segunda-feira, 24 de maio de 2010

DOROTÉIA

DOROTÉIA
Nilton Bustamante


Hoje estou assim, todo madrugada.

Dom Quixote querendo sua Dorotéia abrindo o coração, o sorriso e o que mais desejar.

Mostra o caminho longe de moinhos e dragões. Afinal, é madrugada, e as madrugadas são para se amar, se desejar. Seja hoje Dorotéia, ah, não importa o nome, não importa a hora, não importa a forma, se a noite é longa como suas pernas. Ah, eu sei, eu lhe cobicei, eu lhe medi. Seja donzela trêmula não de medo, mas de desejos. Desejos do momento da entrega, porque nada é melhor que a batalha da entrega, festejando a paz, desejando o amor.

Ah, Dorotéia, este sereno da madrugada empina seus bicos como empino meu cavalo de briosa linhagem. Deixa aquecê-la com meu hálito de sorte, com minha fome de homem pela mulher desejada... Ah, não quero dormir, não quero, ah, não quero, não quero... Como dormir, se há tanto por se fazer?

Mostra-me seu ninho, me aconchegue nos seus pêlos tão bem cuidados, porque você nessa madrugada, nessa noite, terá todos os nomes de todas as amantes da história, pra encobrir nosso segredo; será Dorotéia. Mas sua alma será somente a sua na minha, como indica seu nome, dominadora e voluntariosa e eu, arrepiado como seus seios, sendo eu brinquedo, seu cavalo. É madrugada... segue meus rastros.

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