando pelo gargalo do tempo,
vai, traga essa poesia pra ser hoje em mim completamente mar...

Vai pensamento, vai!...
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terça-feira, 26 de junho de 2012


BRAÇOS ABERTOS
autor: Nilton Bustamante

quando o peito está totalmente aberto
sem esconderijo algum
pedras poderão vir em sua direção
palavras tortas com intenção de machucar

quando se está pro sol, pra chuva,
quando se está pro que der e vier
só poderá entrar em seu coração o que você permitir,
o que você desejar

quando a vontade é de abrir os braços
receber o mundo
abraçar a vida
é sinal que algo em seu coração aconteceu

nasceu o abraço, a vontade de amar


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CHORAR DE AMOR
 Autor: Nilton Bustamante

O meu coração é teu
Não fala mais o que não quer dizer
Meu coração abre portas e janelas
Só pra esperar o momento que pode ser meu,
Pode ser teu, esse amor

O meu coração é teu
Não bate mais o que não quer viver
Meu coração não quer ser mais nenhum adeus
Ficar pelas esquinas como quem procura
O sonho de sonhar a dois

O que não pode mais ficar pra depois
O abraço que já se despediu uma vez
Não pode mais
Deixar a vida nos separar
Porque chorar de amor
É triste, muito triste, triste até demais...
 
Meu coração não quer mais se separar do teu
Meu coração não quer mais nenhum adeus

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quarta-feira, 20 de junho de 2012

TUDO COMO ERA ANTES
   
Autor: Nilton Bustamante


Vejo pelos caminhos, pelas estradas palavras superadas
Nessas andanças repletas de lembranças com sede de amanhã
Eu quero, eu preciso dos olhares seus e mãos dadas
De amor pra viver, quantas voltas pelos assuntos
Sem sol, sem luz, sem farol sem entrar em setembro

Precisamos nos ver agora, nos abraçar precisamos ver o dia amanhecer
Não dá pra andar por aí inventar mil mundos
Sem colocar nossos pés, precisamos de ruas pra nos ver
Sem asfaltos, tudo como era antes sem deixar nada perder
Pelos novos caminhos, nada mais esquecido, nada mais oprimido

A direção livre, abrir a camisa e o peito pro vento
Eu quero, eu preciso dos olhares seus e mãos dadas
De amor pra viver, o que falta sonhar pra nós dois
Precisamos nos ver agora, nos abraçar precisamos ver o dia amanhecer
Não dá pra andar por aí inventar mil mundos
Sem colocar nossos pés, precisamos das ruas pra nos ver


Toda vez que você é Universo
Sou verso
Sou quem morre, abre os olhos e vê a Eternidade chegar...

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http://www.youtube.com/watch?v=0t0UuHvMI18&
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terça-feira, 19 de junho de 2012



CANÇÃO FRIA
 autor: Nilton Bustamante

E como se a neve caísse suave

Queimasse pouco a pouco e não se sentisse
Nem o frio, nem a dor...

Leve e transparente tecido
Deixando-nos a sós,
Uma nave partindo desconhecido
A mulher amada no colo, presa somente com um beijo
Condoído, delicado
Soluços, gritos, vulcões seguros com as palmas das mãos

E apenas palpitar os arrepios
Sem que pudesse esconder ou se arrepender
Apenas fome de amor...

Talvez a fome seja sua, talvez seja minha
Dizer sem querer que há saudade
Há falta, há lágrimas nas partidas e nas chegadas

Essa mão? Quer mesmo saber? Não percebeu ainda?
É a minha, alisando essa saudade, essa vontade de jorrar você!

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Klaus Nomi - The Cold Song
http://www.youtube.com/watch?v=3hGpjsgquqw&

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sexta-feira, 15 de junho de 2012

OLHA PRA MIM



OLHA PRA MIM
Autor: Nilton Bustamante

As nuvens que estão em meus olhos
São saudades
São lágrimas de verdade
Quando meus lábios tentam dizer
Seu nome, essa vontade
Buscando aos seus
Eu fico sem saber o que fazer


Pra que então possa servir guaches e crayons
Deslizar vastidões
Páginas em branco
Querendo os íntimos segredos,
Se minha alma de quedas e buscas
Precisa de sua companhia
Dando vida às minhas tintas, acelerar meu coração?

A cada bifurcação a indecisão: entrar no navio com você
Ou ficar no cais acenando pra nunca mais...

Olha pra mim, diz o que você vê?

Como que fosse possível rasguei todos os sinais de fumaça
Deixei tudo que me faz ter razão
Me abraça então
Passe seus cabelos em meu rosto
Que o abraço é tanto do querer sentir
É tanto que faz segurar, não deixar partir

Fechar os olhos com essas nuvens todas
Deixar chover por dentro de nós dois
Sem receio algum
Encostar nossas peles como se fossem tapetes mágicos usados pelas nossas almas
Em encontro de amor...

