terça-feira, 14 de dezembro de 2010

DULCINEA


DULCINEA
autor: Nilton Bustamante

Hoje estou assim, todo madrugada.

Dom Quixote querendo sua Dulcinea abrindo o coração, o sorriso e o que mais desejar.
Mostra o caminho longe de moinhos e dragões.

Afinal, é madrugada, e as madrugadas são para se amar, se desejar. Seja hoje Dulcinea, ah, não importa o nome, não importa a hora, não importa a forma, se a noite é longa como tuas pernas. Ah, eu sei, eu lhe cobicei, eu lhe medi. Seja donzela trêmula não de medo, mas de desejos. Desejos do momento da entrega, porque nada é melhor que a batalha da entrega, festejando a paz, desejando o amor.

Ah, Dulcinea, este sereno da madrugada empina teus bicos, estes bicos de briosa linhagem, aquecidos com meu hálito de sorte; sou homem com fome de mulher amada, vim dos campos longínquos mas não quero dormir, não quero, ah, não quero, não quero... Como dormir, se há tanto por se fazer?

Mostra-me teu ninho, me aconchegue nos teus pelos tão bem cuidados, porque nesta madrugada, nesta noite fará jus a todas as amantes da história, será nosso segredo, será Dulcinea. Mas somente tua alma será na minha, toda doce como indica teu nome, dominadora e voluntariosa como indicam teus olhos, e eu, arrepiado como teus seios, sendo eu brinquedo, teu cavalo.

É madrugada... segue meus rastros.



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