quinta-feira, 24 de julho de 2014

ALHAMBRA


ALHAMBRA

Autor: Nilton Bustamante

Ah, Alhambra de lindos manchados vermelhos refletindo infinito em seus céus suaves e azuis.

Ah, Alhambra de minha saudade, que por um desses descasos, desses lances fortuitos, fui-me cigano ao exterior longe de Granada, terra sonhada por mim... Mas, amada Alhambra, saibas que não me desfaço das tardes olhando do alto das elevações os verdes sem iguais, e nem de meus pés pelas águas escorrendo geladas querendo me levar para outros sinais, para outras formas de cais...

Ah, Alhambra terra de meus avós, de meus pais, é que te amo tanto, tanto, que chego a ouvir as guitarras em notas mouras pelos canais que somem pela minha alma, por aonde se vai minha emoção que insiste por vezes em ficar e me salgar um pouco mais... Ah, Alhambra a vontade de abraçar tuas paredes, brincar com tuas crianças, tomar do sangue das uvas com os homens em despreocupados entardeceres, andar de esquina em esquina, guardar onde se possa deixar imagens os teus contornos, teus assombros, teus mouriscos riscos e arder com as febres de tuas mulheres...

Canto, canto, canto tuas canções cerrando os dentes, abrindo o coração, que da luta já não se faz mais conta, a entrega agora é outra, a procura é nua, e os dias são curtos; pois, te conheço, te sinto, te escandalizo gritando teus segredos em sussurros pelas ruas, pelos becos... Ah, Alhambra, se te lembrares, manda-me por palomas brancas teus recados, chama-me para teu encontro, é que esse meu sangue, já te falei, é de cigano que monta em pelos, sem rédeas sobre a liberdade e voo; mas escorro pelo tempo toda vez que ouço essa mulher de negros cabelos com a guitarra abraçada entre os braços, entre as pernas, me machucando com essas afiadas notas que me cortam, me despedaçam e eu já não sei o que fazer, se morro ou se sorrio de tanto prazer...

Alhambra, tome um beijo meu, que desde sempre sou completa e indisfarçadamente teu!


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Recuerdos de la Alhambra
http://www.youtube.com/watch?v=Ot95r4LnlGo



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