sábado, 30 de abril de 2011

DESARMAMENTO

Libera Angel Voices - http://www.youtube.com/watch?v=YjNrn-ojmPA (assista até o final, lindíssimo!)

DESARMAMENTO
       Nilton Bustamante

Hoje, em nosso país, Brasil, passa-se pelo questionamento sobre desarmamento civil. Como não poderia deixar de ser há os que são favoráveis e os que são contra.

Em nome da defesa da vida e do patrimônio, mentes, olhos e corações sobressaltados armam-se até os dentes de todo “arsenal” de argumentos técnicos, pesquisas, estatísticas, legislações, razões e dúvidas, na grande luta das idéias. Mas, das Alturas Benditas vem a ajuda em forma de um convite para nos esvaziarmos de tudo isso que pesa à alma, de todas essas possíveis dúvidas, de todas essas certezas e incertezas, que passam a ser secundário na busca de um desafio maior, o mais significativo de todas as nossas histórias, de todas as nossas vidas: a construção da não-violência. Até onde a lembrança alcança, as grandes almas que por este planeta pisaram, em épocas diferentes, foram pelo mesmo coro, pela mesma voz, pelo mesmo entendimento, pelo mesmo pensamento: “só podemos vencer o adversário com o amor, nunca com o ódio”; “o ahimsa (amor) não é somente um estado negativo que consiste em não fazer o mal, mas também um estado positivo que consiste em amar, em fazer o bem a todos, inclusive a quem faz o mal”; ou ainda, “Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? - Não te digo que até sete, mas, até setenta vezes sete”.

Desarmar-se do pensamento medroso que há um perigo crescente, concreto, na figura do “fora-da-lei”, das agressões externas de todo tipo e forma; entender através da consciência racional que há um primitivismo a ser desmontado e vencido dentro de nós, para entender ainda que é preciso alcançar o próximo interruptor que está um pouco mais ao alto, para ascender às idéias mais repletas de Luzes e nos libertar da escravidão milenar da defesa, do medo através das armas, que facilmente passam a ser de ataque, conforme as circunstâncias e interesses dos sentimentos mais ocultos, guerreiros, conquistadores, reflexos das sociedades beligerantes em que vivem os homens. Queremos realmente nos armar para defender nossa família e patrimônio ou dar vazão a outros chamamentos da alma?

Sim, é verdade. Você agora provavelmente está questionando que há homens violentos, desumanos, perversos, assassinos, sem consideração a nada e a ninguém. Mas, ainda, sim, e por isso mesmo, é preciso outro tipo de tática, outro tipo de luta, outra postura. Outro convencimento - o convencimento íntimo: vencer o desafeto com amor; quantas vidas forem necessárias em nossa eternidade para tanto. O homem pérfido, que somente se satisfaz na maldade, nunca sairá dessa prisão, desse modo de ser ao mundo se não receber os cuidados saneadores adequados; engana-se aquele que receita que o mal se trata com mal, que tem que se provar do mesmo remédio, que tudo tem que ser olho por olho e dente por dente, ou que gente ruim tem que morrer... As benditas vozes daquelas grandes almas que vieram entre nós e que nos servem de exemplos, entre outras palavras nos ensinam que ao doente o bom remédio para a cura da enfermidade. A miséria não se elimina com mais miséria; a falta de entendimento não se reverte com mais falta de entendimento; a loucura não se refaz com choques elétricos; os crimes não se amenizam com mais crimes; a brutalidade não se extingue com mais brutalidade. O fomento da escravidão, da fome, da miséria, dos crimes e guerras, sempre estará alimentando mentes e corações que não se importam com nada e ninguém, a não ser em atender seus mais escusos interesses, e quase nunca nos apercebemos disso, cantamos e dançamos conforme rituais milenares. Podemos nos perguntar: a instalação do medo, da insegurança, das guerras a quem interessa?

Mahatma Gandhi conquistou a libertação de seu país que estava sob o domínio secular da Inglaterra. E como ele conseguiu tal fato sem dar um único tiro? Provavelmente havia mil motivos para o povo hindu odiar os ingleses, mas não se decidiram pelas armas, mas sim, pela inteligência como companheira. Como um país consegue se libertar da tirania de outro, sem jogar com a guerra como solução? A resposta: conscientização, engrandecimento do esclarecimento!

