sexta-feira, 10 de agosto de 2012


ENCONTROS EM OUTRA DIMENSÃO (desdobramento)
    “autor”: Nilton Bustamante

Estava eu em um lugar com muita movimentação de pessoas. Um prédio enorme, desses antigos, muito bonito, com amplos salões. As pessoas vestidas da melhor maneira que podiam se apresentar em sociedade, caminhavam feito flamingos, elegantes. Na escadaria principal, naquele burburinho, vejo a “Palmerinha”, aquela senhora que fez programa de culinária na televisão Gazeta, em São Paulo. Ela toda de branco,  calça comprida, com pregas, colete, e um casaquinho bem ajustado, grosso modo, parecia elegante toureira. Era levada, quase puxada, pela mão, por um homem, mais velho do que ela, cabelos bem brancos. Intuí que era o marido dela. Seguiam escadaria acima. Ela quase perdendo o ritmo dos passos daquele senhor, pedi-lhe, mentalmente, que fosse mais devagar, para não se cansar muito. Ela parou e me atendeu. Ficou descansando. Quando passa por mim, meu amigo de muitos anos do Lions Clube da Lapa-SP, Mário Evangelista, falecido há pouco tempo. Ele sério, sustentando uma criança no braço direito, seguiu ao salão principal. Tudo era muito amplo, chão brilhando, daqueles que parece que acabaram de passar “cascolac”. Acompanhei-o...

Abro aqui um hiato: semanas atrás, eu já o havia visitado, em desdobramento, onde ele recebia salutares atendimentos de várias irmãs, todas senhoras “voluntárias de boa vontade”. Ele me viu e ficou ali, meio sem entender. Eu estava com outro nosso amigo comum, também foi do Lions, Hugo Mariotti, que havia “passado”, falecido. Estava esse necessitado de cuidados, mas, aparentemente encontrava-se em melhores condições, mesmo andando com dificuldades.

Pois bem, ao acompanhar esse meu irmão amigo Mário Evangelista, vem em minha intuição que deveria esclarecê-lo, com muito jeito, com muita atenção e carinho, explicar que ele havia “passado” para outra dimensão, estava morto na carne, falecido no mundo material, porém vivo para sempre em espírito. Então, mentalmente, seguiu um “monólogo” de minha parte: vibrei mentalmente que o seu tempo nesse planeta Terra já havia findado, não lhe era mais permitido permanecer aqui, naquela situação. E continuando, sempre mentalmente, disse-lhe que ele já havia deixado o seu corpo material, físico, orgânico, mas, o seu espírito, energia, era eterno, e que deveria ir, seguir em direção a Deus. E que esse é o movimento que todos nós devemos promover, o caminhar da evolução bendita. Mário parou, não podia acreditar apesar da confiança mútua que sempre tivemos. O salão estava repleto de pessoas, e quando percebi que a dúvida o paralisara eu comecei a orar a Deus em uma língua morta, antiga. E num átimo, na primeira fração da oração, todos do salão desapareceram. Aos nossos “olhos”, permaneceram visíveis naquele imenso salão somente o Mário com a criança em seu braço direito e eu. Esse meu amigo levou um baque tão grande ao perceber que as coisas que eu lhe tentava “dizer”, poderia então ter realmente um fundo de verdade. Neste mesmo instante em que meu amigo encontrava o choque do despertar, fui levado, piscar de olhos, ao encontro do meu pai, falecido há alguns poucos anos...

Outro hiato, aqui: nesse mês ainda, em desdobramento, eu lhe via espiritualmente. Ele, desesperado, queria muito falar comigo. Usava de um telefone. E, esbaforido, dizia que o assunto não era aquele que sempre houve certo abismo entre nós. Ele queria dizer outra coisa, outras falas. Eu tentava tranquilizá-lo, vibrando mentalmente para ele não se preocupar, que poderíamos nos falar, mas, ele teria que se acalmar... Via-lhe de “longe perto”, mas, ao que parece, ele não me via. E assim ficamos.

Bem, ao caminharmos pela rua tranquila, arborizada, dia de sol, casas amplas, parecia ser o Jardim São Bento, perto do Campo de Marte, em São Paulo. Ele me perguntou se eu trabalhava ali, naquele lugar. Disse-lhe que sim. Perguntou-me se meu carro estava ali. Disse-lhe que estava mais adiante – ele sempre me perguntava essas coisas, ou algo parecido. Por fim, estávamos com outras 2 pessoas. Acompanhava-nos. Um parecia ser meu irmão de sangue. Outro, eu sabia bem quem era. Um irmão espiritual, muito bendito. E, novamente, a intuição, a voz em meu íntimo que deveria “despertar” o meu pai, sobre a sua situação, do seu desencarne. E caminhando em passos lentos, fui vibrando alguns esclarecimentos, do pouco que sei. Ele, dessa vez, estava calmo. A tudo ouvia sem precipitações. No mesmo instante em que lhe disse que estava desencarnado, já havia deixado o seu corpo material, havia morrido – para ele entender melhor, um enorme cemitério surgiu em nossa lateral enquanto eu falava, caminhando lado a lado com ele, e aqueles dois silenciosos irmãos. Meu pai olhava o cemitério e foi entendendo –. Disse-lhe que ele deveria seguir com aquele irmão de cabelos brancos que estava ao seu lado, que não era para ele temer, estava indo para melhor lugar, um lugar onde haveria muitas oportunidades em buscar outros momentos de vida de muita felicidade. Ele estaria mais próximo de Deus. E que temos a Eternidade, que ninguém deixa de existir, que ninguém é esquecido pelo Pai. Que o Amor Divino abraça a todos. E, que logo mais, estaríamos juntos, novamente.

Meu pai aceitou, e seguiu com aquele irmão. E à medida que eles foram ascendendo, eu fui à esquerda descendo para retornar à minha morada atual. À medida que os via sumindo, dentro de meu espírito uma dor de saudades rasgava-me e me fazia em dois. Uma parte queria voltar pra matéria, a outra queria seguir com ele. Procurei não chorar para não atrapalhar ao meu pai, em sua nova jornada... Mas, não foi fácil.


...
"Pie Jesu"

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