sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

TIJOLOS À VISTA

TIJOLOS À VISTA
Autor: Nilton Bustamante

Subir a escada do que penso ser sonho
Somente para ver o longe, somente para ver o perto
Até onde os olhos conseguem ir
Sentir essa liberdade vigiada que insiste em ser asa
Tablado, pedaço de palco, ser lágrima, sorrir

Minha lógica
são ondas, são os arcos das canções
Que eu canto sem perceber
Disco antigo, túnel do tempo, quando acreditei
Em tudo, até em mim,
Até subir degraus e ver esse longe perto
Perguntar sobre o que minha carne sangraria
Por quem minhas lágrimas vibrariam
Com o risco da invasão vinda de longe, bárbaro invasor

Minha alma tijolos à vista
Minha muralha alta
Somente a escada para quem minha irracionalidade de mulher
No doce das vertigens desejar

É mesmo assim:
Enquanto fico vou longe

Mas, lamento, somente vão me saber nos vestígios, marcas deixadas pelo incomum
Do mundo, pelos descaminhos passos de dança, passos quentes, tortos e frios,
Pra um dia saberem também desses suspiros que vêm com a noite
E insistem em ficar pra salvar a própria alma
Enquanto os olhos fecham-se, abre-se o coração em mil ouvidos
Sentir o que não diz a canção
Outra questão, outra paz, outra tormenta
A letra é de quem escreve sua própria ilusão
E eu gemo a minha

Minha alma tijolos à vista
Minha muralha alta
Me faço aos pedaços
No doce das vertigens me entrego

Sou mulher
Ele, invasor, homem com lira e poesia às mãos



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Anna Netrebko - Donde lieta uscì (Giacomo Puccini - La bohème)

https://www.youtube.com/watch?v=jTNC_M_PzFY

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(foto by Lê)

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