domingo, 16 de outubro de 2011

HAMLET


HAMLET
Autor: Nilton Bustamante

Por onde singras tua alma
Será a terra, serão os céus?
Avantajas sobre o intrépido verme que se lança entre montanhas em grãos,
Cai em desventuras ausências de miragens da vida e da morte
Porque o tempo é sutil, a espera é cruel.

Vai-te e não te abandones,
Que longas são as horas,
E eternos os sermões entre mil buzinas, em semáforos vermelhos nos azuis
Dos dias e escuros das noites
Das fantasias que chamam teus pupilos em infames promessas
Das mil bocas sem palavras, sem cantil...

Arde a febre, arde o olhar,
Que se entrega em misteriosos desejos na calada da sorte envelhecida, senil,
Sem juízo, no final sem aplauso algum. Ah, tenra castidade, sem morada alguma,
Que te faça a decência, que possa acreditar no leito das ervas dos campos...
Sê meu espanto nesta hora
Tenhas a glória do descanso
Em prolongada e infinita hora em que a mente faz mais outro arroubo, pueril,
Nas vertigens dos enlouquecidos tormentos que se perdem nas movediças
Certezas que de encanto em encanto a história é apenas mais um outro gole...
Sê meu anjo nesta demora
Tu que bem sabes sou mais um que se vai ao longe do tempo algum
Subindo e descendo entre grãos de areias, grãos de terra feito ondas,
Sendo um verme que se faz navio que singra a terra, singra os céus, singra os mares feito pirata tomando na alma o interminável rum...

Ah, tu que me vês Hamlet sem juízo em fúria e vingança da imagem
Que aprisionei, sê piedoso, contemplas com teu coração a esperança
Para eu acreditar em tuas asas e vencer minhas masmorras que se fazem ondas
E me tiram o sono, a coragem e a paz...

Ah, esta imensa união, que não quer se separar, se dividir,
Faz que tu sejas única frase, único nome, sobrenome,
Minha reza, o meu ave em súplica
Único destino que se come pelo rabo, em ciclo sem fim...

Em todas as instâncias,
Em todas as circunstâncias,
Sou tua insônia, e tu nave errante em mim!

...




Hamlet
http://www.youtube.com/watch?v=J2afRrNSgh8


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