quinta-feira, 19 de abril de 2012


GOSTO ESTRANHO

Autor: Nilton Bustamante

Ah, hoje eu não quero mais, não não quero
Não quero nem mais um pedaço, nem mais um trago
Das poeiras cruzando as estradas
Das cegueiras vagando as noites

Ah, hoje eu não quero mais, não não quero
Essa dor, essa vertigem, essa tristeza escorrendo dos horizontes
Não quero ser essa pessoa, essa gente lambendo a fome
De tudo que se ficou esquecido nas gavetas dos armários
 
Agora eu me tranco, bato os pregos, me fecho
Sem chaves, sem fechaduras
Hoje meu coração está sem ternura, não tem espaço
Está apertado no canto do canto outro canto qualquer
 
Hoje eu me torço, minhas asas quebrei todas, larguei ao longe
Estou índio sem descoberta, sem mato, sem abrigo, sem coberta
Estou só no mar de mata sem ver o sol
 
Hoje estou assim, sem lençóis, sem cama, sem céu, sem beijo
É preço alto

Soltar os rios e não poder beijar o mar,
Eu quero é mais, eu quero é mais

Está tudo caos o que deveria ser mais um cais,
O que deveria ser chegada, partida, encontro,
Eu queria apenas ser um outro, outro sonho,
Uma outra explicação...

Mas, não posso mais, não posso, não posso,
Hoje tenho que chorar esse gosto estranho
“Sabor de vidro e corte”...


...

Milton Nascimento
http://www.youtube.com/watch?v=p5k2Kl510b8

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