quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

HOMEM FÊNIX



HOMEM FÊNIX
Autor: Nilton Bustamante

Quando pensei que eu era todo barulho, ruído das multidões,
Turmas dos bares, dos intermináveis shows,
As almas alinhavadas com mil canções,
Eu seguia entrando em mil sorrisos nas selvas dos olhares quentes e frios.

Quando pensei que os meus ouvidos eram ralos do mundo,
Palavras recortadas sem sentido
Seguiam perdidas, esquecidas nas insanas risadas,
Choradeiras vozes cada vez mais altas querendo impor cada qual sua solidão...
Quando fui me destruindo, deixando minhas partes nos caminhos,
Fui me desmanchando até ser sopro,
Uma brisa que foi ventania que buscava − quem sabe − a sua paz.

Hoje sigo em canoa nos encontros com outras ventanias,
Outras sintonias,
Pelos paraísos perdidos em forma de mansos rios...

Hoje sigo pelo ar, asas das aves e dos pássaros,
Sigo pelas águas remansas com os animais,
Dentro dos olhos de pequeninos peixes, em forma de fé...
Hoje balanço no balanço dos rabos dos gatos e dos cães,
Ouço a fala da minha alma que é de tudo quanto antes tão pouco
Ou quase nada sabia eu.

Antes era preciso mil corpos para minha fome,
Hoje apenas um dar de mãos, num gozo que nunca havia sentido igual...
Assistindo a alma do homem virar − quem sabe −
Outra emoção
Outra esculpida oração...

Hoje sou apenas transformação.

...

Fênix - Vercilo

http://www.youtube.com/watch?v=7ezMc8Uvb4I

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