domingo, 22 de janeiro de 2012


 
VOZ DE COMANDO     (22/01/2012, desdobramento de alma nr. 1)
 Nilton Bustamante

Do que me é permitido trazer à tona da lembrança ao mundo dos homens, estava eu seguindo por uma serra, bem alta, entre pontes semiconstruídas, ou semidestruídas, onde as falhas num lugar ou outro eram verdadeiras armadilhas abertas para abismos sem-fim. Ao fundo um manto verde de árvores.

Um grande grupo de crianças, quanto muito meninos na faixa de 7 anos de idade, espalhavam-se por esses lugares. Eu tentava organizá-los para atravessarmos sem risco, sem acidente. Aos poucos ficamos agrupados, em trilha. A necessidade era de irmos à frente, sempre em frente. O lugar muito perigoso, pedras pequeninas soltas poderiam nos levar a escorregar fatalmente.

Tudo ia mais ou menos bem, quando um dos meninos corria por um lado a outro, sempre à beira desses buracos, dessas armadilhas horripilantes. Eu o chamava, tentava alertá-lo até mesmo gritava, e nada. Ele simplesmente não me ouvia, aparentemente não queria saber. E rodopiava às vezes nesses locais perigosíssimos. Nada parecia detê-lo. Fazia o que bem entendia. Uma senhora aproximou-se e conseguiu trazê-lo para perto do grupo. Nisso, cheguei diante do incauto menino e exasperado, nervoso, expressei forte e mentalmente: “Por que você não me atendeu? Por que você não atende a ninguém? Não via o perigo que estava correndo?”

De repente, algo insólito aconteceu, coisas que só acontecem nessas outras dimensões: O menino agora era um rapaz, de boina e fardado de roupa própria de paramilitares. Ele estava sentado em uma poltrona, sozinho, nada mais havia, até parecia estúdio de televisão quando se colhe o depoimento de alguém, de algum documentário. Ele respondeu-me, mentalmente, querendo justificar-se: “Eu nunca tive voz de comando”. Nisso, apresentou-se um quadro mental paralelo, conjugado, mostrava ele menino e os seus pais distantes, com seus afazeres que não o incluíram, não acompanharam os primeiros passos do próprio filho na infância. 

Diante do exposto, entendi parte da mensagem, inclusive o porque daquela roupa, dessa inclinação, dessa busca silenciosa que muitos outros estão pela vida, vestidos para a guerra, em suas buscas de preencher os vazios da alma, e, lamentavelmente, acompanhadas de violências de todo tipo à beira de surda loucura e revolta.

Fui retirado, piscar de olhos, deixando para traz aquele jovem, triste e solitário. Acordei com uma instrução a mais, graças a Deus.


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A MENSAGEM       (22/01/2012, desdobramento de alma nr. 2)
Nilton Bustamante

Quando logo me voltou o sono, muito rapidamente, fui levado para uma comunidade na Bahia, originários dos escravos africanos. E no largo da rua, onde se usavam para estacionar ou guardar coisas, eu encostei em um objeto qualquer, não sei identificar o que seria. Nisso, um homem negro veio feroz pro meu lado, ameaçando-me tanto quanto podia. Tentei argumentar algo, mentalmente, mas não conseguia. Comecei a ver um pouco mais amplo e o lugar parecia na verdade um quilombo espiritual com suas tradições. A energia não era boa. Alguém me inspirou – pois nos desdobramentos nunca estamos sozinhos, há muito mais companhia e proteção que podemos supor – e estendi meu braço e levantei a mão espalmada ao céu, entre 70 a 80 graus. E uma energia das alturas benditas me sustentava.

Sem nunca tirar minha mão daquela posição, voltada pro céu, comecei a caminhar e aquele senhor, espantado, agora em silêncio, confuso, me acompanhava. Instintivamente percebi a edificação principal onde ele estava ligado energeticamente, o epicentro espiritual do lugar. Entrei. E foi aparecendo as entidades, seguindo as hierarquias deles, nada diziam, tentavam se opor, mas, sem sucesso, abriam caminho. E fui passando ambiente por ambiente, cômodo por cômodo, diante de tantos outros que vinham, se afastavam mas, me acompanhavam meus passos. Cheguei até onde poderia ir, e diante de uma senhora, que demonstrava ser a principal líder, parei. Ela me mentalizou: “Você é um anjo de Deus?”;  não respondi. Até estranhei pronunciarem o nome de Deus naquele lugar, com aquela vibração tão baixa. Continuei com minha mão estendida ao “céu” e fui para outra repartição. Parei novamente, e mentalizei à mesma senhora, que me acompanhava junto com aquela multidão: “Jesus enviou uma mensagem, gostaria de dizê-la, se vocês me permitirem”. Nisso, senti a resistência vibratória diminuir bastante, aquela “disputa de braço de ferro” que era travada silenciosamente, ficou mais brando. Na minha intuição eles se sentiram respeitados, mas, não por isso menos perigosos em suas inconfessáveis vontades.

Com o aceno positivo da senhora, eu complementei: “Jesus deseja que vocês façam somente o Bem. O mal que se é feito, volta, sempre, para quem o fez”.

Em meu íntimo uma voz me orientou que eu já tinha dado o recado que precisava. Que era pra sair dali o quanto antes. E, dirigindo-me à saída em outra ponta, sem nunca abaixar minha mão, meu elo com a Espiritualidade Bendita que me dava toda a força, energia e sustentação que precisava para tal tarefa, segui para o mundo dos homens. Acordei, com a graça de Deus.


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