terça-feira, 30 de novembro de 2010

DEPOIS DE VOCÊ... CHEGAR


DEPOIS DE VOCÊ... CHEGAR
 Nilton Bustamante

Quando tudo parecia escuro
Quando tudo era frio

Quando fui antena no telhado
Vendo o longe do mundo

Quando gritei em silêncio pra ninguém ouvir
Imaginando onde estava você, senti...

Quando cerquei um pedaço do céu
Em volta das estrelas, em volta do sol,
Pensei que não fosse possível, nada era possível

Quando tudo parecia sonho, já era verdade
Depois de você... chegar
O sol, o coração, o amor
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TÃO SÓ EM PARIS


TÃO SÓ EM PARIS
autor: Nilton Bustamante

Nunca estive tão só em Paris
Seguindo pelas ruas que nunca andei
Sentindo os aromas daqui e pensando ser de lá, pensando ser francês

Seguindo com o olhar aviões que nunca voei que deixam suas marcas no ar
Ouvindo as línguas estrangeiras querendo encontrar alguém por lá
Que busco desde cá, desde sempre, desde para sempre
Eu que nunca estive tão só
Cadê o Concorde, cadê os acordes do velho acordeon no metrô?
E os pintores loucos tingindo suas telas?
E os poetas roucos gemendo suas letras?
E os casais nos cafés, deixando o mundo para trás?

Ruas, vielas, alamedas...
Souberam dos vinhos que tomei

Sigo zonzo, sigo tonto, sigo torto,
Por Paris que nunca fui, que nunca pisei...

É que eu tenho um coração que cabe todas as tonturas, todas as loucuras,
Até pensar que sou poeta, poeta que basta bater asas pra voar...

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Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain
https://www.youtube.com/watch?v=aip3836VtZ0


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VESTIDO DE NOIVA


VESTIDO DE NOIVA 
Autor: Nilton Bustamante

Pérolas fundo de mar em negro véu madrugada,
Princesa dos meus campos insinuando mergulho
Olhos fechados...

São tantas as peles pra se tirar,
São tantos os mistérios,
Câmera lenta desfilando desde o primeiro olhar,
São tantos os céus, tantos lugares em meu altar...

Não é por nada, é por tudo,
Quero você sem pele alguma,
Nada por baixo, tudo por cima,
Sem biombos, sem paredes, sem esconderijos
Em nossos olhares...

São outras purezas, outras virgindades para se romper,
Nossos passos sozinhos ficarão para trás,
Será o rompimento de uma época
Que fomos sem um e o outro, hímen rompido da solidão...

Ouça, ouça, há uma mensagem em nossos corações:
Para que possamos ser fim, precisamos ser início
E nos encontrar
Almas abertas e nada mais...

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Coldplay
http://www.youtube.com/watch?v=pGATB1Y5Gug


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CAOS E CAIS

                
                   

CAOS E CAIS
 
Nilton Bustamante

Se esse pássaro que voa branco
Se transformasse em veleiro
Continuaria empurrado pelo ar

Se esse pássaro que voa livre
Se transformasse em emoção
Continuaria sendo meu coração

Antes que eu grite o medo das alturas
Antes que eu grite a falta e a solidão
Quero ser esse pássaro voando livre pelos ventos
Quero ser esse veleiro seguindo livre no mar azul
Só pra rir das tempestades
Que pulam sobre rochedos e se acabam em caos

Enquanto eu apenas for pássaro-veleiro-coração
Entrego-me feliz ao amor,
Parte de mim a cada cais...

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domingo, 28 de novembro de 2010

SE QUERES


SE QUERES
Nilton Bustamante

Se queres morrer basta viver
Se queres viver basta saber
Se queres saber basta ver
Se queres ver basta crer
Se queres crer basta morrer

Morremos aos pedaços, para logo mais sermos inteiros
 
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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

FRANJA



FRANJA
Nilton Bustamante

Você reclama da minha franja
Diz que não consegue ver meus olhos
Se eu consigo ver os seus que estão do outro lado da mesma franja,
Então algo lhe impede; não sou eu.