Gandhi, através da convicção da idéia fortalecida de liberdade, apoiada e unificada pelo povo hindu, teve o brilhantismo em preocupar-se em esclarecer a parcela sofrida do povo inglês, também da mesma forma escravizada pelo próprio Estado dominador. Gandhi fez ver a todos que a luta em todo lugar era uma só, que havia de um lado: povos, pessoas, vidas, oprimidos e da mesma forma escravizados. E de outro: os dominadores, aproveitadores, muito mais selvagens que qualquer animal da Natureza; insaciáveis, brutais, arrogantes, que se alimentam de vidas, sonhos, esperanças e consciências. Fizeram os hindus, campanhas de boicotes, assim como a marcha para o mar, quando milhares de pessoas andaram mais de 320 quilômetros a pé, para protestar contra os impostos sobre o sal. É claro, nos dias de hoje há ainda interferências econômicas e políticas explorando esse mesmo povo.

Antes havia Roma, A Grande Capital, agora há O Grande Capital para dominar os povos de todos os continentes. Mas, é histórico, inquestionável, que já experimentamos várias etapas de “libertação” e de “conscientização”, em toda parte e muito se avança nesse sentido.

O povo consciente de idéias de liberdade, igualdade e fraternidade, não há tirania que resista. A boa “luta” – a não luta -está em marcha.

Então, sobre o desarmamento, é necessário à sociedade organizada conscientizar-se cada vez mais, fortalecer as Instituições para que essas cumpram seus deveres. A miséria, os miseráveis, o medo, o ensino desvirtuado, a corrupção, a roubalheira, os desmandos só existem porque nós, povo, permitimos. Simples assim. Somos parte criadora dessa violência que tanto tememos, que tanto nos enganamos ao pensar que são frutos e ações de outras mãos e mentes.


CONSCIÊNCIA AMPLIFICADA E REFORMADORA: Se todos nós não consumirmos drogas, provavelmente não haverá traficantes. Se não subornarmos, provavelmente não haverá subornáveis. Se realmente nos preocuparmos em atendermos os caídos nas calçadas, haverá menos espinhos e pedras; os caminhos serão mais floridos e agradáveis nas idas e vindas aos nossos lares. Casas com muros, não são bonitas. Homens armados, não são exemplos. Se muros fossem soluções, não teríamos tantas casas fortificadas em condomínios transformados em feudos - não ficaram livres dos crimes. Também nesses lugares há vítimas do mal-viver familiar. A contaminação dos efeitos colaterais do egoísmo humano, do desamor, não respeita cercas elétricas, nem cães bravios, nem circuitos de tevês. Então não é uma questão de muros e armas. Mas de evolução moral e espiritual. Se a mão for estendida para o armistício já será um grande avanço. Se a mão for estendida para aquele que necessita de ajuda – não de esmola -, já será um grande avanço. Se o coração for para o outro coração, já será sublimação. Postura de um crescimento humano, humanístico. Somente dessa forma, fortalecidos em uma moral mais excelsa o homem estará cada vez mais livre, contribuirá para um mundo sem muros, sem divisas, sem armas, sem a imposição de classes e subclasses, sem passaportes, sem fronteiras, onde a felicidade será restituída no bem viver - os homens já estão vivenciando os passos silenciosos de nossa civilização nessa direção, mas ainda não perceberam. Chegará um tempo que o Bem será tanto no planeta Terra que o Mal será inibido tão completamente, a ponto de extinguir-se.

Continuar na postura do Amor e no Bem, ainda que sozinho, ainda que em menor número. Antes ser mártir que assassino. A maioria dos grandes homens foi assassinada, mas nem por isso estava errada; as idéias avançadas dessas mentes brilhantes levarão algum tempo para assimilarmos, mas não estão equivocadas, nem são menores por isso. Nós que ainda estamos pequenos, medrosos e atrasados. Realmente temos dificuldades em vencermos nossos perfis mais brutalizados, arquétipos milenares impregnados de grosserias.

E não cabe a nós, armarmo-nos, não cabe às nossas consciências regredirem nas esferas da evolução. É necessário querer o bom exemplo, querer as chaves que as Grandes Almas nos mostraram, ainda que pesadas ferramentas, ainda que sem jeito para manuseá-las, mas, pela boa vibração, saberemos exemplificar essa máxima: “O método da não-violência pode parecer demorado, muito demorado, mas eu estou convencido de que é o mais rápido” (Mahatma Gandhi).

Houve um homem que foi maior de todos os grandes homens, edificou as mensagens de Paz, Amor, Tolerância, Compreensão do outro... E foi surrado, crucificado e morto na carne, mas suas palavras que são do Espírito sobreviveram e ecoam pelo longo dos tempos até pacientemente alcançar e libertar das ignorâncias torpes todos os homens que ainda não conseguem absorver essas grandezas de idéias.

Desarmar mentes e corações é fortalecer-se na Paz e nas Luzes do Amor!


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