domingo, 19 de dezembro de 2010

PADRE VIEIRA



PADRE VIEIRA
autor: Nilton Bustamante

Quando o padre Antônio Vieira (1608 - 1697) escreveu “O TEMPO E O AMOR”, na essência demonstra o tempo como um agente modificador nos sólidos e nos sentimentos; se construções vultosas foram, com o decorrer do tempo, corroídas, no amor então não se deve por em dúvida que o tempo o destroça, só deixando recordações e não mais uma constante, transforma-o:
o amor que era cego, agora vê;
o coração que era ferido, agora já não sente;
o amor que era tão feroz, amansou;
o amor que antes de tudo era sonho, acordou...

Com todo o meu respeito ao Reverendíssimo Senhor Padre Vieira, fervoroso orador, ou esteve ele em flagrante desgosto quando escreveu esse texto “O Tempo e o Amor”, ou eu sou irremediável crente e sonhador, pois, a meu ver, o tempo poderá corroer as Colunas dos Templos, poderá levar a pó os corpos dos seres vivos, ou ainda levar a lucidez das idéias e das lembranças para o mundo da amnésia. Contudo, o amor não se extingue como não se extingue a Luz; o amor de tão sagrado é lacrado e impermeabilizado de tal maneira que jamais as ações dos relógios poderão danificá-lo. Sofre sim, com o tempo, no homem, o egoísmo, a vaidade, o orgulho, comodismo e outros interesses, que não passam de fantasias, que, erroneamente, intitularam de ‘amor’ - como quem dá um nome qualquer para alguma coisa, roupagem ou alguém nos bailes de carnaval. Nada mais que isso -.

O amor fará parte daqueles que se elevaram a tal sentimento, eternamente. Será a Luz íntima. O amor abre o “terceiro olho”, abre as celas das realidades antes não alcançadas.

O Amor” será Amor mesmo quando os corpos serem outros, depois de virarem pó.
O Amor será Amor mesmo quando as colunas que edificarem, serem outras depois que o mármore também ser pó.
O Amor será Amor mesmo quando não mais o tempo, depois de todos os relógios dos tempos e das horas.

O Amor será Amor mesmo quando desencontrarmo-nos dele.


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