terça-feira, 27 de janeiro de 2015

MENSAGEM DE AMOR


Mensagem de Amor 
autor: Nilton Bustamante


Eis que o divino sopro lançou ao longe duas pequenas plumas, duas pequenas sementes repletas de vida. E a cósmica brisa que está além do entendimento humano, cuidou que o destino ao longe fosse lugar certo, e que o tempo fosse outro, para que tudo se alinhasse e houvesse o encontro, o bendito encontro que o divino coração do Criador sonhou nessa trajetória, nesse encontro de Amor.

Um traço aqui, outro acolá, e nesse mapa dos destinos o que parecia distância, foram caminhos, foram correntes das marés de tal maneira e jeito que uma pluma não saberia da outra, mesmo carregando cada qual em si algo que despertaria aos poucos, que a esperança do coração verdadeiramente traria a certeza que em algum momento qualquer se apaixonaria, e como por um encanto em que os sonhos viriam avisar em noites longas de permanências curtas nesses divinos campos separados, quando uma pluma nasce Julieta; e outra, Romeu.

Tanto Julieta, tanto Romeu, haveriam muito que aprender, muito que aflorar seus sentimentos para malharem a ferro e fogo pelo punho firme da vida, pois a preparação de algo maior, superior, há de se ter evolução, aprendizados, aprimoramentos, e a lida dos sentimentos entre seres que versam e atravessam pelas trilhas originais são sempre professores, são sempre alunos, algo por se preparar para melhor amar e servir...

E as vivências em épocas diferentes, com pessoas diferentes, são cuidados que divina natureza nos prepara para o que vai no fundo do coração que ainda não acordou, que ainda não despertou; que não houve o tempo certo, a experiência adequada, quando os abraços são ainda imaturos e que precisam amadurecer para saber o que é encostar um coração no outro e se ouvirem...

Houve-se por aí a expressão que fulano ou fulana está “perdido de amor”, mas, oh libertação das amarras do materialismo das convenções quando os corações se alegram e os olhos já não conseguem mais ver o ser amado sem ameaçar suave tempestade de cachoeiras umedecendo os olhos e fortalecendo os olhares, tornando as cores diferentes, mais limpas, mais vivas, mais sentidas, quando se anda a um palmo acima do chão sem perceber...

Ah, esse gostar que avassala e se torna chama, como explicar, a não ser imaginar as plumas sopradas pelas divinas brisas para darem volta ao cosmo para um encontro mais enaltecido de crescimento e entendimento, para ser semente, flor e servir ao mundo aos bicos dos pássaros, alimento que se termina para muito mais se renovar no propósito do Amor maior...

Ah, o amor que enaltece feito a prece que anima em energia bendita e absoluta, num misto de quase sacrilégio, quase delicado vício... Faz de quem ama pedir, obedecer e se desfazer sem fôlego num misto de gozo e dor, tirando o olhar das grosseiras paredes para perder-se em estrelas pelos céus que se vão em outros livres campos de Deus...

E a um estender de corações e no primeiro encontro dos olhares, distração qualquer, as plumas que vêm de longe longe longe acabam pousando uma ao lado da outra, e os cânticos tornam-se outros, os ventos, o passar das pessoas e das corriqueiras coisas fazem outros movimentos, tudo se torna música, tudo se torna mais sentido, mais bonito... O que era pesado, torna-se leve; o que era árido, torna-se fértil solo; o que era sem tempo algum, torna-se eternidade, e os abraços do passado, errados ou certos, tornam-se outro plano para abrir uma nova manhã, algo que pulsa forte e a vontade de gritar ao mundo que o amor é lindo, que encontrou-se a sua Julieta, que encontrou-se o seu Romeu...

Depois, percebe-se o que era parte desse dia a dia, era quase deserto diante desse novo mundo com tantas possibilidades da felicidade se instalar de vez, e fazer sentido o que um e o outro guardaram para entregarem nessa união marcada nas linhas desse divino mapa, nas almas que se largam e se entregam sem receio algum da dúvida cruel, sem medo algum de sofrer...

E, depois de todas as despedidas, dos muitos desencontros de todas as épocas, vir ao mundo justamente para ser amada, amado, é o sinal esperado para quem busca no alto do céu a estrela mais bonita para seguir na forma que o divino coração um dia sonhou nessa trajetória, nesse ponto do universo, entre duas plumas que vieram de longe longe longe se encontrar no tempo presente, presente de Amor.


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Nota do Autor: homenagem ao casal Luci Mde Carvalho Miranda e  Celso Darwin)

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(música de fundo: .
Alberto Nepomuceno - Suíte Antiga - Ária 
(1864 - 1920, um dos maiores compositores brasileiros, pianista, regente)
http://www.youtube.com/watch?v=UeAfKwIUocw


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