quarta-feira, 17 de agosto de 2016

EM REVISTA!


EM REVISTA!
autor: Nilton Bustamante

Meus sentimentos em  posição de sentido,
passo em revista.
Repasso para marcar presença,
qual é a ausência?

Sinto falta do orgasmo  — não um qualquer — o libertário.

Qual é a culpa da liberdade?
Qual é a liberdade sem culpa?
Quando se está preso sempre sonha com a fuga.

—  A vida não é só gozo, é também desgosto, insistem uns.
— A conformidade teatral é a boa política, insistem outros.

Mas grito que não quero, que não aguento a solidão!
A solidão de um beijo distraído, gemido morto!

Abram-se as janelas, as portas!
Destelhem-se o que nos protegem!
Vamos gritar de cio, nus e sem máscaras!

Dê-me seus seios agridoces, estou com fome!
Para que poupar tanta energia?
Quero tratá-la com indecência agora e um pouco mais além.
Jogá-la às feras que são minhas crias, no circo a impiedade —  sem normas, sem horas.

Não me venha agora mostrar-me o roteiro dos seus deveres.

Para que esconder?
Tire o lenço do pescoço, afinal você não é francesa.
Vão rir de suas marcas pelas ruas e chorar em suas casas, os coitados.
Então sorria largo e desfile...

De uma forma ou outra sempre estamos em revista, então?
E se você gostar.
E se eu não aguentar?

 — Peitos para fora, cabeça erguida, em posição! Vamos nós outra vez...



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Mon Ame Bohémienne
https://www.youtube.com/watch?v=a2-zwe6bFbk


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