sábado, 12 de junho de 2010

Le Fabuleux destin d'Amélie Poulain



Le Fabuleux destin d'Amélie Poulain
Nilton Bustamante
Um vinho embarca num gole, uma taça prêmio à vida. Uma coragem que o sangue traz quente, o andar pisando leve, flutua, alamedas de Paris. Atravessa a ponte, águas do rio seguem novos caminhos velhos, pombos voam para a paisagem ser mais bonita, pra não esquecer...

Olhos negros apontam o que o tempo não mais vê. Homem cego na calçada à espera dos braços dados e a inesperada vertigem que as almas querem sentir...
A rua sem os riscos, quando o medo quer perder. Mil vitrines de sons que os ouvidos trazem velocidade de trem em estrada de ferro de criança, trem carrossel que não se perde e vai subindo e descendo montanhas e serras, passando reto em todas as estações, pra não esperar nunca mais...


A moça chanel, olhos negros, flutua em nuvens, traz o ímpeto e o calor que a bengala toca leve, as águas escorrendo pelas sarjetas indiferentes, leva o homem cabelos brancos flutuando nas mesmas nuvens, o mesmo vento nos cabelos, sente a vida no toque mágico da escuridão. A liberdade é um sol que queima suave no rosto na subida das escadas...


Amélie Polain ri da juventude, beija a velhice, cavalo sem corpo no alto do prédio não precisa de cela, nem galope, o galope será ela, Amélie pro homem velho, que dispara passando ao lado do casal que reprisa as flores, a entrega, querendo sentir talvez a mesma emoção que um dia os corações despertaram; um doce, uma faca cortando com carinho a fruta, um caminho, vertiginoso destino, o cachorro sorrindo igual à criança, de olho nos frangos girando assados... Desejos e vontades.


As pessoas de tanto enxergar as mesmas cenas, os mesmos quadros, ficam cegas, não mais vêem... A moça chanel segue seu destino, deixa o homem, corre livre escadas acima, trota e some pelos seus campos, os mesmos campos que estão diante de nós, e, quase sempre ficamos parados nas estações esperando, esperando, esperando... braços dados à espera da vertigem que nossas almas querem sentir mas não diz.


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