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terça-feira, 23 de novembro de 2010

ANDORINHA DO MAR



Andorinha do Mar
Nilton Bustamante

Ser andorinha está na minha sombra,
está no ar que corto,
voos que só eu sei

Vertigens em meu peito... sentir o momento,
voos que eu sei só

Não preciso escrever o caminho, a cartilha, o mapa,
mas, saiba...

Se desejar entrar em mim terá que ser mar

Se desejar me levar terá que ser ar

E, nos seus seios, livres,
sentir o que não digo,
sentir o que eu sinto

Pousarmos longe daqui

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(linda canção)

les swingle singer - JAZZ SEBASTIEN BACH 3/23 - Aria dalla Suite n°3 in ReM BWV 1068 (1963)
https://www.youtube.com/watch?v=soZwC7eN8TI



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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

NOSSOS CÉUS


NOSSOS CÉUS
Nilton Bustamante

Quando eu quis voar, voar, voar
Olhei pro céu
Busquei o imenso azul sem faróis, sem paredes
Estrelas e mistérios busquei sem saber se iria dar certo

Quando eu quis amar, amar, amar
Olhei pros seus olhos
Busquei o imenso mar sem faróis, sem perigos
Estrelas e mistérios busquei sem saber se iria dar certo

Quando eu quis voar e amar
Olhei pro amor
Percebi que maior que a dúvida se iria dar certo
Estrelas e mistérios foram beijos, abraços e momentos

Do silêncio e voar pela madrugada sorrindo,
Enquanto o mundo dormia lá fora
Nós dois conhecendo nossos céus
Pedindo um do outro mais e mais...


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domingo, 21 de novembro de 2010

SOON



SOON
    autor: Nilton Bustamante

Quando tudo parecia ter virado morto pó, chegado ao seu triste final, traço de luz rasgou a escuridão
feito cometa que vagueia triste solidão.
− De tão rápido é bem capaz de ninguém conseguir ver. Nem mesmo eu... Mas, eu vi, eu sei.

Quando tudo parecia ter virado o nada, sem a beleza de canção, as cinzas foram lambidas pelo novo fogo pulsando brilho das sete mil cores.
− O que parecia o vazio, surgiu, subiu delicada cósmica poeira de mil e uma bolhas de sabão.

Ergueu-se, dançando o que antes era chão.
Agora facho de luz feito magia atravessando transparente em suave voo entre minhas mãos.
Percebi, então, havia o tempo todo vida. O tempo todo a improvável dança entre poeira e luz.


Eu que não via, eu que não sabia...


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YES – Soon
http://www.youtube.com/watch?v=WybjHMUTFhM&

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sábado, 20 de novembro de 2010

ÓPERA

ÓPERA
Nilton Bustamante

Fígaro, Fígaro, Fígarooo!...

Onde meus ouvidos estavam que não ouviram o auge? Fígaro, Fígaro, Figarooo!...
Do camarote meus olhos secos, inertes, feito olhos de espião, fixavam aquela mulher que brilhava como diamantes nas vitrines de Amsterdã. O seu semblante de realeza, com certo ar de inocência em contraponto com o generoso decote a mostrar a ânsia dos seios estufados, me fascinavam.

Será que estou tomado das manifestações do amor, primeira vista?
Não perdi um ato daquela mulher, já quanto à ópera... Cada movimento, pura poesia. Qual será o seu nome? Mas o que importa? O teatro tornou-se tão pequeno, tão vulgar, tão inadequado para aquela beleza... Ah! Se ao menos eu possuísse um castelo em Sevilha iríamos passar longas tardes pelos jardins, a visitar cada flor, a sentir cada perfume e a admirar todos os tons. Quem sabe adormecer em seus seios?... De súbito, fecharam-se as cortinas. O clamor do BRAVO, BRAVO, BRAVO! ecoou de forma estridente. Todos se levantaram e a confusão foi generalizada. Onde está o meu amor? Desci as escadarias desesperado à sua procura e nada... Afinal, seria mesmo um sonho? E então, aos poucos, no meio da multidão, uma silhueta já familiar. O que fazer? Para onde fugir?

Oh! meus santos! Era ela e está vindo em minha direção...

O inevitável, frente a frente.

Disse-lhe, totalmente acuado, quase assustado:
- Eu não possuo um castelo em Sevilha, mas tenho as flores. Eu não tenho nem sequer a coragem de lhe beijar, mas estou febril.

