segunda-feira, 18 de agosto de 2014

CORRENTEZAS



CORRENTEZAS
Autor: Nilton Bustamante

Estar na metade quando o azul é a outra parte
A alma é toda barco deslizando dedos e mãos
Esticando velas, bandeiras e corações

Descer escadas, se soltar das cordas de nenhum lugar
Ir pro fundo quando tudo é céu
Trazer estrelas
Pra não ficar só, jogar fora mapas e travesseiros
Não querer dormir
Seguir correntezas que sabem mais
Onde se está, pra onde se deve ir

Estar na metade quando se está em outra parte
Viajando, ser a própria viagem, solitário barco
Com pouca provisão,
Alguma lembrança, algumas canções
Pra não esquecer o que o sentimento sangrou
E vir passar alto mar sobre a cabeça,
Drummond, Cervantes, Camões, e outros barcos sem nome
Deslizando sentidas tintas, imaginação

E não conseguir mais olhar páginas em branco
Sem que tudo comece a se transformar, virar filme de cinema,
Se deixar nas correntezas, quem sabe onde poderão chegar?...

Ser algo deslizando, vontade de encostar os corpos
Talvez será porto, talvez será a distração de um beijo
Talvez nunca mais, talvez só mais essa vez e outra vez mais
Ou quem sabe o outro lado da solidão e ser feliz
Esticando velas, bandeiras e corações...




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Old World Lies
https://www.youtube.com/watch?v=9nOuvtfs4c4




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