sexta-feira, 30 de abril de 2010

DOMINAÇÃO

1º Lugar no VII Concurso de Poesias – Promoção O Malhete
ACADEMIA MAÇÔNICA DE LETRAS DE JUIZ DE FORA-MG
Novembro de 2.005


DOMINAÇÃO

Ir.’. Nilton Bustamante

América do Sul, América do pisado Sul.
Pisam em seu solo
Violentam o seu colo.
Correr
Correr sem parar
Correr descalço atrás do sonho esférico
Correr senão a fome, a miséria nos lembra...

América das guerras e guerrilhas
Haverá ideologia para o povo ser feliz?
Pisar Sul
O filho sul-americano para ser ilustre
Tem que lustrar, ser flanela deslizante nos vidros estrangeiros?
É o melhor que se pode fazer?
Descubra-se América para seus filhos.

Externam a América, no noticiário satélite:
A bala guerrilheira
A bala traficante
A bala com fome
A bala com ódio
A bala nada doce
Morte e morte.

No lado Sul da América
Se é coca, toma-se cola que cola
Coloca-se cocar
Come-se batata organizada,
Preparada no minuto certo,
Cortes certos,
Lucro certo, no bolso Norte, destino certo.

Ô verdadeiro índio (silvícola), América.
Ô crioulo, América.
Os primeiros vindos dos primeiros, América.
Nada possuem. Não há bolsos na nudez da miséria.
A peste já vem com os estrangeiros, tributo infame.
É a salvação? É o progresso?
Sim, é o crédito. É o crédito. Amém!

América, Sul da América, América do Sul,
Viva os seus tutores!
Nossos vivas ao tutor governista!
Ao tutor coronelista! Tutor jagunço!
Ao tutor guerrilheiro esquerdista, de direita, “hot-money!”
Tutor traficante! Tutor sindicalista!
Que bom o voluntariado. Viva! Viva!

Ô menino parasitário, barrigudo, pés esparramados no lixo, escuta!
Já preparou as bandeirinhas? Pôs pipa no ar? Vá festejar nossos heróis!
Ao governo, tudo!... Tudo!
À família quinhentista, tudo!... Tudo!
Ao general boina-sul, conta na Suíça, viva!... Viva!
Ao traficante cesta-básica, tudo!... Tudo!
Ao sindicato dos assalariados, patrocínio empresarial, greve!... Depende!

Êta, criança remelenta, quinto-mundo!
Tem que ter computador, “right”? É em prestação, aproveite.
Responda, então, Sul da América: Após tirarem-lhe o minério sul-americano,
Enterrarem os seus filhos nas minas sul-americanas,
Destruírem suas culturas sul-americanas,
Insiste em respirar a fumaça das queimadas dos seus pulmões, para quê?
O que vive ainda dentro de você? Algum filho seu pode responder-me?

América do Sul,
Seus heróis anônimos, mártires,
São em maior número que os Santos inaugurados pela Igreja.
Quantos mais para ressuscitar a Alma Latina?
A morte faz parte da vida e o assassinato, da insanidade.
Limpe os parasitas de seu organismo.
Seja livre de vez!

América das cordilheiras-a-pique
América dos prados e das matas.
América que se discute se seus charutos
São socialistas ou comunistas, se são bons ou maus.
Enquanto isso os capitalistas os fumam
Na roda do prazer, do poder.
E ao povo, as cinzas.

América do quadrante Sul
Terá mais sorte quando pararem de te salvar.
Até agora salvaram seus minérios, seus recursos naturais.
Vão-se comboios até as tampas:
São animais, raízes, folhas, flores, vidas...
Cuidam de sua riqueza com zelo
A pobreza continua intocada, imaculada. Cresce e cresce...

Ô menino! Corre peste, remelento.
Corre atrás da bola e esquece.
Ô menino terceiro-mundista!
Olhe no espelho do rosto do povo
E chore
E reze, e morra.
Mas antes, lembre-se: a prestação do computador, da coca, das batatas tecnológicas...

Ô menino mal-educado!
Reze para que em Marte não tenha futebol.
Reze pelo povo sul-marciano.
Os homens da grande cultura, do poder central,
Estão ensaiando botar os pés em Marte
Para salvar os marcianos terceiro-mundistas de suas riquezas,
É claro!

No grande vôo histórico, interplanetário,
No primeiro foguete já os primeiros tutores:
As igrejas,
Os banqueiros,
As multinacionais,
Os políticos serviçais, entreguistas,
Os traficantes, os guerrilheiros galácticos, os sindicatos...

Êta marcianinho remelento!
Ô peste, verde de fome!
Corra!
Voe!
Fuja da bola!
Não chore!
Ore! Se puder, salve-se!

Não vê, América, que há uma força discreta agindo a favor do mundo?
Não vê, América, que o Universo possui uma Proporção Divina
Que só pode ser por um Grande Arquiteto Do Universo
E que Entre Colunas o Sagrado une o que está acima e o que está abaixo?
Pois o que está Justo e Perfeito é pra ser absorvido e sentido,
E que o pedreiro é livre pra apreender e construir em seu peito
A nascente de um mundo melhor.

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