domingo, 27 de setembro de 2015

VIAJANTE DE TODOS OS TEMPOS


VIAJANTE DE TODOS OS TEMPOS
Autor: Nilton Bustamante

Segue um viajante pelo deserto, mas o calor é muito e os imprevistos maiores ainda. Ele não se preparou para a viagem, não se organizou devidamente com mapas, paradas ou previsões. E a fome chegou como chegam todas as necessidades; e a sede se fez como se faz toda aridez, e as pernas se dobraram pelo cansaço, o cansaço que tira as forças de querer continuar, até entregar-se às miragens de uma mente conturbada em tormentos de todas as mazelas humanas, de quem deveria saber das consequências, dos perigos dos sem caminhos... Até que, por alguma razão, por algo que podemos chamar de invisível auxílio de última hora, percebe, o caído, que logo ao seu alcance um oásis... E, uma força o impulsiona. Sem saber como, chega o viajante se rastejando, de joelhos, último esforço, e beneficia-se da brisa suave da sombra refrescante das palmeiras. A água traz-lhe sobrevida e alegria do novo ânimo. Adocica seus lábios e língua com o doce das tâmaras trazendo-lhe o benefício de nova energia. E após voltar a sua razão e melhores condições, organiza-se, e melhor preparado com nova lucidez enfrenta o término da jornada com melhor atino: a boa busca de seu melhor destino.

E da mesma forma, quando segue pela vida, desorientado pelos descaminhos à mercê do tempo, tropeçando pelos imprevistos, sofrendo as (in)consequências de quem não se preparou, castigado pela fome de entendimento, pela sede de sabedoria, sem instrução alguma ou quase nenhuma, sem dar ouvidos a nada e a ninguém, com as pernas bambas de quem carrega os pesos do mundo, o cansaço de uma vida sem sentido, entregue às miragens de uma mente conturbada em tormento de todas as mazelas humanas, preso a vícios seculares que escravizam a todo tipo de perigo, dos sem caminhos...
Até que, por alguma força maior, por algo que pode-se chamar de invisível previdência, percebe, o caído, que logo ao seu alcance um oásis em forma de templo, igreja, centro espírita, sinagoga, instituição religiosa ou filosófica, e algo o impulsiona; pois, sem saber como, chega o viajante alquebrado e logo se beneficia da brisa acolhedora, da sombra refrescante das vibrações das preces regeneradoras das forças psíquicas e espirituais,
e a sede e a fome de muitas respostas são atendidas, e pouco a pouco o doce de novas esperanças trazem o benefício de nova energia.
Após voltar a razão e em melhores condições organiza-se,
e preparado com a imperiosa lucidez enfrenta,
feliz,
o término da jornada com melhor atino,
a boa busca de seu melhor destino:
o encontro com Deus, Pai de Jesus Cristo, Pai de todos nós!
...





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Vivaldi "Et In Terra Pax"


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