EM REVISTA!
autor: Nilton Bustamante
Meus sentimentos em posição de sentido,
passo em revista.
Repasso para marcar presença,
qual é a ausência?
Sinto falta do orgasmo — não um qualquer — o libertário.
Qual é a culpa da liberdade?
Qual é a liberdade sem culpa?
Quando se está preso sempre sonha com a fuga.
— A vida não é só gozo, é também desgosto, insistem uns.
— A conformidade teatral é a boa política, insistem outros.
Mas grito que não quero, que não aguento a solidão!
A solidão de um beijo distraído, gemido morto!
Abram-se as janelas, as portas!
Destelhem-se o que nos protegem!
Vamos gritar de cio, nus e sem máscaras!
Dê-me seus seios agridoces, estou com fome!
Para que poupar tanta energia?
Quero tratá-la com indecência agora e um pouco mais além.
Jogá-la às feras que são minhas crias, no circo a impiedade — sem normas, sem horas.
Não me venha agora mostrar-me o roteiro dos seus deveres.
Para que esconder?
Tire o lenço do pescoço, afinal você não é francesa.
Vão rir de suas marcas pelas ruas e chorar em suas casas, os coitados.
Então sorria largo e desfile...
De uma forma ou outra sempre estamos em revista, então?
E se você gostar.
E se eu não aguentar?
— Peitos para fora, cabeça erguida, em posição! Vamos nós outra vez...
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Mon Ame Bohémienne
https://www.youtube.com/watch?v=a2-zwe6bFbk
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