segunda-feira, 14 de março de 2011

NÓ DO ÓDIO E NÓ DO AMOR


NÓ DO ÓDIO  E  NÓ DO AMOR
   autor: Nilton Bustamante

Certa vez o aprendiz chegou para o seu Orientador com a seguinte questão: “Qual dos nós era o mais difícil de desatar, o nó do ódio ou o nó do amor? Qual o mais forte?”
O Orientador olhou introspectivo e respondeu com outra pergunta: “em sua opinião, qual é a resposta?”

O aprendiz disse-lhe que seria o nó do ódio, ele já lera a respeito aqui ou acolá, e tinha a mesma impressão, pois o nó do ódio tem a persistência do rancor, enquanto o nó do amor possui leveza, certa fragilidade e aceitação à vontade de quem desejasse simplesmente desfazê-lo para seguir seu caminho.

O Orientador ouvindo aquilo abriu a gaveta de um armário de sua vasta biblioteca onde haviam livros e acessórios que eram objetos de estudo e pesquisa e colocou sobre a mesa diante do aprendiz, um nó, esse um nó do ódio. Virou-se como quem procura um livro, um exemplar em mente, enquanto o aprendiz, perplexo, fixava seu olhar sobre aquele nó do ódio. A vibração era horrível. Um negrume limboso e asqueroso afastava qualquer tentativa de se colocar a mão.

Ainda de costas, o Orientador foi dialogando. “Veja com atenção! Perceba que esse nó do ódio é feito de muitas tramas, muitos entrelaçamentos.”

E, na mesma tranquilidade, continuou, enquanto o aprendiz seguia com os olhos:

“O ódio em si é o resultado de muitos descaminhos. A inveja é um desses encordoamentos terríveis quando o homem sente infelicidade diante da alegria alheia. Coloque suas mãos sobre o nó do ódio e não as tire dessa posição. Mentalize o prazer de ver quem você quer bem alcançando um estado de alegria e prosperidade, sinta-se fazendo parte desse sorriso, sinta-se fazendo parte desse coração acelerado de tanto êxtase, sinta-se torcendo e ajudando a perdurar esse momento. É assim que deveremos sentir com toda e qualquer pessoa.”

“O nó do ódio tem a trama do egoísmo, quando nada mais se enxerga no mundo a não ser a si mesmo. Agora continue a sua vibração mental e imagine repartindo um único pedaço de pão para outrem que também está com fome; deixe quem está mais cansado sentar no único lugar disponível; disponha o que aprendeu de interessante para quem ainda não sabe; coloque em suas orações o que não seja só você ou pra você. É assim que devemos sentir com toda e qualquer pessoa.”

“O sentimento de vingança fica remoendo-se em querer vencer todos os ponteiros dos relógios, quer ir além de todos os tempos, alimentando-se da ideia fixa de fazer o mal a alguém, a um desafeto, fazendo de sua mente um laborioso tribunal onde se tem voz somente a condenação, somente as próprias razões, cegamente, sem querer saber ou ver nada além que não seja a motivação da própria fúria. Eis aí, uma das tramas mais encanecidas do sofrimento humano. Agora, ainda com as mãos sobrepostas, pense no perdão, no desprendimento, não se importar quem tem razão, a razão está em perdoar, em entregar a paz para quem oferece guerra; oferecer a palavra cordial para quem grita palavras ásperas; esquecer simplesmente e não mais se importar consigo mesmo, e sim com o bem-estar do outro. É assim que devemos sentir com toda e qualquer pessoa...”

Na mesma paciência continuou, o Orientador:

"Vimos que o nó do ódio não consegue subsistir com as tramas que formam o nó do amor; mas, o AMOR persiste e espera mais que as 'manufaturas' humanas, as 'almafaturas', as obras dos homens em evolução trazerem elementos para reflexões e aprendizados. Mesmo aquele que acha que por inclinações ao mal terá maior dificuldade em desfazer o nó do ódio deverá lembrar que o Amor é essência de Deus e os homens da mesma forma."

E, assim, com cada trama, com cada emaranhado de fios-sentimentos que formavam o nó do ódio, o

Orientador discorria suas lições. E, ainda de costas, suavemente, disse:

“Agora, tire suas mãos de cima do nó do ódio. Diga-me, o que vê?”

E o aprendiz boquiaberto responde:

“Um nó de Luz!”



...
Mozart
http://www.youtube.com/watch?v=vQVeaIHWWck&

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