domingo, 19 de abril de 2015

UM POUCO MUITO DE VOCÊ


UM POUCO MUITO DE VOCÊ
Autor: Nilton Bustamante

porque eu amo não pergunto eu afirmo confirmo firmo
porque eu amo assumo sumo consumo...
porque eu amo todo esse torpor esse vapor esse odor
essa taquicardia
essa pressa sem vírgula sem ponto sem sossego
esse peito suspirando estufando tecendo lágrimas apertando as narinas
despindo doce
descobrindo segredo
que não conto não digo pra ninguém

é um tanto do abraço apertado desses de fazer bisnaga de patê de você
morder sem querer os próprios lábios entregando-se
mostrando o que está contido escondido nascendo da ebulição
explosão de vulcão

é pegar uma flor e deixar no mesmo lugar
deixar o que é lindo em paz
deixar o beijo beija-flor nutrir o desejo voar pra mais alto pro mais arriscado
ir ver o mundo da miragem
guardar no olhar o que o amor tatuou
e ficar eterno
e ficar terno cuidar das palavras cuidar do silêncio
não arranhar não machucar nem na entrega nem em qualquer condição
passar as mãos moldar corpo pensamento permissão
cada dia estrela nascendo gemendo nova constelação

desses amores que dá vontade de correr pra chegar logo
que o tempo de espera seja breve
ficar na varanda ouvindo suspirar os pulmões do ser amado
e a vontade de deixar cada vez mais claro o que foi confuso deixar virar brisa
sentir os dedos percorrendo sorrisos dedilhando canções

o que eu olho o que vejo tem sempre um pouco muito de você

porque eu amo
amo muito

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BEATLES - Because
https://www.youtube.com/watch?v=Fgq2tLvBhZ4

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quarta-feira, 15 de abril de 2015

LARANJEIRAS


LARANJEIRAS
Autor: Nilton Bustamante

Cada branco do suave que vai-se ao longe, doce
Colares antigos
Com todas as marcas, todos os sentidos
Tudo o que foi mordido, tudo que não consigo esquecer

Pelo bairro entregando todas as ruas pra andarmos
Todos os olhares
Todos os lugares
Que não conseguimos fugir
Nem o tempo que não terminamos ontem

Laranjeiras
Todo bairro, todo barro, mares e aviões passando pelo azul
Fazendo o corpo tremer
Correndo pro abraço, daquele abraço que não terminamos
Nem ontem nem hoje

Pelos muros altos e baixos
Olhando mirando cada canto, tudo o que foi possível
Nem tudo permitido
Só um beijo, faltou o beijo, e o que foi jura agora é tormento
Agora é Laranjeiras
Laranjeiras
Laranjeiras
Essa bata fica tão bem em você, esse sorriso com sotaque
De querer rir
Comer e lamber os beiços querendo querendo querendo ficar
Laranjeiras

Não diga mais o que foi belo ficou pra trás
Tudo que se move, direção certa, alcança
Como alcanço agora esse céu azul nessa noite cinza
Correndo pra tentar ouvir quem vem cantando alto
Sorrindo pedindo
Laranjeiras
Laranjeiras
Eu só quero é me apaixonar
O que não terminamos ontem, ficou pra hoje

Ficar azul, Laranjeiras
Laranjeiras
Ficar azul, Laranjeiras

Laranjeiras, eu só quero é me apaixonar... por você





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(inspirado na música ALL STAR _ Nando Reis)

Cássia Eller
https://www.youtube.com/watch?v=MdxmoSJeUMg


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terça-feira, 14 de abril de 2015

PARA FECHARMOS OS OLHOS

     Arthur Tress, Office Workers


PARA FECHARMOS OS OLHOS
Autor: Nilton Bustamante
Ah, você sabe bem que sou emoldurado de carne, sangue e paixão
Que não sou, não consigo, nem um pouco, ser alma só, ou só pele
Sou do avesso para quem olha e me cobra o que não posso oferecer,
Nem ao menos a paz − tenho muitas guerras,
Tenho contradições

E as palavras, ah, as palavras, não me deixam o vazio
Me suspendem no pau de sebo para ser prenda de mim mesmo
E se não soubesse
Pensaria que as alturas eram somente para as vertigens
Mas são para a salvação do voo
Da possibilidade de acreditar ser mais leve que o próprio ar,
Que o próprio pensamento
E quem sabe, em algum descuido... amar

