“AIS”
Autor: Nilton Bustamante
Essas suas frases sempre se iniciando com “ai”,
− sei, eu não deveria dizer, não deveria, mas isso já é provocação, desaforo, é arrepio a quente e a frio –
me faz ouvir outras formas, outros sons,
como quem diz “ai” com rosa vermelha entre os dentes,
geme ardente a dor e pede mais...
Essas suas frases sempre se iniciando com “ai”,
− sei, eu não deveria dizer, não deveria, mas isso já é alucinação, perdição, vinho na taça com sede se insinuando na boca que bebe,
morde o suave que entumece e o que se aprofunda em rio –
me faz pensar outras formas, outros rasgos,
como quem pulsa e se esvai em “ais”, o tempo todo, seguidos “ais”
desses que não saem dos ouvidos,
da cabeça, da seca garganta que engole o que quer esconder...
Talvez seja mesmo o vinho – sim, vamos culpar o vinho, fica mais fácil –
fechar os olhos, passar os dedos por onde a imaginação,
deitar-me no sofá e pelos lados, pelos entornos,
recolhendo todos os seus “ais” e deixando um a um
feito gotas de gelo caírem sobre o quente e frio do meu corpo nu.
"Ai!"
___________________
Asturias
https://www.youtube.com/watch?v=Nx7vOb7GNBg
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Autor: Nilton Bustamante
Essas suas frases sempre se iniciando com “ai”,
− sei, eu não deveria dizer, não deveria, mas isso já é provocação, desaforo, é arrepio a quente e a frio –
me faz ouvir outras formas, outros sons,
como quem diz “ai” com rosa vermelha entre os dentes,
geme ardente a dor e pede mais...
Essas suas frases sempre se iniciando com “ai”,
− sei, eu não deveria dizer, não deveria, mas isso já é alucinação, perdição, vinho na taça com sede se insinuando na boca que bebe,
morde o suave que entumece e o que se aprofunda em rio –
me faz pensar outras formas, outros rasgos,
como quem pulsa e se esvai em “ais”, o tempo todo, seguidos “ais”
desses que não saem dos ouvidos,
da cabeça, da seca garganta que engole o que quer esconder...
Talvez seja mesmo o vinho – sim, vamos culpar o vinho, fica mais fácil –
fechar os olhos, passar os dedos por onde a imaginação,
deitar-me no sofá e pelos lados, pelos entornos,
recolhendo todos os seus “ais” e deixando um a um
feito gotas de gelo caírem sobre o quente e frio do meu corpo nu.
"Ai!"
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Asturias
https://www.youtube.com/watch?v=Nx7vOb7GNBg
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