quarta-feira, 16 de maio de 2012


PLANETA DOS EQUILIBRISTAS
 autor: Nilton Bustamante

Quando por algum descuido o que deveria ser equilíbrio da opinião, o equilíbrio do sentimento e da razão se estatelarem desmoronando em distúrbios, o silêncio vem quando deveria ser ao menos por convicção, ou quando o choro das palavras chegam com pedras nas mãos não deixando nada intacto, nada para ser apreciado, nada que possa de bom ser lembrado, quando a indiferença não quer saber do outro e nem de ninguém, às vezes nem de si mesma... Somos nós dessa humanidade no chão.

Quando por algum descuido das relações aviões jogam bombas, quando a agressividade arranha os carros, e a bala perdida encontra qualquer lugar, espalham-se os gélidos bons dias nos elevadores ou diante dos inevitáveis portões... Quando as drogas chegam as almas há tempos encontram-se perdidas em devassidão e aridez, em mil escondidos labirintos... E os olhares já não se encontram mais, os desvios seguem suas angústias, seguem suas cobiças, e as mentiras equilibram-se nas pontas das línguas e os dias tornam-se agulhas espetam o deserto das almas, jorra o vazio...

O que deveria ser delicado, belo, é mais um entusiasmo do beijo que arde e a febre cozinha os miolos, as bocas serão todas; ficar com esse, com essa, mais aquele, mais aquela, numa brincadeira carrossel, mas a febre passa, o que parecia algo corriqueiro, à toa, deixa sequelas, e o vazio jorra mais uma vez, chora-se pelo outro, pela outra, homens e mulheres choram por si, e não mais o alcance de um simples olhar dentro do outro, não mais a confiança do tempo que virá, se será sol, chuva, ou tanto faz...

E as tramas, e as falcatruas dos reis e rainhas em seus imaginários castelos de areia, cenários de seus campos mentais nada serão, nada adiantarão, serão leite fervendo, subindo, subindo, e caindo, caindo apagando o próprio fogo que alimentava a subida... As traças do tempo são vorazes, a Natureza maltratada se refaz por cima dos caídos pelos descuidos. E não adianta gritar, fingir outra vez, maldizer, maltratar, se largar nos penhascos, nem nos abismos, nem pedir piedade, a solidão não é pelos outros imposta, sim pela dó de si mesmo, de si mesma e nada mais.

O equilíbrio do tempo, das horas, dos sentimentos, dos pensamentos, atitudes de cada passo, cada degrau, saber passar pelos vendavais, tormentos, desabamentos coletivos e pessoais, serão os roteiros longos ou passageiros por esse planeta de equilibristas... Será o sentido de tudo e de todos.

Quando por algum descuido o que deveria ser equilíbrio da opinião, o equilíbrio do sentimento e da razão se estatelarem desmoronando em distúrbios, que o silêncio seja ao menos sincera oração, a mesma vibração, sinfonia universal onde tudo termina para logo mais recomeçar.


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