segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Portinari_pipas_1941


PIPAS E HOMENS
      Nilton Bustamante

Quantas vezes reclamamos de insônia?
Quantas vezes o corpo pede descanso e o espírito não consegue?
Quantas vezes reclamamos de solidão?
Quantas vezes o mundo gira e não conseguimos nos relacionar com nosso íntimo?
Quantas vezes sentimos que há algo errado e não conseguimos fazer nada para mudar?
Quantas vezes sentimos que mínimas coisas nos tiram a paz e nos desequilibram?
Quem são os culpados?
Quem ou o quê são os responsáveis por todos esses desgastes em nossas vidas?

Quando vêm as perguntas, os questionamentos, o querer saber, já é hora de se refletir...

O que importa o tamanho da noite se uma nova manhã sempre vem?
O que importa o escuro impenetrável se o sol sempre nos traz um “bom dia”?

À medida que a uma nova manhã chega, o sol traz sua luz em raios saneadores.
Se buscarmos com sinceridade verificamos que está em nosso íntimo as razões da insônia, solidão, tristezas, falta de paz e tantas outras seqüelas.

À medida que novas luzes chegam para nos fazer companhia, verificamos que nas paredes da nossa consciência estão marcas que purgam incessantes vários tipos de venenos. E as ações desses venenos são devastadoras. Corroem a saúde do Espírito e do corpo carnal. Chagas evoluem ameaçadoras, corroem feito os piores dos ácidos criando imensos abismos. Quanto mais vão se apresentando esses abismos, vamos nos distanciando do nosso eixo, do nosso íntimo, pois nossa essência mostra-se doente, torna-se um local minado por fontes venenosas e perigosas.
E as chagas são muitas.

Feito quem faz investigações criminalísticas e olha tudo e a todos com muito atenção e cuidado, principalmente as cenas dos crimes, temos que observar as imagens que estão impregnadas nos porões de nossa consciência. Com isenção e distante da idéia de se buscar desculpas antecipadas, verificamos que a consciência delata que a origem de cada marca criminosa, que purga seus venenos trazendo sofrimentos, tem origem (em menor ou maior escala) em nossas radicais violências de egoísmo, orgulho, rancor, vícios, fanatismo, apegos, mentiras, trapaças, mal querer, vaidade e contrariedades ao Bem e ao Amor. Nas luzes de uma nova manhã não haverão mais dúvidas. Tudo estará à mostra. Somos nós próprios os apontados criminosos responsáveis de todo o caos em nossas vidas. E não haverá contraditas, impugnações. Pois, a acusação virá do nosso próprio íntimo, de nossa própria consciência e de mais ninguém. Não poderemos culpar Deus, nem as pessoas, nem a má sorte. Somos nós os senhores e condutores de nossa felicidade ou infelicidade.

À medida que criamos o caos e um mar de venenos que não é possível navegar, ficamos exilados do nosso íntimo. Distanciamo-nos de nós mesmos. E quanto maior a distância, maior o abismo, maior a solidão, maior o pânico; quanto maior esse distanciamento, maior a depressão. Estaremos enfraquecidos e suscetíveis a todo tipo de desajustes.

Quem poderá pleitear e saborear dias felizes nesses quadros medonhos da alma?

Quando vemos os meninos tentando colocar ao alto dos céus as suas pipas, somente subirão e permanecerão as pipas que estiverem em harmonia com as leis que regem a aerodinâmica. Somente terão êxitos aquelas que estiverem equilibradas, pois ao mínimo desajuste, se possuírem algum peso que se distancie do seu eixo, do seu equilíbrio ficarão “pensas” e nas primeiras brisas, tenderão ao desastre da queda.

E assim é também aos homens. Quando Deus tentar colocá-los ao alto dos céus, e os homens estiverem distantes dos seus eixos, dos seus íntimos e essências, mesmo nos mínimos desajustes com a harmonia das Leis que regem o Amor terão em si pesos que levam ao desequilíbrio, estarão “pensos”, tortos, e nas primeiras brisas da vida tenderão aos desastres das quedas.

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N.A.: texto intuído

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