sábado, 23 de agosto de 2014

ESTE TEU RESFRIADO


ESTE TEU RESFRIADO

Autor: Nilton Bustamante

Ah, eu sei deste teu resfriado que não passa,
Desta tosse seca presa na garganta,
Destes açoites,
Estas marcas
Que tu escondes para nenhum outros olhos mais.

Eu te olho e vejo além
De alguma maneira vou pra longe
Onde o tempo fez neblina, fez fumaça
Pra tua lembrança deixar de ser
Esta umidade em teus olhares
Esta melancolia misturada com gozos
Talvez te acostumastes
Talvez até gostastes
Destes cortes, destes calafrios
Que te sobem pela alma, pelos rasgos
Que te fazem naufrágios
Em círculos sem-fim.

Quantos te amaram,
Quantos te desejaram,
Quantos te amaciaram,
Talvez nem tu podes me dizer,
Mas, não vês,
Que chegou a hora
De te entregares,
Alma e corpo amaciados
Pelas mãos do tempo que te trouxeram
Para mim?

E eu agradeço a todos,
E eu mereço,
Tanto que só quero o melhor da vida,
Tanto que rejeito o que não seja abraço,
O que não seja o molhado dos olhares,
Alegres ou tristes,
Mas que sejam sempre iluminados sóis.

Senta aqui, perto de mim
Se quiseres ficaremos agachados para ninguém nos ver...
Deita na grama,
Faz de mim tua cabana,
Tua caverna,
Faremos fogueira,
Jogaremos fora os pijamas
Pra tirar de vez este teu resfriado,
Esta tua tosse seca presa na garganta,
Vamos nos esquentar...
Que a alma não precisa de cobertores, nem de corpos vazios,
Precisa sim, e sempre... de amor

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Dave Thomas - La Noyee solo (Yann Tiersen cover)
https://www.youtube.com/watch?v=FI76sKLMkMU




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terça-feira, 19 de agosto de 2014

DESDOBRAMENTO E PASSIVIDADE



Estimados irmãos em Jesus,
todos nós, encarnados, quando adormecemos para recuperar as energias gastas do nosso corpo físico da jornada anterior, ainda que com a alma ligada ao corpo carnal, seguimos para outros campos de Deus, para angariarmos experiências, aprendizados, e conforme o caso até sermos úteis para alguma finalidade maior. Desses “desdobramentos da alma”, ao acordarmos no mundo dos homens, algumas vezes nos lembramos dessas andanças, outras não... Mas, tudo fica registrado em nosso íntimo!
O que segue é um sincero relato que tivemos, recentemente, em uma dessas oportunidades. A finalidade é um convite para nos levar para certas reflexões em nossos estudos, principalmente, na Casa Espírita...


Título: DESDOBRAMENTO E PASSIVIDADE

por Nilton Bustamante

Após firmar o pensamento e o sentimento de gratidão a Deus, Jesus e amigos da Espiritualidade, largo a nave, meu corpo físico, e sigo por onde minha proteção e irmãos benditos me levar...

Encontro-me em um salão. Há várias pessoas. De alguma forma, sei que me é um tanto familiar. O ambiente pertence a um conhecido médium da cidade de São Paulo, que, no passado, já foi mais ativo em sua mediunidade ao pintar inúmeros quadros, como se fosse um raio que fizesse tudo aquilo, às vezes de forma simultânea, com as duas mãos, quando cada uma delas era “levada” por um Espírito diferente: cada artista comandava a sua própria obra, manuseava o seu próprio pincel. Esses pintores foram grandes em suas épocas de encarnados. Inclusive com o endosso do próprio Chico Xavier, quando recebeu a visita desse médium, quando jovem, há muitos anos.

Pois bem, acabo sentindo uma força, algo quer me fazer impulsionar para a pintura. Eu resisto. Mas, em mim vem à inspiração amiga para que eu devo me soltar, deixar fluir... Logo percebo que outra “self” começa a registrar em meu corpo, outra personalidade, outro temperamento. A fala sai de maneira mais grosseira, sem paciência, reclama dos assistentes, quer saber de “suas” tintas e crayons. Sem hesitar começo a manusear todo aquele material, e, frenético, começo a pintar.

 − Mas, o interessante, que eu não enxergo o que “eu mesmo” pinto nas telas −.

Depois de inúmeros movimentos, essa “energia” afasta-se, assim eu posso me maravilhar com as telas. São imagens de acelerar a alma, de tanta beleza. Duas imagens, diferentes. Uma ao lado da outra. Penso que são duas telas, pois as imagens e temas são diferentes entre si.


