sábado, 9 de abril de 2011

NOCTURNO


NOCTURNO
Nilton Bustamante

Olhos fechados, olhos fechados, fechados... E nada mais.
Tão pouco reagir.
Tão pouco querer ir além, quanto muito deixar-se fluir, seguir, sentir...
Nuvem passageira dentro do estrangeiro peito.

Olhos marcados, olhos marcados, marcados... E nada mais.
Tão pouco fugir.
Tão pouco ser o refém, quanto muito deixar-se existir, possuir, intuir...
Câmera de gás, balão morte, sobe, ganha vida.

Ah, não mais ser de qualquer jeito
Voar pra qualquer direção que as ondas de vento levar

Em cada fundo dos olhos, estrelas
Em cada suspiro, os sobressaltos
E meu coração, o maior suspeito
Entrega-me ao mundo. Respeito
A tentativa, mas, isso não se faz
Jogar-me sem que para tal me prepare
Num inflar de veias, artérias, emoções...
Voar entre nuvens, entre venturas de balões rosas azuis

Uma vez a vontade, esta vontade gigante às vezes livre,
Outras, apavorantes; outras, intrigantes
Antes do encontro
Mágicas sem chave, eterno segredo que se possa contar

Antes mesmo de conhecer, quero saber quem é esse alguém
Quem é esse alguém que tenho em abrasada tatuagem,
Miragem de andar nu, andar livre abraçado
Com um amor que nunca soube, que nunca foi meu antes
E que agora transcendeu, vem me tocar, me jogar nos abismos e labirintos

Eu espero
Olhos fechados, olhos fechados, fechados...
Para que eu saiba procurar a saída
Usar minhas asas, saber voar balões rosas azuis
E nada mais.

...

Chopin - Nocturno en si bemol menor Op 9 Nº 1
http://www.youtube.com/watch?v=GZbuA7r17uk

Nenhum comentário:

Postar um comentário