quinta-feira, 28 de abril de 2011

A FORMA E O ÍNTIMO

mozart – dies irae - http://www.youtube.com/watch?v=j1C-GXQ1LdY


A FORMA E O ÍNTIMO
Nilton Bustamante

Dança, dança a dança da aceitação!


Dança, faz teu feitiço, faz tua ginga, faz tua mentira!


Dança, dança a dança da negação!


Dança, faz teu tipo, faz teu agito, faz tua hipnose, faz tua enganação!


Nega, fala tuas falas, diz com tua boca o que não carregas no coração!


Maldita a língua bipartida, com um dos lados aponta pra ganhar a multidão, a outra esconde o sibilar da traição!


Enquanto teus grunhidos são expressões dos teus giros, das tuas danças, das tuas trapaças, ficam teus hieróglifos nos muros pra entreter a ingenuidade da turba que se deixa levar por qualquer coisa, por tudo, por qualquer besteira, qualquer tapeação nas calçadas dos distraídos; mas tu sabes bem o que vomita tua intenção!


Fazes dos teus perfumes as tuas chamas, fazes das tuas tramas, armadilhas, enquanto sugeres o doce, o mel, o açúcar aos olhos hipnotizados dos crédulos que fazem fila; o asco é o azeite de tuas refeições!


Mentiras e mais mentiras! Deixas teus rastros e tuas valas não se contentam mais com um ou dois, querem agora multidões! Descobristes teus gozos, elucubra-te nos longos das noites como há de conquistar, como há de sacrificar tuas vítimas em teus holocaustos! Comes, engoles aos montes, regurgitas homens, mulheres, fotografias, grifes, flashes e quem mais agradar teus caprichos! Ri às escondidas! Tens cólicas dos simples! Acha-te acima do Bem e do Bem! Acredita-te todo poder entre tronos e bastidores!


Tu que clamas as palavras mais doces! Tu que distribui sorrisos e acenos das benesses concessões, podes enganar, podes ludibriar mil vezes mil, mas não será assim o todo do tempo que se vai...


As águas vêm das Alturas pra levar as sujeiras, ai de ti! Ai de ti, vil criatura!


Tu, que em tuas procissões ofereces e entregas aos teus escolhidos o crucifixo de ouro, cravado com duas jóias ao alto: uma verde, outra vermelha; tu que chamas para si todas as atenções samaritanas, barganhas as miragens que os olhos de tuas vítimas querem ou necessitam ver; tu que triunfas em teu reino criado por tua insensatez, não vai além de uma mente e alma desequilibradas, um anjo caído. Mas, ó Leis de Causa e Efeito! Pelos desdobramentos, por todos os meios, a Espiritualidade está clareando aos que têm olhos pra ver, ouvidos para ouvir, saberem o que vai por detrás de tua oferenda, desta tua cruz que mostrava-se ouro vai aos poucos se transformando na cabeça de uma cobra de um olho verde e outro vermelho, picando e cuspindo teus venenos nas mãos dos incautos, dos menos avisados. Esta peçonhenta imagem repleta de feitiços, magias e más intenções que se fez passar por uma cruz, este bendito símbolo por ti usurpado, és teus íntimos sentimentos e pensamentos degredados por ti e oferecidos ao mundo, entrelaçados aos desequilíbrios malditos que te cercam; geram de teu ventre os vermes que te comerão os sorrisos frios, mortos, pálidos, sem vida, sem testemunhas de melhores dias, não porque eu queira, não porque te rogaram as mil pragas, mas, fostes por ti mesmo tua sentença, tua escolha.


Ó, inóspita alma, será que nada mais em teu íntimo que possa modificar-te alguma fibra, uma que for, pra tua redenção?


Ó, tu que vendes mentiras, e entregas aos homens as traições das víboras, saibas, que em tua cruz antes de chegar à Luz, será a cobra, a tua cobra criada a te esperar para o longo dos teus tempos até esgotar-te teus limites, tuas insânias, tuas empáfias; até esgotar-te as filas todas daqueles com mãos e almas picadas, intoxicadas por teus sutis venenos; sugarás até a última gota, até o último receber e aceitar o teu perdão!


...

Este desdobramento leva-nos a refletir que estamos presos nos cárceres das formas, dos exteriores, quando deveríamos ser livres pensadores, expandir nossas consciências para o que se vai no íntimo, conteúdo, para não termos que levar nas mãos - e nem oferecer - cobra, quando, iludidos, pensamos que são apenas jóia em formato de cruz. Que Deus e Jesus Cristo sejam por nós, e nós sejamos por Eles!

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