sexta-feira, 20 de outubro de 2017

DEITADA NO SOFÁ


DEITADA NO SOFÁ
autor: Nilton Bustamante
não preciso respirar para me sentir vivo,
mas respirar é bom
consigo pensar que posso algo que não sei bem o quê
talvez a incerteza, certa ingênua pureza abraçada com as abordagens do mundo
não preciso de asas para voar,
já faço isso com os olhos, com o olhar
não preciso disfarçar, fazer de conta, ser importante
por detrás de cortinas de silêncio para deixar algum mistério,
certo cenário para o estrangeiro ver... e acreditar
sei que pulsa algo e que me deixa vivo,
essa busca, esse seguir por caminhos novos e antigos
não ligo ser seguido por palavras amargas ou tristes, irônicos risos escondidos
de quem não quer ou não sabe andar com a bandeira do amor ao alto,
(é tão bonito ver ao alto a bandeira do amor, parece que o céu fica outro em um momento para logo mais ser estrelas vestindo negro manto que fora todo azul)
mas não preciso de céu nem de estrelas nem do mar nem do mundo
para oferecer
melhor olhos nos olhos, os seus e os meus abraçados em ninhos,
em doces momentos que os ponteiros do tempo não levarão
ouvir os sons carregados, trazidos pelos horizontes que abrimos
pelas linhas que vão-se formando pelos caminhos
decifrando enigmas, nossos símbolos desde os pergaminhos
até tudo virar poeira, e pisarmos firmes e suaves em novas manhãs
o amor é mesmo assim
ficarmos olhando quem se ama deitada no sofá, adormecida
e de alguma forma querer ficar sob essa fina e imensa chuva, tudo
tudo tudo que virou poesia...
.

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