Ela sorriu, sem nada entender, beijou minha face e se foi...

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Ária: Largo al factotum - O Barbeiro de Sevilha
http://www.youtube.com/watch?v=5ZE3_Ne_aAc
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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

YOUTUBE - MINHAS PARCERIAS MUSICAIS


YOUTUBE - MINHAS PARCERIAS MUSICAIS
aqui alguns trabalhos que tive a felicidade em participar fazendo as letras.
São apenas gravações/registros. Estão à disposição para intérpretes que quiserem gravar. 

1
LEBLON (Murilo Mauhá – Nilton Bustamante)

2
ME FEZ ACREDITAR (Luciana Costa – Nilton Bustamante)

3
O HOMEM E O CAPIM  (Fernando Cavallieri – Nilton Bustamante)

4
BRUNA (Murilo Mauhá – Nilton Bustamante)

5
ACREDITANDO EM NÓS MAIS UMA VEZ  (Gil Cardoso – Nilton Bustamante)

6
SEUS OLHOS  (Rafael Iasi – Nilton Bustamante)

7
SÓ DEPENDE DE NÓS   (Daniel Pessoa – Nilton Bustamante)

8
SOU BEM ASSIM    (Bruno De La Rosa – Nilton Bustamante)

9
ENLOUQUECER EM PAZ   (Rafael Iasi – Nilton Bustamante)

10
MEXE COMIGO  (Apá Silvino – Nilton Bustamante)

11
MAPA DE AMOR   (Luciana Costa – Nilton Bustamante)

12
ADEUS (Nando Távora – Nilton Bustamante)

13
TENHO MEDO (Tato Fischer_um dos fundadores dos Secos&Molhados – Nilton Bustamante)

14
ASAS  (Daniel Pessoa – Nilton Bustamante)

15
EXILE (Sonekka – Nilton Bustamante) – versão para o Inglês: Elder Braga

16
OLHARES NA MADRUGADA (Gerson Conrad exSecos&Molhados – Nilton Bustamante)

17
O QUE VEM POR AÍ (Bruno De La Rosa – Nilton Bustamante)

18
SIMPLESMENTE AMAR (Sonekka / Nilton Bustamante)

19
SANT'ANNA (Marcio Bragança / Nilton Bustamante)

20
NESSAS HORAS (Sérgio Murilo / Nilton Bustamante)

21
TUDO E NADA (Sonekka / Nilton Bustamante)

22
EXPRESSO ORIENTE (Marcio Bragança / Nilton Bustamante)

23
O QUE VEM POR AÍ (Bruno De La Rosa / Nilton Bustamante)

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CAMPANÁRIO DO AMOR


CAMPANÁRIO DO AMOR E JOANNA DE ÃNGELIS        18-11-2010, 06h00
        (por Nilton Bustamante, em desdobramento de alma)

Entremeada de campos que espalham paz em seus diversos verdes, destaca-se uma gradativa elevação coroada por uma construção que lembra um mosteiro, simples nas formas. Na parte central um campanário. Incontáveis freiras, silenciosas, concentradas em seus afazeres mais prementes de atenção atendem os desvalidos. As mãos, mente e coração de cada dessas religiosas formam interessante triângulo de luz. A interligação: a união entre o labor, intenção e sentimento. E muitos que aí chegam nem tem forças para mais nada. São os chamados “aqueles que ficaram no meio do caminho”. Recebem atenções especiais. O amor e o carinho, são as boas-vindas ofertadas pelas sereníssimas irmãs.

Uns chegam com as mentes torturadas, outros dilacerados pelas dores do arrependimento, outros cambaleantes, outros rastejantes. Uma força maior faz sentido movimento no íntimo desses menos afortunados que são vítimas de si próprios, de pretéritas ações viciosas nas irresponsabilidades do ser. De um modo ou de outro, chegam neste oásis da Redenção. Imediatamente, cada qual desses necessitados, recebem o abraço generoso, reconfortante, vibrações de preces benditas entornam conforto espiritual.

