quarta-feira, 7 de abril de 2010

DE OUTRO JEITO

DE OUTRO JEITO
Nilton Bustamante

Ai, esse encanto, esse andar pelo mundo,
Queria todas as suas línguas,
Língua ferina, língua que duela com a minha, língua lambendo mel...
Ai, esse encanto... esse andar pelo mundo,
Queria você toda nua, toda mulher para compensar toda a distância
Para ser seu homem em noites de amor...

Ai, esse encanto, esse andar pelo mundo,
Queria toda sua franqueza,
Amaria beijar todas as suas fraquezas, não sabem mais o que fazem
Ai, esse encanto... esse andar pelo mundo,
Queria todo seu humor, todo seu rancor pelos nossos desencontros
Para ser seu homem em noites de amor...

Ai, esse encanto, esse andar pelo mundo,
Juro, não juro mais, desconjuro
Suas ordens, suas lágrimas, seus insultos, para ficar doce ao seu lado
Ai, não sei mais dizer o que seria de mim
Eu que não consigo mais viver sem, eu que não consigo mais viver sem
Sua existência, sem saber de seu amor...

Pesa sobre mim a acusação que sou poeta,
Por cúmplices o pensamento e a liberdade
Que sou nada de razão, somente impulsos dos irresponsáveis sentimentos
E tudo o que escrevo é por assim dizer palavras simplesmente desenhadas,
Sentimentos contornados pela habilidade do artesão com a pena na mão

Ah, antes eu fosse um rústico marinheiro, a visitar bordéis de cada porto,
A tropeçar em todas as gentilezas alheias, embebedar-me em asperezas,
Arrancar a roupa, morder, comer seu corpo cru, sem chance de sobreviver
Sem chance de você se esconder em seus medos, talvez eu teria uma chance
A chance de lhe amar de outro jeito e não ser entendido como um fingidor...

Nenhum comentário:

Postar um comentário