quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012



UM GRANDE AMOR
Autor: Nilton Bustamante

“Há sempre algo de ausente que me atormenta”,
Pelas cinzas calçadas, obrigado a parar pelas esquinas,
Esse mistério em cruzar voando os olhares por baixo, por cima,
Perigo tão perto, tanto quanto a alma feminina, das canções,
Que mesmo fazendo pirraça, mesmo sumindo como fumaça,
É ego, é céu, é quem sabe Camille Claudel...


Não sou estátua, nem bailarino,
Essas mulheres com seus corpos nus tomando sol nas bancas de jornais,
Fazem que eu ande ponta dos pés, para disfarçar, pra ninguém ver,
O tanto que meus olhos pedem, lambem, bandidos de mim mesmo,
Fugidios, enquanto os cachorros latem, mandando mensagem,
Sobrando coragem que não tenho...


Um tanto de homem, tanto de menino,
Querendo colo, querendo fantasia, correr de mãos dadas,
Ir por detrás das coisas, por detrás do mundo,
Pra ninguém ver outra vez, o instante de querer, sem evitar os convites,
Suportar todos os apelos, e os cuidados, só pra se entregar, só pra se largar pelo espaço,
Coração sem tamanho e direção...

Ainda que cansado,
Ainda que largado pelo dias e pelo que se buscou,
Tão raras as flores como quem traz o primeiro bilhete falando de amor
Abro as gavetas, como quem procura tudo, como quem procura nada,
E sorrateiro, marco caminho pro seus passos, últimas conseqüências,
Pra se viver um grande amor...
 

.

Nenhum comentário:

Postar um comentário