Próximo do lugar, um prolongado lago. Mais que espelhar a calma das águas, espelham a imagem de Jesus de Nazaré. Só de olhar, só de mirar tal quadro surpreendente logo se recebe benefícios incalculáveis, indescritíveis: cargas energéticas agem instantaneamente iniciando no tratamento para equilibrar mentes e corações desestruturados, necessitados de balsâmica regeneração.

O trabalho é incessante. Apesar de ser um vai-e-vem gigantesco, há ordem, há disciplina. Mas, o trabalho não se mostra por inteiro para quem vê apenas esse quadro, para quem vê apenas esses movimentos sem parar. Toda as seis horas da manhã e as seis horas da tarde – no tempo dos homens da Humanidade terrestre – essas irmãs regressam ao mosteiro que parece estar no alto do mundo, e lá, no interior, essas bem-aventuradas fazem coro à missa, missa celestial. Tal é a magnitude desse agrupamento de fervor caritativo, que a união das preces se concentra e toma "corpo" e vai em direção do grande sino ao alto do campanário, Campanário do Amor, que o faz ressoar; e a amplificação abraça um sentido absoluto nos planos divinos, que está muito além do que se possa explicar nos parâmetros humanos, aos parâmetros dos campos de realidade do homem terrestre. Aquela imensa energia beatificada é espargida, expandida, por todo o planeta Terra. Caem, suavemente, verdadeiras cachoeiras sem-fim de salutares vibrações que ainda o coração humano desconhece pulsar. Os endereços visitados são os agrupamentos de seres infelizes, ou de nossos irmãos planetários que estão à espera de um abraço, de uma palavra amiga, de um carinho, atenção – mínima que for –, necessitados de alimento para o corpo físico e de alimento para o espírito; irmãos nossos que já não têm forças para buscar ou prover suas próprias necessidades de sobrevivência, irmãos nossos que estão enclausurados nas fotografias mentais enternecidas de suas experiências inglórias, irmãos convivendo em lares que não conhecem a fraternidade, ou não se decidiram ao bem-querer, ou àqueles descrentes da vida, descrentes de si próprios, descrentes de tudo...

Se não houvessem esses apoios sistemáticos da Espiritualidade bendita, a humanidade já haveria sucumbido há muito tempo, pois ela por si não se sustenta.

Há de salientar que a prece campal, celestial, nesse verdadeiro santuário, o Campanário do Amor, quando das seis horas da tarde, a amplitude é significadamente muito maior. Nossa Mãe Maria Santíssima rege verdadeiras caravanas de seres que estão nas melhores alturas da hierarquias da Espiritualidade, visitam os filhos de Deus, encarnados ou desencarnados, que precisam de abrigo amigo, de saneadores cuidados para seus corpos físico ou espiritual. Nenhum habitante desse planeta Terra é esquecido, ou deixado de lado, a não ser que tomado de orgulho e arrogância o esfomeado não queira o alimento, a não ser que o adoentado não queira o remédio... e mesmo assim, todo o amparo é prontificado pela Caravana do Amor.

Voltando ao cenário do Campanário do Amor, onde tudo é paz e ordem, vemos muitas freiras, muitas incansáveis trabalhadoras em Cristo, todas de túnicas e sandálias simples e somente uma destoa-se, pois é de estatura pouco menor do que as outras e seus pés estão descalços. Minha pergunta chega com a resposta imediata: "Sim, é Joanna de Ângelis!"

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terça-feira, 16 de novembro de 2010

TREM DE PRATA



TREM  DE  PRATA
Nilton Bustamante

                        Em meu sonho te vi
                        Sem contratos de sentimentos
                        Etérea
                        Pura
                        Sensata
                        Amada
                        Serenata
                        Fluido
                        Amor
                        Em meu sonho te vi
                        Convidando-me para o trem de prata
                        Lua
                        Trilhos
                        Leito
                        Entranhas
                        Ereto
                        Perplexo
                        Completo
                        Em meu sonho te vi
                        Querendo ser feliz
                        Abraçada
                        Sonhada
                        Beijada
                        Mimada
                        Suada
                        Debruçada
                        Perfumada
                        Em meu sonho te vi
                        Totalmente acordado

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Joe Cocker
 http://www.youtube.com/watch?v=A-TO_5EbH1I

