segunda-feira, 5 de abril de 2010

MILAGRE DA MAGIA


MILAGRE DA MAGIA
 
Autor: Nilton Bustamante

É outra estação no lado de lá, outros trópicos.

Nos olhos meus as últimas gotas do inverno se vão, desgelo de minha alma. E eu não quero o abandono ao qual ameaça minha alma que acredita tanto no amor.
A falta é mesmo desencontro. De tão longe... estações diferentes, sem passaportes corpos distantes apenados à rigidez das regras e acomodações. Ah, essa distância é tão grande, tão medonha, que me tira a paz quando deveria ser um até breve, um até mais...

Queria saber muito, profundamente mais desse milagre, essa magia que me faz ouvir um outro coração, além do meu. Esse meu resfriar nas umidades dos campos de macias penugens douradas sopradas pelo vento. Como pode ser esse arrepio na espinha, frisson daquele que sobe no palco e canta olhando somente para um único olhar entre 100 mil pessoas, daquele que desce em vertiginosos tobogãs pelas ameaçadoras geleiras, e mesmo assim o prazer ser maior a tudo, maior que o próprio medo? Ah, essa coragem em abraçar a poética, abraçar árvores, fechar os olhos ao beijar os lábios marcados pelas sentidas mordidas guilhotinas que me faz perder a cabeça, entregar-me nos horizontes do leito e ofegante permanecer por todo o tempo do encanto e adormecer sem pensar no amanhã, sem se preocupar com o ritmo das horas, nunca mais sentir o medo de acordar...

Sim, é primavera do lado de lá. É outra estação do lado de cá.

Ah, essa magia, esse milagre das estrelas enfeitando os céus, como pode ser esses colares constelações, raios abraçando trovões, chuvas passeando pelas nuvens, pelos ares, esperando o momento de se aventurarem em asas sustentando o voo no mergulho cinza e azul dos mares? Ah, essa magia da lua encantando os corações dos namorados, ah, essa atração dos diferentes polos que se encontram em noite de amor, que nos faz esquecer das dores do mundo, que nos faz ser somente duas estações no vasto mundo de invisíveis seres!...

E o mais lindo, o mais doce dos milagres dessa magia é ver esse chão sob meus inquietos pés sem prumo e sem direção, tornar-se suave e repleto de vermelhas flores trançadas pelos ventos, delicado tapete, só para o amor chegar... e me trazer você em canção, em meus pensamentos que se vão ao longo do tempo repleto de nós dois.


.


.

Nenhum comentário:

Postar um comentário