E, antes de eu mesmo perceber, novamente essa “energia” vem e me invade e começa tudo novamente. Mais movimentos curtos, sem paciência, como se tivesse muita pressa para fazer brotar da tela branca, o que há por dentro dela. E outra vez, alguns minutos depois, essa influência se distancia um pouco de mim, e eu consigo ver o que foi produzido. Agora, a imagem da esquerda, era a do próprio médium encarnado, muito conhecido, dono daquele espaço físico. Foi pintado magistralmente, com uma aparência bem mais jovem, bem imponente, como se posasse para a posteridade. E a outra imagem da direita, é algo muito interessante: um cenário de flores, campo florido, muito delicado, algo desbotado e ao mesmo tempo de vibrantes tons diversos de azuis, como se isso fosse possível −. Um paradoxo!

Intuitivo, eu olho para o meu lado direito, logo atrás, vem o Espírito, o autor das pinturas, com sua barba rala, nossos olhares se encontram. Reconheço-o imediatamente. Ele, em sua época de encarnado, por suas passagens pelos campos da França, trabalhou arduamente para lidar e entender as novas formas e as almas das luzes. E menos que um piscar de olhos, tempo o suficiente para num impulso me trazerem novamente para meu corpo físico que me esperava em minha cama. Desperto!

Agora, pensando nisso tudo, nessa nossa experiência, o interessante, para mim, foi dar “passividade” ao mesmo tempo em que se estava em “desdobramento de alma”. Algo novo para mim, pelo menos não está na tona do meu consciente. Foi uma sensação que precisamos refletir muito mais para sabermos dos propósitos e das possibilidades na vida espiritual.

Mas, seja o que for, agradecemos a Deus, a Jesus Cristo e à Espiritualidade Bendita, e a outros de boa vontade que nos permitiram experienciar alguns elementos a mais para as nossas íntimas reflexões, para se alcançar um útil propósito.

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Vivaldi
https://www.youtube.com/watch?v=RMHguvZPcqQ&

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segunda-feira, 18 de agosto de 2014

CENTRO DA TERRA


CENTRO DA TERRA

Autor: Nilton Bustamante

Quando os passos ameaçam seguir em frente e amassam o que poderia ser algum mato querendo crescer. Caminhos vão se firmando. Outros passos, de outras gentes, virão, e acharão que foi a melhor escolha...

Tanto que o centro da Terra, fica na espera daquele que quer se aprofundar, um pouco mais, e cada vez mais, conhecendo os odores, sofrendo talvez os frios e os calores, medindo os perigos até atravessar o mundo, para onde se deseja chegar, longe, para um lugar céu azul, um ar mais respirável de ideias, sentido e sentimentos, que não ameaçam quem apenas caminha, quem apenas procura viver...

É preciso amar, é preciso festejar o amor; tanto que faz ao homem imaginar-se outro plano, outro sentido, melhor destino, significado de outras cores, flores das flores, abraços dos abraços, olhares passeando despreocupados em outros mais; pois, o sangue que ainda encharca o solo e as camadas um pouco mais ao fundo, estão recebendo esses ares, esses ventos, essas poesias, esses sentimentos, esses melhoramentos da alma, e já se começa a sonhar, imaginar outros frutos, outras estações...

As grandes almas, nunca desistem do que é o certo, e o certo é seguir em frente, é a própria opinião que desceu ao íntimo, atravessando as próprias profundezas, ao pegar a bengala das incertezas e tatear o escuro do possível e do não conhecido, estender a mão e deixar, como já foi dito outras vezes, o próprio coração, a senha, para que o outro entenda, que não há contenda, que há o desejo da ponte de Luz em fazer o seu adorno entre mentes, entre irmãos.

Ah, tudo passa muito rápido em milhões de luares e sóis, marés dos fluxos e refluxos, os dias caem, um a um, aos punhados, despencam e adubam o presente. Eu sinto que eu preciso seguir em frente, quando os passos ameaçam e amassam o que poderia ser algum mato querendo crescer. Caminhos vão se firmando. Outros passos, de outras gentes, virão, e acharão que foi a melhor escolha. Mas a melhor escolha é de cada um a própria opinião.

Nós que nos encontramos agora, pode ser que seja o encontro de quem atravessou os muros, os desertos, os veios do corpo da Terra, chamada alma, que sentiu os odores, foi perseguido pelo frio, lambido pelos calores, e que chegou do outro lado, com as mão estendida e com a senha que tudo diz, que nada guarda, nem segredos, nem recados, apenas amor.


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Rick Wakeman - ourney to the Centre of the Earth

https://www.youtube.com/watch?v=T9lKYyytc_I



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O AMOR E A NATUREZA HUMANA



O amor ao florir, toda a natureza humana fica mais bonita!