CELA


CELA
 autor: Nilton Bustamante

Pense em cada esquina uma menina
Que espera, espera perdida
Pense que o corpo fica e a alma voa
Canto qualquer, sequer uma direção

Lamber as vidraças sem menor graça
Ficar tão à toa, se enganar
Que tudo foi lindo, genuíno capricho
Num conquistar vazio, vazio perdido

Bocas que desgarram sem nome não
Decoradas, sem apelidos, com fome
Em tristes trincheiras sem vitórias
Sem memória, sem outra história

Pense que pode ser tudo diferente
Algo mais decente, algo mais próximo
Do amor, ou algo assim
Por favor, pense na possibilidade de outra opinião

Beijar e gozar no dinheiro que vem
Sem vida, teatro imaginário disfarçado
Acreditando ser até feliz
É repetir piada sem graça, que ninguém ri

O que não se diz é que o medo vem
O cru temor da exposição, apenas
Quem está escondido atrás do coração
Tem medo, medo de sair

E a criança que já é homem não cresce
Não cresce, não cresce, e julga ser igual
A tantos outros com copo na mão
Atordoados, perdidos, sem sentido

Sem nexo, quase sempre agredindo o sexo
Ficam sem rumo, sem prumo, sem distinção,
Apenas condenados pela própria opinião
Que tanto faz um corpo boneco
Um corpo vadio amargando a privação

Pense em cada esquina aquela menina
É cada um de nós
É cada um que faz da procura uma cela
Que aprisiona e faz sofrer ainda mais a solidão
E solidão é a distância entre a própria alma e o coração

O calor que se esperava, mesmo de qualquer sol fingidor
Foi apenas solidão, solidão e nada mais





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Skyfall
http://www.youtube.com/watch?v=q-gLRp5bSpw

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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O ANJO DAS OLIVEIRAS


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O ANJO DAS OLIVEIRAS
Autor: Nilton Bustamante
Acordar-se vivo e não saber.
Encarnar-se em restrições.
Crescer e andar até a próxima esquina permitida e imaginar a próxima curva. Fazer eco para ouvir até onde se poderia ir. Até onde vai o mundo. Assim eu girava planetário.
Dentro desse limite absurdo estava eu preso, quase inconsciente.
Alguns pássaros, alguns cavalos soltos provocavam toda minha falência, se desviavam das pedras lançadas pelo meu receio do diferente, ou por serem além da próxima esquina.
Nesse estado de calamidade uniam-se outras demências de difícil convívio. A pobreza humana aflorava-me, ainda mais o egoísmo, os ciúmes, as inverdades... Até o ponto de achar que o mundo acabava logo ali e o hospício cabia todo dentro, dentro de mim.
A sexualidade em seu desabrochar foi-me prematura.
Ao sentir-me afogado no mar da vida pedia respiração boca-a-boca, vinha o beijo. Nesse deserto do meu entendimento, na força da maré do crescimento encontrei alguém que estava com as chaves; usei-as e entrei em mim. Consegui atravessar a rua e do outro lado olhar-me sem espelho. Notei que carregava todos os efeitos das pessoas que fui – e sou – relacionadas em múltiplas vidas com os meus sentidos acústicos. Chegaram a ser personagens dos meus pesadelos e alguns encantos.
O homem que me deu a possibilidade da clareza era um anjo, de asas tortas, uns 30 anos mais velho chacoalhava-se em trem, trabalhava sem descanso, carregava seus traumas – infância difícil –, deu seus gritos, deu seus tapas, tomou seus pileques, mas superou-se seguindo com afinco a sua reforma íntima. Sempre trabalhador na seara de Jesus, com muitos amigos da Espiritualidade atuantes em tarefas diuturnas, foi o ser humano que mais se mostrou humanista pra mim; que melhor mostrou a delicadeza de ser; entendia a humanidade terrestre tal como ela é, dava-lhe o valor devido. Amava-a profundamente. Falou-me sobre a Santidade do Pai; apresentou-me a divindade que habita na essência dos filhos de Deus, a espiritualidade
– nada sabia eu.
Suas palavras poderiam ser duras ou dóceis, tudo dependia como meu íntimo as fariam ecoar. Sem dúvida, possuía o melhor método de ensinar poesias: ficávamos no interior dos interiores olhando calmamente os brilhos dos astros em noite amiga; nos centros das flores seguíamos; nas poeiras das estradas dávamos graças; abraçávamos árvores; ríamos da felicidade em fazer xixi na mata em noite fria – muitos professores poderão ensinar o que é poesia, muitos não saberão fazê-la.
Esse anjo disfarçado de homem, amava as pessoas como irmãos universais, orava por todos. Trabalhava espiritualmente tanto, que se confundia em que plano permanecia.
Seu tempo minguando, sua lembrança fugindo, nosso cordão se rompendo, e lá se foi o homem-anjo voltar para as estrelas que é seu lugar. Uma semana após seu aniversário, vieram me dizer que mais uma estrela nasceu em vinte e oito de dezembro de dois mil e três.
Na mesma noite, veio visitar-me – eu sabia que viria –, sem abraços, breve diálogo mental, diante dos meus olhos tornando-se cada vez mais novo até transformar-se em menino, criança, angelical, livre, sendo levado em companhia de um homem de vestes do tempo antigo, casaca e cartola, deixando para trás a mim, que agora sabe da existência de Deus, e da importância de todos os seres fazer poesias.
A oliveira deu seus frutos, dos frutos o azeite puríssimo que permitiu a chama de minha alma.
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N. A.: Homenagem ao meu mais amplo amigo, irmão, professor, anjo das oliveiras, e mais que um pai, Rubens de Oliveira.



