quinta-feira, 30 de setembro de 2010

FOLHA DE PAPEL


FOLHA DE PAPEL
Nilton Bustamante

Correntezas me levam... Não respeitam minha vontade, nem minhas pernas.

Sou levado ao sabor do vento, sem saber a direção que será, sem saber o que virá.

Sou jogado ao céu feito qualquer coisa que voa. Folha de papel, sem dobraduras, sem arquiteturas, antes fosse pequeno avião, coisa de menino, aproveitaria a viagem...

Sou levado, pensamentos me carregam - já não sei se são só meus - entregam-me, delatam conturbada ventura de um coração que acelera e sofre o risco de sair do compasso. Beijo o espaço tão insólito. Mar em suspensão. E eu espero a chuva, a liberdade das gotas que escapam da prisão, espero, espero, espero ao léu a alegria da fuga.

Ah, antes fosse pequenino avião de papel, abrisse as comportas e de cima da ponte jogasse meus desejos, faria a minha própria chuva, liberdade, escaparia da prisão, e pelas águas em fuga ocupando secos rios me encontraria com você.

Correntezas me levam...


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