Ser vadio a tal ponto de ter todo o tempo do mundo para fazer poesia
Se arriscar, deitar-se em branco papel
E colocar o que chamam coração e suas cores
No mesmo voo, na mesma vertigem, em tudo que nesse mundo possa ser
Contradição

Mas, olho nos olhos
Até a raiz das vidas que ficaram passadas
E quero que o amor esquecido, a gentileza envelhecida
Sejam agora novas manhãs
Dessas que fazem o sorriso sorrir
Dessas que enternecem o gesto
O toque
O retoque
Para se sentir diferente, atraente
Para se olhar no espelho e ver o bonito que se quer mostrar
E tudo tão perdidamente ingênuo
Que não haverá culpas
Não haverá vendas nem permutas
Os sentimentos serão por eles mesmos o que tiver que ser

Hoje, quis falar para você que meu coração bateu um pouco mais forte
Acelerou um compasso a mais,
Desafinado, talvez cansado,
Que ainda clama
Que ainda queima, arde, e pede para fecharmos os olhos
E deixar nascer o beijo
Como quem vem ao mundo
Em salgadas lágrimas, talvez o medo, talvez as sensações desconhecidas
E entregar-se para tudo o que for chamado VIDA!


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Alberto Nepomuceno – Suíte Antiga - Ária
https://www.youtube.com/watch?v=UeAfKwIUocw
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sexta-feira, 10 de abril de 2015

VOO BEIJO


VOO BEIJO

Autor: Nilton Bustamante

Trocar o hálito da vida
Lamber tudo que não for ferida
Encostar o carro e buscar a pé cada calçada
Cada golpe de vento
E se fazer ir contra o mundo pra levantar voo

Esta poética deixar pela metade, deixar pra depois

Pra não querer tudo em única vez
Melhor areia movediça
Quanto mais se mexe mais se afunda
Quanto mais se busca
Mais e mais a incessante procura

Hoje é preciso a noite, as madrugadas

Tanto que minha tarde foi linda
Foi pelos olhares
Quando te encontrei
Nas calçadas, contra as ventanias e os ventos

Ensaiei o beijo que veio voando, voando, voando
Já sabia que era o teu...


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Gisela João - Vieste do Fim do Mundo
https://www.youtube.com/watch?v=TdL-MHtRzD4




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quarta-feira, 1 de abril de 2015

ESPANTO


ESPANTO
Autor: Nilton Bustamante
Enquanto eu vento vejo teu encanto que das flores és sonho meu
Em primeiro encontro
Eu que prometi um dia a não mais sentir o que da alma fosse deste encanto
Tenho que admitir que não tiro os meus olhos dos teus
Em alucinante som de amor pelos meus cantos que são todos caprichosos labirintos
De tal maneira e jeito que não faço outra coisa que me apaixonar
Suspirando alisando as imagens de nossos molhados encontros
Desses dos amantes que não se desgrudam,
Nem que lhes peçam nem que lhes apontem os defeitos dos excessos
Enquanto eu canto a poesia que me provoca se faz cada vez mais sentida
Cada vez mais mordida em teus lábios aceitando o beijo que agora é todo teu
Ah, o desejo que ora está longe, ora está feito brincos e colares enfeitando
O teu corpo nu
Abrindo a janela e dando boas vindas à brisa
Que traz notícias minhas
Que enlouqueci, que os desejos são açoites cortando o profundo de minh'alma
Tanto, tanto que sofri agora hei de rir sem se importar se corro perigo,
Ou se desejo apenas o doce do abrigo
Feito quem lambe as entranhas e se diverte com as tatuagens
Que queimam febris...
Ah, meu amor, tu que em um ardido grito
Deu tua independência, que não mais te importa em mostrar-te
Do teu jeito
Do teu sozinho caminho
Que agora tem as marcas de nossas formas,
Tem agora o salgado e o doce de nós dois
Em rastro de felicidade que, por tudo que passamos, já foi indelével disfarce
Pelo mundo de verdades e mentiras
Tempo, mostra-nos, oh, sim, mostra-nos que tu és agora nosso melhor amigo,
Que a vontade é maior e a certeza é o nosso melhor espanto, nessa perdição e encontros de amor!
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Gisela João
https://www.youtube.com/watch?v=TdL-MHtRzD4
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