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Adagio in G minor by Albinoni
https://www.youtube.com/watch?v=RkXmVB6-L8E
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ELEIÇÕES




ELEIÇÕES
  Nilton Bustamante  
            
Nos momentos que as forças políticas, sociais, econômicas, étnicas, religiosas, se atritam surgem toda sorte de exposições: dúvidas, revoltas, apoios, medos, sátiras, lutas, mortandade... É histórico. Afloram as feridas, ressentimentos, vinganças, golpes. Continuísmo ou queda.


O homem explora o homem. É repetitivo. A tendência em sobrepor-se ao mais fraco tem algo de origem no bicho-bicho.


O homem não é só bicho-homem, é também homem-homem. Evolução.  


Na História há constrangimentos pelo sangue derramado, pela falta de capacidade em ouvir, ceder, respeitar, aprender... Ignorância, ganância, ambição mórbida, atraso criminoso.


A maior mudança virá do homem-homem.


Todo governo só é pleno se governados e governantes assim desejarem.


Ainda nos sentimos pequenos e bichos-homens. Mas as forças maiores, além-mundo, além-entendimento pragmático, indicam os caminhos ao amadurecimento para todos os tipos de passos. Não mais mataremos aqueles que divergirem de nossas idéias; não haverá mais sátiras pela mente ainda infantilizada.


A nossa sociedade, agora globalizada, nasce e morre acreditando que tudo está como está porque é a vontade de Deus. Há fome, há miséria, há crendices, há doenças, há exploração... e o bicho-homem diz: amém!


O tempo está mudando: bicho, bicho-homem, homem-homem...


Com a paciência do historiador, vê-se que as sociedades estão mudando. Chegará o tempo que não pagaremos mais juros com nossas almas, não daremos o dízimo para buscar um lugar à paz celestial, não mais nos entregaremos aos vícios, não mais fabricaremos a bala emissária da morte, nem consentiremos a escravidão e suas formas.


Nem esquerda, nem centro, nem direita. O melhor partido: homem-homem. Precisamos  dar as mãos para crescer, para entender, romper todas as forças que nos faz deprimentes. As diferenças não distanciam, ensinam.


Na vida animal, os gnus aos milhares fazem a trajetória que a natureza indica. Ficam à mercê de apenas algumas dezenas de predadores, porém como os gnus são animais, portanto irracionais, não percebem a força da união, que aos milhares, poderiam facilmente acabar com seus predadores, no entanto, deixam-se capturar. Capitulam. Aceitam a fatalidade. E a sociedade humana comporta-se quase sempre como “gnus”, deixa-se sangrar submissa pela tirania de algumas dezenas de “predadores”. Aceita a fatalidade naturalmente. Não percebe a força que tem. A Índia de Gandhi, sem dar tiros, através da conscientização coletiva conseguiu sair da situação de colônia britânica. Ainda vive suas mazelas, mas já um pouco mais amadurecida. Deu grande passo na  História.

