terça-feira, 16 de novembro de 2010

CELA


CELA
 autor: Nilton Bustamante

Pense em cada esquina uma menina
Que espera, espera perdida
Pense que o corpo fica e a alma voa
Canto qualquer, sequer uma direção

Lamber as vidraças sem menor graça
Ficar tão à toa, se enganar
Que tudo foi lindo, genuíno capricho
Num conquistar vazio, vazio perdido

Bocas que desgarram sem nome não
Decoradas, sem apelidos, com fome
Em tristes trincheiras sem vitórias
Sem memória, sem outra história

Pense que pode ser tudo diferente
Algo mais decente, algo mais próximo
Do amor, ou algo assim
Por favor, pense na possibilidade de outra opinião

Beijar e gozar no dinheiro que vem
Sem vida, teatro imaginário disfarçado
Acreditando ser até feliz
É repetir piada sem graça, que ninguém ri

O que não se diz é que o medo vem
O cru temor da exposição, apenas
Quem está escondido atrás do coração
Tem medo, medo de sair

E a criança que já é homem não cresce
Não cresce, não cresce, e julga ser igual
A tantos outros com copo na mão
Atordoados, perdidos, sem sentido

Sem nexo, quase sempre agredindo o sexo
Ficam sem rumo, sem prumo, sem distinção,
Apenas condenados pela própria opinião
Que tanto faz um corpo boneco
Um corpo vadio amargando a privação

Pense em cada esquina aquela menina
É cada um de nós
É cada um que faz da procura uma cela
Que aprisiona e faz sofrer ainda mais a solidão
E solidão é a distância entre a própria alma e o coração

O calor que se esperava, mesmo de qualquer sol fingidor
Foi apenas solidão, solidão e nada mais





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Skyfall
http://www.youtube.com/watch?v=q-gLRp5bSpw

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