Olha pra mim, diz o que você vê?
Olha pra mim, diz o que você vê?


Todos os meus céus estão nublados... esperando você




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SOS d'un terrien en detresse
http://www.youtube.com/watch?v=DTiDjta7aPA&





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sábado, 9 de junho de 2012


FICA ASSIM COMIGO
Autor: Nilton Bustamante

Eu sei que entre nós
É mesmo assim
Vem tudo avalanche
Perigo constante
Eu sei que essa coisa
É mesmo assim
Vem tudo juventude
Querendo que mude tudo o que precisa que mudar

Ah, meu amor,
Esse grito infinito
Faz ficar tudo mais bonito, o céu em nossas mãos
Parece ser até possível sorrir,
Suspirar em paz
Ah, meu amor,
Fica assim comigo
Eterna namorada
Toda primavera das manhãs
Respirar essa vontade de amar cada vez mais e mais

Eu sei que entre nós
É mesmo assim...

Quanto mais os dias nos afastam
As noites vem nos abraçar

Porque somos um pro outro... feitos de amor



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Al Green- Rainin' In My Heart
https://www.youtube.com/watch?v=fPxp5BRhKWM

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sexta-feira, 8 de junho de 2012


O PIOR DOS MEDOS
música de "Caval & Nilton Bustamante"

http://www.youtube.com/watch?v=whd6idVQmEQ&
(voz e violão: Caval)

Ah, meu amor réstia de sol
Seja nessa noite escura meu farol
Doce a chuva em que cais
Dança dourada dos trigais
Apazigua os temporais
Meu motivo de viver
E que me faz morrer em paz

E nas noites em que não estás
Tudo se faz escuridão
Vida adoece perdida
Na imensa solidão

Ah, meu amor nessa noite
Minh´alma transbordou
Você é minha canção
Que algum querubim cantou

Ao som da lira dos arcanjos
Das cítaras dos serafins
Embebedo do seu cheiro
E a saliva que nos une
Cola o seu corpo em mim
 
Até o claro das manhãs
Vir trazer a maldição
Que virá nos acordar
E o medo de voar
Devolva os nossos pés no chão
 
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domingo, 3 de junho de 2012


DESPERTAR
 Autor: Nilton Bustamante

Nesta manhã eu poderia ao abrir meus olhos ter acordado sem o peso de meu corpo. Eu poderia ter despertado da noite do sono e me sentir diferente, em outro lugar, em outra condição... Se a vida piscasse seus olhos, que alguns chamam de “morte”, e nesse ínfimo instante do intervalo, “passagem”, e procurasse eu me restabelecer e firmar minha visão para me situar melhor, talvez ficaria para trás mil abraços que não me esforcei ou não quis dar, e um outro tanto de dar de mãos com a força da tolerância que não apertei ou não quis dar; talvez eu verificasse que não cuidei do meu corpo físico como deveria, que negligenciei com a saúde da minha mente, e meu campo mental não houvesse nem flores, nem coloridas cores...

Talvez verificasse quantas trincheiras de dogmas e desculpas me escondi, quantas armadilhas distribui para outros caírem para os meus inconfessáveis propósitos. Talvez procurasse meu pai, minha mãe, minha mulher, meus filhos e os amasse de verdade, talvez procurasse meus conhecidos amigos e vizinhos e lidasse com todos com alguma dignidade e respeito, talvez me recolhesse e orasse por todos quanto ficaram nas filas dos inimigos e contrários e um a um do meu peito vibrasse algo de bom para novos caminhos, novas pontes, e tudo entre nós se facilitasse...

Talvez eu tiraria a mira do meu umbigo e apontasse minha fronte para o alto, ou levasse minha visão para dentro de uma flor e conseguisse ir para o além do além dos céus e procurasse com simplicidade o amor de Deus, sem barganhar, sem pedir, mas, pensando bem, para não perder o costume, provavelmente pediria sim mais um desejo, esse agora de que o Amor se instalasse de vez no peito da humanidade e um só coração pulsasse em paz no ritmo da bendita vida e nos ensinasse que não é preciso perder a individualidade para se expressar o plural da felicidade!

Eu poderia ao abrir meus olhos ter acordado sem o peso de minha consciência. Eu poderia ter despertado da noite do véu do esquecimento que meu espírito passa planetário, e ter percebido que não desperdicei meu tempo das oportunidades, que por companhia ficasse apenas a leve saudade e a compreensão que tudo nessa vida terrena é mesmo piscar de olhos, menos a Eternidade!

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