Devemos saber que os homens não são gnus.                      
A Democracia – ainda longe – é a virtude que um dia saboreamos.


Assinado, homem-bicho aspirando a homem-homem. 

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

DORMIR NÃO É MORRER, MORRER NÃO É EXTINGUIR-SE


DORMIR NÃO É MORRER, MORRER NÃO É EXTINGUIR-SE
Nilton Bustamante

Mais que penumbra, era algo pesado. Algo que machucava a vista da minha alma. O negrume não era ação do dia ou da noite, era a moral daqueles do lugar que estava se extinguindo, triste.

Centenas de corpos faziam sexo degradante que envergonhariam a classe dos animais. As emanações vibratórias viravam o estômago.

A estrada era longa, amontoados de corpos se devoravam. A energia era densa, ruim... Percebi que eram irmãos meus dominados por vícios horrendos, seculares.

Há de se ressaltar que o sexo é esplendor. É expressão de vida. É atração, comunhão de sentimentos que atritam a chama dos desejos, é leveza. O sexo, quando limpo, é lindo, é Natureza, divino. Almas encarnadas usam seus corpos, suas extensões e em frenéticos ou delicados gestos se aproximam, se experimentam, se conhecem, se atraem. Mais que para as funções de perpetuar a raça humana, é exercício de amor. Mas, tudo o que o homem deturpa torna-se medonho, torna-se agressivo, constrangedor, perda sobre perda.

Naqueles ares de chumbo, meu olhar mirava por onde eu poderia passar incólume de tantas vibrações terríveis. Quando uma intuição falou dentro de mim, olhei ao alto e comecei a orar. E na primeira emanação, no primeiro balbuciar mental da prece bendita toda aquelas imagens grotescas desmancharam-se como se desmancham uma fumaça diante da ventania ordeira, ou como se o aguaçal em lodo represado é rompido por uma força maior, assim feito uma represa com suas comportas abertas levassem tudo... O fluido do espírito na matéria sendo usado para desmaterializar as formas pensamentos que extrapolavam o tempo da espera, o tempo das oportunidades. A providência divina, na visão superior, sabe de seus planos, de suas ações benditas, que, no fundo, é sempre a favor de todos, todos sem exceção alguma. Mesmo quando somos levados pelas correntezas fluídicas, espirituais, são para despertar-nos do transe da erraticidade que podemos mal acostumados nos encontrar. E se eu naquele instante, naquela circunstância, estava sendo usado pela Espiritualidade, não foi por mérito meu, longe, mas muito longe disso, é que nossos Irmãos são mesmo pacientes e insistem a nos conceder todas as oportunidades de sermos úteis nas transformações e reformas nos campos de Deus.

Continuei a caminhada, alguns obstáculos. Sabia que tinha que seguir avante. Talvez a mesma força  das tartarugas ao romperem as cascas impeditivas de seus ovos que, no primeiro momento parecem cárceres, mas, são proteção e guarida; o invisível as impulsionam mar adentro... Quando eu precisava me adiantar, avançar para ultrapassar meus mares, meus oceanos, cujas distâncias eram imponderáveis, intuíram-me para olhar mais ao alto e vi um par de cabos elétricos, desses dos trólebus. Foi somente pensar e o meu pensamento me conectou aos fios elétricos e disparei em velocidade vertiginosa para um destino que não sabia, nem imaginava. Apenas me entreguei. Confiei, pois sabia que estava em boa companhia. Ao final, ao chegar à minha parada, deparei-me com um menino que tinha um carrinho, desses que se oferecem algo aos pedestres. Meu coração chamou-me, algo iria acontecer de muito significativo para mim, quando, paradoxo, começou uma tremenda e suave chuva de papéis, como se fosse uma festa. Ficou nítido para mim, que eram papéis carregando ‘mensagens’. Vinham de outras esferas. O menino esticou sua pequena mão, pegou um desses papéis, depois outro, e entregou-me. Eram duas cartas escritas. Assim que essas mensagens tocaram minhas mãos soube imediatamente do remetente, sua imagem apresentou-se dentro de mim. Tratava-se do meu melhor amigo dessa encarnação, Rubens de Oliveira, já desencarnado. Foi ele, que, pacientemente, me encaminhou à codificação kardequiana. Pela escrita, a digital de sua caligrafia. Uma alegria tomou-me por inteiro. Lia atentamente – ao mesmo tempo perguntava se lembrar-me-ia depois de tudo quanto meus olhos passavam -, quando somente um trecho ficou gravado da missiva em minha lembrança, consciente, o suficiente para tirar-me a dúvida, para tirar-me o desnorteio que minha alma amargava. Um nome mostrou-se, um nome que eu deveria desviar-me passos e pensamentos. Guardo, agora, como uma bandeira a perseguir. Algo da minha reforma íntima, algo para desviar-me de prováveis descaminhos de ilusórios sentimentos.

