segunda-feira, 21 de junho de 2010

TOQUE-ME


TOQUE-ME
Autor: Nilton Bustamante

Toque-me... Ahãnnn, eu sei como é isso... com você.

É sempre assim, é um sentir-se apaixonado.

Olhar dentro dos seus olhos, sentir vindo de sua alma o arrepio que me invade trazendo mensagens secretas de amor.

Eu decoro seu rosto, suas marcas, suas veias, sua delícia é medida que não consigo medir o todo. Tem sempre mais... Pensou que eu não percebia? Pensou que eu não sabia desse seu sorriso contornando o melhor do mundo, dessas suas pintas constelação e seu colo que me faz gemer feito marinheiro que chega ao cais e se agarra no que mais deseja de uma mulher?

Eu fico aqui, madrugada, ouvindo meu coração se queixar, lamentar sua falta... Olho pela janela e vejo o avião passar alto, muito alto, quase imperceptível, pequeno ruído que lembra viagem, lembra encontro, me vejo na janela, lado de fora, sentado na asa, pegando carona, vento gelado no rosto, e corpo todo quente; olho doce o horizonte, cada vez mais perto, perto, até tornar-se belo, belo horizonte do encontro.

Toque-me, porque eu preciso, eu necessito dos seus dedos diminuindo nossas distâncias, fazendo o caminho de amor. Você deixou-se em suas palavras que insistem, me acompanham por aí. Tantas coisas que não me deixam dormir. Eu pensei que era poeta, que podia suportar. Eu estava enganado, não estou aguentando com tanto de você em mim... Tanto assim.


Toque-me... Com seu sorriso, com suas juras, ternuras iguais de menina apaixonada. Abra seu coração para eu entrar de vez, porque eu quero ficar aí dentro, conversando coisas que lembram fantasias de quem acredita no amor, dessas nossas conversas que levam horas, dias, semanas, meses, anos; pois tudo volta no minuto, no segundo, no instante momento dos olhares-encontros, disfarçados sorrisos e impulsos que nos levam pular um no colo do outro, rodopiarmos feitos piões bobos, deixando o mundo girar, girar, girar... até rirmos das tonturas, das vertigens que nos deixam as pernas bambas, sem forças para nos sustentar.

Toque-me, mais uma vez, isto tudo me deixa tonto, eu quero me apaixonar cada vez mais. Asas de pratas, entre montanhas, nossos encontros em aeroportos particulares, nossa liberdade em segredos quase descobertos... Você chora de amor, eu sei. Eu ouvi, eu vi, eu senti. Uma alegria triste, uma tristeza alegre. Então venha, deite-se em meu corpo e se cubra de carinho, porque você é minha namorada, minha mulher amada, que anda comigo pelas madrugadas, tardes, e todas as manhãs... Deite-se no tapete da sala, e voe brincando de odalisca, beijada pelo mercador de sonhos e desejos. Ah, odalisca, que imagem mais adorável, ver repousar em seus seios escravos dos beijos meus, pequena seda azul com linhas espaçadas, prateadas, sem pinturas nas faces, sem disfarces nos olhos, algo desafiador, de quem confia, de quem sabe do seu poder, o poder de me virar ao avesso e não me deixar mais encontrar o meu centro, nem o certo, nem o errado; nem teto, nem chão.


Toque-me... abrindo suas pernas, porque mesmo elas, estão entregues, estão pedindo, se abrindo, se abrindo, até doer, até... Ah, você sabe bem, nem preciso dizer.

Vem meu amor, faça comigo o que bem entender, o que bem desejar, porque eu já não me pertenço mais. Antes eu era somente uma fala, depois de você sou mil línguas, outras sonoridades, outros tons, outras vertentes, outras dimensões, vencendo e chegando às outras fronteiras de outras gentes que fizeram de seus céus algo que há somente amor...

Você entende tudo sem se esforçar, sem se enganar, ah, meu amor, toque-me com seu olhar, com suas promessas, com suas pressas, com seus dengos, todos esses agora são meus melhores tormentos. Toque-me porque eu preciso saber se estou mesmo vivendo essa vida, eu preciso saber se estou mesmo neste planeta em que sumiram todas as guerras, todos os medos, todas as asperezas, todas as avarezas, as incertezas.

Sabe, meu amor, eu preciso, eu preciso, eu preciso do toque seu, para me despertar, para saber se estou em sonho ou se estou em choque. Ah, essa doce vantagem de quem ama simples, deixar-se ir pelas correntezas, pelos rodamoinhos do coração, nos deixa assim com uma vibração diferente, uma confiança no melhor da vida,  abre todos os caminhos, explica todas as questões, faz as pazes com o tempo, começamos a prestar atenção nas letras das canções...

Mas, não, não espero descanso, não espero sossego, nem águas mansas, não espero calmarias, somente espero que a vida me encante e nada mais.



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Al Green- Rainin' In My Heart
http://www.youtube.com/watch?v=fPxp5BRhKWM

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