quarta-feira, 7 de abril de 2010

AO MENOS UMA VEZ


AO MENOS UMA VEZ
autor: Nilton Bustamante

Os desejos me perseguem.
Sabe, confesso, mas que posso fazer com as ilusões tecendo vontades − minha alma gosta e meu corpo também.
Essa coisa de tatuar a pele em outra com a quentura, com a fervura da alma explodindo bravura e ternura, sem saber em qual se decidir...

Você me tenta, sem saber.

Seja então atrevida, sem bloqueios. Sussurre que vai acompanhar-me ao portão, e aproveite para levar-me até um esconderijo seu qualquer. Ninguém vai perceber; ponha uma roupa mais leve, ideal para inocentes travessuras. Feche os olhos e deixe acontecer − depois tudo fica mais fácil. É mesmo assim para quem deseja que o amor seja sempre eterno começo...

Corremos sempre o risco de levamos a vida de maneira exageradamente séria, ser “velhos” demais, o tempo todo.

Ah, como é bom o calor do beijo, e a falta de ar que provoca; a mudez das línguas codificando sinais da mímica inquieta e insinuante do amor...

Romantismo faz tão bem, você em meu colo também.

Sem temor, adulta sem idade alguma, nua, molhada tanto que é mesmo febre, sorvendo tudo que sacia, submergindo até o limite, voando por cima até o nariz entupir-se de tanta felicidade, massageando-se em seu ponto mais estrelado, no vaivém que retém a fantasia, que faz o dia mais ensolarado virar suave anoitecer.

De maneira simples quero cuidar de você (carinho, sempre faz bem). Que seja ducha, cachoeira, quero lavar seus cabelos; apanhar a delicadeza e passar em seu corpo; enxugá-la aos poucos, acentuando a pressão das mãos ao passar no que for quase silêncio, procurando a melhor forma do abraço, a melhor forma de nos amar.

Gosto de vê-la sorrir.

Gosto de você rouca, tremendo, subindo sem cordas pelas paredes, parecendo louca, apenas pelo olhar confidenciando o que mais gosta. Serei sempre seu psicólogo sem ética ao tirar vantagens de todas as informações. Não vale a pena valorizar demais expectativas em corresponder; desempenho é para atletas, e as marés são para os amantes. Deixe em paz o seu espelho, eu já fiz isso por você e, acredite, conheço seus ângulos e me satisfaço com o quente de sua alma.

Tanto você bem como eu sabemos que um dia vai acontecer: beijos escondidos, os seus seios despidos transpirando calor e desejos. Eu sei como você é: maravilhosamente diferente a cada dia, a cada momento, flor delicada querendo ser tocada, cuidada.
Quero repetir em você o refrão do Taiguara: “hoje amei e viajei por dentro de uma flor”.

Quero que saiba que a quero sem pressa alguma para nos enamorar, de cabeça boa, sem data nem local. Todos os dias serão sábados, serão domingos. Sem tempo para começar ou terminar.

Uma lareira, vinho, fondue, a melhor lingerie é a própria pele.

Uma praia azul, sol, areia e nossas vontades fazendo companhia.

Os lugares são muitos, as ocasiões são provocadas, porém têm que ser sentido dentro do peito esse frenesi, essa canção de amor...

Permita-se sentir o que o fechar de olhos desejou. É tão bom quando alguém deseja o desejo, queime o fogo, abrace o abraço e se encaixe de forma especial, em forma de ninho. Mas não me use depois para vinganças ou pirraças.

Cada um de nós tem a sua própria vida, seu próprio caminho, destinos paralelos que se encontram no horizonte, nos mesmos travesseiros, no entanto podemos continuar normalmente olhando-nos nos olhos e deixar nossas almas colherem carinhos, sentimentos bons, como sempre foi e deixar a vida continuar seguindo seus próprios caminhos, cada qual sempre amigo e amante riscando o céu com as estrelas nas palmas das mãos.

Não fuja.

Não seja tola.

Não disfarce.

Não vê que não quero fazê-la sofrer?

Feche os olhos quando estiver no silêncio discreto, tire toda sua couraça dos medos, fique como desejar, mas fique nua de qualquer jeito. Pense em mim e percorra com os dedos tentando me encontrar. Aflore o que estiver adormecido, não deixe o amor descuidado. Pegue em suas vontades e junte às minhas que escorrem de meus lábios... Não tenha receio de queimar-se por inteira, sinta o peso que convida o voo, que liberta da cela fria e vazia, e que às vezes chega até pensar que não é possível fugir, libertar-se.

Sou seu cavalheiro a destruir seus fantasmas.

À noite chego a sentir o cheiro, o gosto dos perfumes dos sonhos. Ficar deitado sobre o capô em meio do canavial, desses que não tem fim, protegido sob o manto escuro da noite cúmplice me trazendo você.

Ser tímida agora, nesta fase da vida?

Aproveite; libere-se para tornar a vida mais leve.

Ah! Como quero saber se você já me desejou assim? Diz pra mim! A gente sempre quer saber...

Quando se sentir só ao ouvir uma música, ao olhar as flores, o céu, o nada, e sentir o calor que incomoda, lembre-se que há vida, que há amor.

Estas coisas a gente não escolhe, acontece.

Mas, alerto, o pretexto e a ocasião são engenharias do pensamento. Devo estar ficando cada vez mais apaixonado. Quero vê-la feliz de corpo leve e a alma lavada, livre e nua de caprichos e desculpas.

Vamos tomar um café; andar por aí; falar de nossas alegrias e quem sabe até tristezas; tomar brisa − precisamos de outros ares.

“Eu tenho meus segredos e planos secretos, só abro para você e mais ninguém...”

Vem para mim e não pense em mais nada.

Hoje é vida, é rumba, é Caribe, nos Alpes gélidos da vida séria.

Vem para mim, do meu jeito, assim assim, ao menos uma vez!

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Répondez, S'il Vous Plaît


 







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Moulin Rouge - One day I'll fly away
https://www.youtube.com/watch?v=dOhvfEPV71Q


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