Ao despertar na matéria, no “mundo dos homens”, fiquei muito feliz com aquele desdobramento, por saber, mais uma vez, que sou e somos bem acompanhados, que não somos esquecidos por quem nos ama com o amor maior. Na minha lembrança, realmente ficou parte da mensagem, mas, no íntimo do meu ser, do meu espírito, a íntegra há de nortear-me pelas minhas idas e vindas, eternas.

Cada vez mais, fica-me claro: dormir não é morrer, morrer não é extinguir-se.
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Bach
http://www.youtube.com/watch?v=stCKjZniMsQ&

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

JANELAS ABERTAS


JANELAS ABERTAS
Nilton Bustamante

Eu sei, já se falou tanto tanto sobre estrelas
Tanto sobre o amor

Eu sei, escuro de quarto tudo fica apertado
Tudo fica trancado
Mil fechaduras, precisam muito do céu azul
Precisam abrir... Avenidas

Eu sei, há um infinito azul dentro de mim
Ocupa tanto vazio
Eu sei, preciso milhões de letras mundos
Mais UNIversos

Eu tenho um coração tão mal acostumado
Precisa de céu... Vidas

Eu sei, já se falou tanto tanto sobre estrelas
Tanto sobre o amor

É que tenho tantas janelas abertas em mim
Sou mesmo todo vidraça
...

domingo, 7 de novembro de 2010

O MUNDO NÃO SE ACABOU




O MUNDO NÃO SE ACABOU
  Autor:  Nilton Bustamante

Nasce o sol, dourados raios encontram a esperança, o porvir
O que se é humano enxerga pouco melhor
Olhares curiosos invadem almas –  invasão não pede licença
Almas invadem corpos,
E corações pulsam, pulsam mais que vida, pulsam emoções


Vontade de voar
Vontade de sorrir


Chorar porvir, chorar esperança de ser feliz
Feliz sem enganar, nem precisar explicações

Mais que ficar perto, é estar próximo
É entrar um abraço dentro de outro abraço
Que se encontram, que se querem estações


O mundo não se acabou porque ainda pulsam corações...

...


http://www.youtube.com/watch?v=itsI6KxR6g0
Labi Siffre - my song
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DEPOIS DA NOITE AZUL

(foto by Nilton Bustamante Lua em Bragança Paulista, SP, Brasil)
DEPOIS DA NOITE AZUL
autor: Nilton Bustamante

Lua cortada pelas pás do moinho gigante
Quer que eu cante que tudo será diferente, noite virá
Em sonho no meu coração, você e eu
Depois da noite azul...

Quando tudo virá o sol saberá de nós dois
Mãos e almas dadas
Ouvindo o chamado do amor, seguindo o amor…

Depois da noite azul
Viraremos luz e brilho pra todos saberem de nós
Que é preciso se amar
Que é preciso perder o medo de voar,
Que é preciso sonhar pra viver

Meu coração quer que eu cante que tudo será diferente
Que amanhã será melhor entre a gente
Noite virá em sonho no meu coração, você e eu
Seremos somente amor

Lua cortada pelas pás do moinho gigante
Quer que eu cante que tudo será diferente, noite virá
Em sonho no meu coração, você e eu seremos
Estrelas de vidro, depois da noite azul...



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One Day I'll Fly Away - Moulin Rouge
https://www.youtube.com/watch?v=KTzyIICRjP0





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