sexta-feira, 10 de março de 2017

PREFÁCIO


Prefácio
Sobre a obra “Luz Viva em Novos Sonhos”, de Norberto de Moraes Alves

Escrever é uma responsabilidade com as palavras-universos e seus portais.

Quando fui pela primeira vez na residência do poeta Norberto de Moraes Alves para conhecê-lo em carne, osso e poesia foi um acontecimento marcante, especial para mim. Dessas coisas que a vida não pede licença, nem nos avisa e nos deixa de calças curtas, o chão se vai e não diz quando voltará...

No ambiente elegante − mais elegante ainda o anfitrião −, forma-se outra ponta do triângulo: no alto de um retrato, moldura em forma de cachos de uvas, em madeira, lindo sorriso feminino invade toda a sala. O olhar azul do poeta desbota-se. Lágrimas lavam pouco mais a alma. Fala-me da jovem, fala-me com palavras-universos dos portais do amor.

Começa ali, o meu respeito e admiração pelo ser humano que se tornou poeta há muito. Não se inibiu em emocionar-se diante de um estranho, em primeira visita.

Sentimento jorrando sem disfarces, foi o que presenciei.

− Sim, quando o ser humano deixa de ser pedra e consegue sensibilizar-se a tal ponto a transmutar emoção em algo que se solta, talvez a própria alma, ladeira abaixo, em forma de lágrimas, alquimia, é sua Iniciação para a poética da vida. Emocionar-se em ver, ao longe, o apertado abraço de um casal ao léu; o abrir das pétalas em outros abraços à luz da existência; ficar com o coração apertado com a injustiça; acreditar e tirar os pés do chão sem o medo das alturas, sem se deixar levar na crença do não possível, esquecer-se de todos os limites, trafegar das estrelas aos lábios em segredo, conhecer os códigos das palavras em delicadas tramas de arte, visitando em corajosas bandeiras as partes mais desconhecidas da própria alma... −.
Pois bem, alguns anos se passaram...

Encontrei-me há poucas semanas com o poeta Norberto, outra vez em sua residência, na Cidade da Poesia, Bragança Paulista, SP, (não poderia ser melhor lugar).  Logo pensei: a poesia deve estar lhe fazendo bem; é o que lhe mantém a vida. Aparentemente sereno, mas seus olhos − outra vez os seus olhos −, o denunciavam. Havia inquietude. Chamou-me muita atenção a sua aparência, o seu jeito, pois o “Norba” parecia ser o irmão gêmeo de Dom Quixote, de Cervantes. A elegância, a nobreza, a poesia por alimento, o amor entre dedos, e a coragem de produzir nova obra no auge de seus oitenta e cinco primaveras, primaveras que libertam as flores do frio e na alma a força da Luz Viva em Novos Sonhos.

Li, o boneco do livro, pois, à la “Carta à Garcia”, veio-me o convite em fazer o prefácio.

Tarefa agradável e com grande significado para mim. Uma honra. E, ao passar por cada palavra-universo, cada verso, frases em prosa, eram todas com as delicadas matérias primas de alma livre, alma do poeta de olhos azuis acostumados a se desbotarem a cada sublime emoção. Fiquei tentando seguir o imaginário do autor, repleto de sabedoria daqueles que assistiram os rios dobrarem-se pelas esquinas e sabem de suas correntezas, das partes profundas, o que é perigo e o que é diversão, encantam-se com os reflexos do sol e das estrelas sobre os espelhos de água, como se fora sempre primeira vez... E a cada camada de linhas lidas, as pérolas foram-se amontoadas – tantas − enriquecendo o meu coração de leitor. O que dizer de “Se apesar de tudo, não conseguir marcar de amor minha vida, então não serei capaz de me sentir humano e de me pensar poeta...” ou, “Por que a pressa? A estrada é longa e mal começa.”, e ainda, “Preciso tanto saber de mim”. E nem destaco mais outras preciosidades para não tirar a surpresa dos futuros leitores e dos inúmeros fãs do poeta.

Essa obra que nasce, “Luz Viva em Novos Sonhos”, não é promessa em vão, é a mais nova esperança de se lidar com saudades, amizades, amor possível, possível amor, certos desesperos, alguns apelos, e o mais importante: conhecer “esse caminho de flores azuis” do poeta, Norberto de Moraes Alves.


                                                                                      
                                                                            
                                                                        Nilton Bustamante
                                                                           escritor e poeta

− deixando de ser pedra, após ler esse livro do poeta Norberto De La Mancha de Moraes Alves –





 

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