Nilton Bustamante



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CORRENTEZAS



CORRENTEZAS
Autor: Nilton Bustamante

Estar na metade quando o azul é a outra parte
A alma é toda barco deslizando dedos e mãos
Esticando velas, bandeiras e corações

Descer escadas, se soltar das cordas de nenhum lugar
Ir pro fundo quando tudo é céu
Trazer estrelas
Pra não ficar só, jogar fora mapas e travesseiros
Não querer dormir
Seguir correntezas que sabem mais
Onde se está, pra onde se deve ir

Estar na metade quando se está em outra parte
Viajando, ser a própria viagem, solitário barco
Com pouca provisão,
Alguma lembrança, algumas canções
Pra não esquecer o que o sentimento sangrou
E vir passar alto mar sobre a cabeça,
Drummond, Cervantes, Camões, e outros barcos sem nome
Deslizando sentidas tintas, imaginação

E não conseguir mais olhar páginas em branco
Sem que tudo comece a se transformar, virar filme de cinema,
Se deixar nas correntezas, quem sabe onde poderão chegar?...

Ser algo deslizando, vontade de encostar os corpos
Talvez será porto, talvez será a distração de um beijo
Talvez nunca mais, talvez só mais essa vez e outra vez mais
Ou quem sabe o outro lado da solidão e ser feliz
Esticando velas, bandeiras e corações...




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Old World Lies
https://www.youtube.com/watch?v=9nOuvtfs4c4




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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Sérgio Vieira de Mello, diplomata de Deus


Sérgio Vieira de Mello, diplomata de Deus
autor: Nilton Bustamante (19-08-2003 17h17)

Enterrar os vossos filhos, assassinados, como aguentais, oh Pai!...
Chorar pelos vossos filhos, quantas lágrimas mais?
Coração Divino, abrigueis mais essa boa alma, que resgatou um passado, talvez!

Oh, Pai,
Tenhais em bom lugar essa alma diplomata que semeou a paz entre guerras!...
Não deixeis que o peso dos escombros pesem ainda mais sobre os justos!

Oh, Pai, vamos chorar juntos!...

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19-08-2003, 16h40
após o ataque de um caminhão-bomba ao prédio sede da ONU, em Bagdá,
desencarnou sob os escombros.

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http://www.youtube.com/watch?v=k1-TrAvp_xs
Mozart – lacrimosa

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sábado, 9 de agosto de 2014

RÉGUA E COMPASSO

RÉGUA E COMPASSO
Autor: Nilton Bustamante

Quando insistimos nos mesmos destinos, com os desvios dos pesos que carregamos, pesos que nos impedem de vislumbrar o degrau acima, ficamos na mesma roda viva, “nos arrastamos nos mesmos corredores das reencarnações”...

O caminho pode ser “estreito”, mas é sem portas impeditivas, não há trancas, tudo está disponível para nos receber à boa passagem, para outros degraus do Conhecimento. A cada degrau conquistado, melhor enxergaremos parte do todo. E o “todo” começa, para cada um de nós, em nosso próprio íntimo.

Nos raios do sol, abrindo as espessas camadas do negrume das noites, vêm em formas de bem-aventuranças, chamam-nos para despertarmos a esperança e a vontade de mudar o cenário, mudar o quadro, colocam em nossas mãos régua e compasso para medirmos nossos passos, nossas ações, sentimentos e pensamentos; e com uma boa pitada de determinação, seguindo o prumo de Amor que é Jesus Cristo, nosso bom Irmão e Senhor, chegaremos a não mais nos servir da “roda viva”, a não mais nos rastejar pelos “corredores das reencarnações”, pelo menos não mais nesse estágio, nessas ladainhas de pecados, nessas repetidas preces da boca pra fora, sem sair do lugar.

Atitude no Bem no Amor, será o primeiro e o melhor dos passos!

Luz e Paz!

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Vivaldi
https://www.youtube.com/watch?v=yZV4dZuKavM

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CLARISSE



CLARISSE
Autor: Nilton Bustamante

São alguns punhados de minutos depois da meia-noite,
Agora é um nove de agosto,
Outros punhados de anos que chegam aos dois mil e quatorze,
Acordo do sono
Que me levou pra longe, mas, ajuizado, trouxe-me e largou-me
Deitado do jeito que me encontrara no sofá, assim, sem nenhum pudor...

A televisão, sentinela acordada,
Relatando os acontecimentos
− Não poderia ser melhor,
Estava na Cultura −,
Trouxe-me poesia, algo do Vinicius que outrora foi Moraes,
Hoje é apenas “poetinha”, mas esse “apenas” é substancial,
Algo de mérito, algo lindo deslizado em papéis
Que outrora foram brancas pistas geladas, sem vida, sem feminina poesia...

E por falar em poesia,
Presto mais atenção, acordo um pouco mais,
A mulher, com jeito de quem fala para seu amor, com doce sabor
Recita, fala como quem fala sem ninguém ao lado,
Sem se importar,
Sem querer saber o que irão pensar,
Fala como quem fala pros olhos de somente um alguém,
Era Clarisse, que outrora foi Abujamra,
E hoje, agora a pouco, foi “apenas” menina
Que sonhou um dia e acreditou o que sua boca soprada de alma falou...

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Valsa da Ilusão
https://www.youtube.com/watch?v=QQzECfgPRxY&list=PL642B7EFE549BDE30







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