quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

AZULEJOS AZUIS NO PEITO


   (06/12/2012, 01h06)
AZULEJOS AZUIS NO PEITO    
Autor: Nilton Bustamante

Que ventos estremecem as tuas velas
Em perdidas noites? 
Em cada corte d’águas aventureiras
Pela proa a incerteza de chegar o porto das vontades distantes,
Que gira feito estrela ao alto, que de tudo sabes mas não chega
Às minhas mãos, não cedes a esta minha sedenta oração...

Ai, caravela da saudade!

Traga consigo a jura, destas dos altares
Que não receia 
Nem as ventanias mais bravias nem a mais bruta gente
Que nada sabe deste amor que me singra e sangra
Por inteiro...

Este lenço branco de adeus, que de paz nada me fez, 
Nada me trouxe,
A não ser esta tristeza, esta vontade de chorar Lisboa 
Pelas ruas o abandono, 
Quem sabe alguma canção que ainda possa
Alegrar-me mesmo que por minha tola distração
Sem me dar conta que sou marinheiro
Que segue olhos fechados ao estrangeiro, 
E receia ao próprio coração...

Estes azulejos azuis de mil pedaços em meu peito,
De mil vidas vividas fadadas em minh’alma serem prisioneiras,
É que eu preciso tanto quando estou longe de mim,
Pra eu saber voltar, pra me fazer lembrar
Que tenho um céu, um chão e um amor que deixei pra trás,
Que preciso voltar, 
Não há mar neste mundo de Deus que vença
Este desespero do branco lenço do adeus...

Antes nenhuma gaivota, 
Nenhum sinal de terra ao longe da vista,
Antes um alto sem céu,
Um mar a assustar um aventureiro,
Que um coração de alma marinheira sem uma caravela, 
Sem uma saudade,
Sem um lenço no porto a lançar um adeus, 
Sem um amor pra poder voltar...






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Rafael Fraga: Canto de Amor (Carlos Paredes)

https://www.youtube.com/watch?v=Z8cZJ9uR1XU


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